Corajoso?
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Corajoso?

A brincadeira continuou a mesma, mas agora é ofensa.

Bruno Costa
3 min
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A brincadeira continuou a mesma, mas agora é ofensa.

Muitas vezes, o ofendido nem liga, mas é visto como pobre coitado.

O humorista passou a ser opressor: qualquer palavra é risco de processo.

Estamos em tempo de liberdade de expressão?

Parece que não. A internet trouxe a oportunidade de qualquer pessoa publicar qualquer coisa, a qualquer momento, de qualquer lugar.

“Que maravilha!”, você deve estar pensando.

E, na teoria, isso é bom mesmo. Muito bom, aliás.

Só que nem tudo é tão simples assim.

Vi um caso esses dias que achei curioso. O cara era relativamente conhecido. Era negro. Falava num vídeo sobre o racismo de uma forma que vemos pouco negros falarem.

Era a opinião dele, e não vou entrar no mérito de estar certa ou errada.

Cliquei na publicação, e queria ver a reação das pessoas. Os quatro primeiros eram críticas. Normal. Rodei mais um pouco e logo abaixo só vi comentários positivos.

A grande maioria dos que responderam ali, concordaram. E não era pouca gente. O que achei mais interessante, é que eles tavam o chamando de “corajoso”.

Como um cara é elogiado por ter coragem de estar expondo uma simples opinião dele? Isso era pra ser algo comum.

Nunca vi as pessoas perplexas por um Felipe Neto da vida ter passado a falar de política, por exemplo.

Claro!

É normal falar o tipo de coisa que ele fala. E ele não precisou de coragem pra isso, porque ele respeita as normas dessa “esfera da internet”, e joga o mesmo jogo que ela.

Foi criada a ideia de que só há uma possibilidade de opinião em questões como essa.

Se você não repostar uma hashtag de apoio a um movimento, é um opressor. Se usar determinada palavra, é um opressor.

Começam a aparecer usuários fiscalizando qualquer opinião supostamente “ofensora”. Sinceramente... vão arrumar o que fazer.

As pessoas em geral passam a ter que falar tudo dentro de regras para serem aceitas.

Beira o absurdo. Beira a censura.

Sempre há alguém ofendido... Construção de uma ideia que o mundo está dividido entre oprimidos e opressores.

As pessoas têm uma opinião. Têm o direito de publicá-las. Só que têm medo de serem mal vistas pelo público. Aí temos um bloqueio da liberdade de expressão.

E dessa forma que o cara do vídeo que vi passa a ser um “corajoso” ao falar pro público a opinião dele.

Ele parece um caso raro, mas, na verdade muitos pensam da mesma forma.

Muitos, inclusive, têm vontade de falar, mas a maioria acha que não tem o direito por não estarem dentro de um padrãozinho.

Regras são inventadas. Palavras sem qualquer tom pejorativo viram quase um crime. Dão sentidos a elas sem nem saber a origem das mesmas.

Mulato não vem de mula.

Denegrir não vem da cor da pele.

Um amigo chamar o outro, na brincadeira, de gordo é ofensa desde quando?

"Negão" não ofende. O que ofende é o contexto que você insere ou não essa palavra.

Pelo amor de deus… entendam brincadeiras e piadas.

Parem de achar que se falarem de um problema do mundo de forma diferente da que vocês vêem, o cara está necessariamente errado.

Acaba com essa ideia de que em tudo há um tipo de preconceito envolvido.

Parem de mimimi. Vocês tão deixando a vida chata.

Tão tentando evitar violência dizendo que tudo é violência.

Estão fazendo censura disfarçada de combate ao preconceito.