Sobre o caso em si, não há o que dizer.
Sobre o caso em si, não há o que dizer. | ||
A morte de George Floyd por culpa de um policial racista é de dar raiva e ódio a qualquer um. E, se esses sentimentos não vêm a você ao ver as imagens, reveja seus conceitos. É o mínimo. | ||
Contudo, quero falar do que é contestável - bastante, inclusive. | ||
Bom, o homicídio foi o estopim para uma onda de protestos de movimentos negros que vêm ocorrendo durante os últimos dias. | ||
Legítimo. | ||
Há muita coisa a mudar no mundo. E o racismo é uma das principais. | ||
Curiosamente, esses movimentos negros, de forma geral, tem um caráter de esquerda. | ||
Apesar de eu ser contra a assimilação da ideia de luta contra o racismo a lado político, a história explica um pouco de como os dois se conectam naturalmente. | ||
De qualquer forma, esse não é o ponto. | ||
Pelo seu caráter ideológico, o discurso desses movimentos sempre foi de que “violência não é a solução” ou “violência gera violência”. | ||
É assim, por exemplo, para pautas como condenação à morte ou combate a crimes (tratamento de bandido). | ||
O que vemos, porém, em grande parte desses protestos é, justamente, a escancarada violência. | ||
É a depredação a propriedades privadas, públicas, carros, ônibus e o que mais apareça na frente desses vândalos. | ||
Trazer esse posicionamento ideológico e esse discurso é fundamental nesse momento - apesar de, “curiosamente”, a imprensa não fazer isso. E o que uma coisa tem a ver com a outra? | ||
A simples inversão do discurso. | ||
Quer dizer, então, que essa narrativa só vale pros outros? | ||
Quando a violência lhes convém, ela é válida? | ||
Dizem por aí: “Nunca vamos entender essa luta; não estamos na pele deles.” Tudo bem. Concordo. | ||
Mas a questão de violência ser aceitável ou não, passa bem longe de cor, gênero, classe social, esquerda ou direita. | ||
Ela é unicamente ética e moral. | ||
E não venha me dizer que não é possível mudar as coisas sem botar fogo em tudo. | ||
A história nos mostra que isso é uma mentira. | ||
Nas décadas de 50 e 60, num dos momentos mais importantes para a conquista dos direitos dos negros, havia duas formas diferentes de protesto, cada uma com uma com seu líder. | ||
Malcolm X achava que a violência era o caminho. | ||
Martin Luther King, por sua vez, apoiava uma luta pacífica. | ||
Vocês sabem bem qual dos dois realmente liderou o fim da segregação racial, e realizou a verdadeira mudança no país - e caso não saibam, lhes digo: foi o segundo. | ||
Então, nesse momento de caos, não relativize a culpa de quem acha que tem o direito de ser como Malcolm X. | ||
Dá pra mudar muita coisa sendo Martin Luther King. |