A brincadeira continuou a mesma, mas agora é ofensa.
A brincadeira continuou a mesma, mas agora é ofensa. | ||
Muitas vezes, o ofendido nem liga, mas é visto como pobre coitado. | ||
O humorista passou a ser opressor: qualquer palavra é risco de processo. | ||
Estamos em tempo de liberdade de expressão? | ||
Parece que não. A internet trouxe a oportunidade de qualquer pessoa publicar qualquer coisa, a qualquer momento, de qualquer lugar. | ||
“Que maravilha!”, você deve estar pensando. | ||
E, na teoria, isso é bom mesmo. Muito bom, aliás. | ||
Só que nem tudo é tão simples assim. | ||
Vi um caso esses dias que achei curioso. O cara era relativamente conhecido. Era negro. Falava num vídeo sobre o racismo de uma forma que vemos pouco negros falarem. | ||
Era a opinião dele, e não vou entrar no mérito de estar certa ou errada. | ||
Cliquei na publicação, e queria ver a reação das pessoas. Os quatro primeiros eram críticas. Normal. Rodei mais um pouco e logo abaixo só vi comentários positivos. | ||
A grande maioria dos que responderam ali, concordaram. E não era pouca gente. O que achei mais interessante, é que eles tavam o chamando de “corajoso”. | ||
Como um cara é elogiado por ter coragem de estar expondo uma simples opinião dele? Isso era pra ser algo comum. | ||
Nunca vi as pessoas perplexas por um Felipe Neto da vida ter passado a falar de política, por exemplo. | ||
Claro! | ||
É normal falar o tipo de coisa que ele fala. E ele não precisou de coragem pra isso, porque ele respeita as normas dessa “esfera da internet”, e joga o mesmo jogo que ela. | ||
Foi criada a ideia de que só há uma possibilidade de opinião em questões como essa. | ||
Se você não repostar uma hashtag de apoio a um movimento, é um opressor. Se usar determinada palavra, é um opressor. | ||
Começam a aparecer usuários fiscalizando qualquer opinião supostamente “ofensora”. Sinceramente... vão arrumar o que fazer. | ||
As pessoas em geral passam a ter que falar tudo dentro de regras para serem aceitas. | ||
Beira o absurdo. Beira a censura. | ||
Sempre há alguém ofendido... Construção de uma ideia que o mundo está dividido entre oprimidos e opressores. | ||
As pessoas têm uma opinião. Têm o direito de publicá-las. Só que têm medo de serem mal vistas pelo público. Aí temos um bloqueio da liberdade de expressão. | ||
E dessa forma que o cara do vídeo que vi passa a ser um “corajoso” ao falar pro público a opinião dele. | ||
Ele parece um caso raro, mas, na verdade muitos pensam da mesma forma. | ||
Muitos, inclusive, têm vontade de falar, mas a maioria acha que não tem o direito por não estarem dentro de um padrãozinho. | ||
Regras são inventadas. Palavras sem qualquer tom pejorativo viram quase um crime. Dão sentidos a elas sem nem saber a origem das mesmas. | ||
Mulato não vem de mula. | ||
Denegrir não vem da cor da pele. | ||
Um amigo chamar o outro, na brincadeira, de gordo é ofensa desde quando? | ||
"Negão" não ofende. O que ofende é o contexto que você insere ou não essa palavra. | ||
Pelo amor de deus… entendam brincadeiras e piadas. | ||
Parem de achar que se falarem de um problema do mundo de forma diferente da que vocês vêem, o cara está necessariamente errado. | ||
Acaba com essa ideia de que em tudo há um tipo de preconceito envolvido. | ||
Parem de mimimi. Vocês tão deixando a vida chata. | ||
Tão tentando evitar violência dizendo que tudo é violência. | ||
Estão fazendo censura disfarçada de combate ao preconceito. |