Eu mereço?

Acho engraçado quando em conversas escuto algo do tipo “ele merece isso por causa daquilo...”, quando “daquilo” nada tem a ver com “isso”. É a cultura do coitadismo ou da empatia forjada.

Até que me provem o contrário A merece algo mais que B unicamente se ambos partiram em iguais condições e A fez um esforço maior para chegar ao objetivo. E ainda assim acho essa situação amplamente discutível, pois A e B serem previamente iguais em tudo é algo improvável.

Tudo isso para quê? O que motivou esse texto foram as observações da imprensa essa última semana sobre os jogos classificatórios para a Copa do Mundo envolvendo Ucrânia, Escócia e Gales. Esse último ficou com a vaga, mas já no primeiro jogo, quando a Ucrânia eliminou a Escócia o narrador do jogo gritou com todos os pulmões que “a Ucrânia mereceu, pelo que está passando!”.Ora, então a Escócia não merecia ir à Copa por não estar em guerra? E por que não Gales?

Meu ponto aqui, de crítica aos guardiões do merecimento, é que esse exemplo do futebol é apenas mais um nessa seara de comentários e torcidas (normalmente pelo coitado) em comparações em que a situação particular de um dos envolvidos cria essa mentira (minha opinião) de que ele merece mais que o outro.

Nunca vou concordar que um merece mais que o outro por motivos além da disputa individual entre eles. E tenho dito.

PS: Torci para a Escócia e para Gales contra a Ucrânia. E dane-se quem achava que a Ucrânia merecia mais a vaga para a Copa.