2 de fevereiro – Festa de Iemanjá em Banco da Vitória
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2 de fevereiro – Festa de Iemanjá em Banco da Vitória

Roberto Carlos Rodrigues
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Por Roberto Carlos Rodrigues

Quem atualmente passa pela Rodovia Jorge Amado e se deslumbra com o leito caudaloso do Rio Cachoeira, nas cheias das marés atlânticas, raramente sabe que nesse atual bairro ilheense, até o final da década de oitenta do século passado, havia ali grandes festejos em homenagem a Iemanjá, a rainha do mar.

Naquela época existiam no antigo distrito de Banco da Vitória, mais de oito terreiros de Candomblé ou centros de Umbanda. Sendo que destes quatro eram bastantes representativos  e atuantes na comunidade.

O terreiro de Dona Eunice Santos ficava na Rua Dois de Julho, onda havia também o centro de Pai Miguel. Perto dali, na atual Praça Feliciano de Assis, havia o quase centenário terreiro de Mãe Licinha. Na União havia o terreiro de Mãe Maria.

Na noite de 1 de fevereiro, se ouvia por toda a localidade os sons dos atabaques que ecoavam na beira do Rio Cachoeira, onde rendiam primeiramente homenagem a Oxum, a dona da água doce e, por extensão, de todos os rios, riachos e cachoeiras.

Mãe Oxum, é uma entidade feminina e vaidosa. Adora presentes como colares, joias, perfumes, espelhos, cortes de seda e todos os tipos de adereços brilhantes.

Nas margens do rio Cachoeira, nas imediações de Banco da Vitória, Oxum recebia tudo que tanto adora e por fim, autorizava a ida dos seus filhos e filhas até as praias de Ilhéus, onde Iemanjá seria festejada.

Meia-noite em ponto, os caminhões repletos de admiradores de Iemanjá, cortavam as ruas de Banco da Vitória. Aos sons ritmados dos frívolos atabaques, se associam vozes de alegres pessoas. Todas festejando a rainha do mar. Todos encharcados de fé e felizes por estarem vivando mais uma vez aquele evento.

O destino de povo festeiro era a praia do Malhado, onde as danças e os cantos duravam até o nascer do dia. Naquele mesmo dia, conforme as vontades das marés, as oferendas eram colocadas em barcos e canoas e esses se dirigiam até a proximidade da Pedra de Ilhéus, onde os presentes eram depositados em um local chamado pelos pescadores de Toca de Iemanjá.

Na boca da noite, os devotos de Iemanjá voltavam para as sedes dos seus terreiros em Banco da Vitória, onde o samba de roda selava os festejos da rainha do mar.

Atualmente não existem mais festejos de Iemanjá em Banco da Vitória e raros são os atabaques que ecoam ritmando os cantos africanos por essa região.

Eu, que sou oriundo da mãe África e preservo meus orixás, saúdo minha mãe Iemanjá:

Odoyá! Odoyá!