A inversão do discurso
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A inversão do discurso

Sobre o caso em si, não há o que dizer.

Bruno Costa
3 min
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Sobre o caso em si, não há o que dizer.

A morte de George Floyd por culpa de um policial racista é de dar raiva e ódio a qualquer um. E, se esses sentimentos não vêm a você ao ver as imagens, reveja seus conceitos. É o mínimo.

Contudo, quero falar do que é contestável - bastante, inclusive.

Bom, o homicídio foi o estopim para uma onda de protestos de movimentos negros que vêm ocorrendo durante os últimos dias.

Legítimo.

Há muita coisa a mudar no mundo. E o racismo é uma das principais.

Curiosamente, esses movimentos negros, de forma geral, tem um caráter de esquerda.

Apesar de eu ser contra a assimilação da ideia de luta contra o racismo a lado político, a história explica um pouco de como os dois se conectam naturalmente.

De qualquer forma, esse não é o ponto.

Pelo seu caráter ideológico, o discurso desses movimentos sempre foi de que “violência não é a solução” ou “violência gera violência”.

É assim, por exemplo, para pautas como condenação à morte ou combate a crimes (tratamento de bandido).

O que vemos, porém, em grande parte desses protestos é, justamente, a escancarada violência.

É a depredação a propriedades privadas, públicas, carros, ônibus e o que mais apareça na frente desses vândalos.

Trazer esse posicionamento ideológico e esse discurso é fundamental nesse momento - apesar de, “curiosamente”, a imprensa não fazer isso. E o que uma coisa tem a ver com a outra?

A simples inversão do discurso.

Quer dizer, então, que essa narrativa só vale pros outros?

Quando a violência lhes convém, ela é válida?

Dizem por aí: “Nunca vamos entender essa luta; não estamos na pele deles.” Tudo bem. Concordo.

Mas a questão de violência ser aceitável ou não, passa bem longe de cor, gênero, classe social, esquerda ou direita.

Ela é unicamente ética e moral.

E não venha me dizer que não é possível mudar as coisas sem botar fogo em tudo.

A história nos mostra que isso é uma mentira.

Nas décadas de 50 e 60, num dos momentos mais importantes para a conquista dos direitos dos negros, havia duas formas diferentes de protesto, cada uma com uma com seu líder.

Malcolm X achava que a violência era o caminho.

Martin Luther King, por sua vez, apoiava uma luta pacífica.

Vocês sabem bem qual dos dois realmente liderou o fim da segregação racial, e realizou a verdadeira mudança no país - e caso não saibam, lhes digo: foi o segundo.

Então, nesse momento de caos, não relativize a culpa de quem acha que tem o direito de ser como Malcolm X.

Dá pra mudar muita coisa sendo Martin Luther King.