Farinha do mesmo saco, "zero um"
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Farinha do mesmo saco, "zero um"

Na época do auge dos escândalos de corrupção, quando virou normal se ter presos por desvio de verba pública, passou a ser muito discutido o tal foro privilegiado.

Bruno Costa
3 min
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Na época do auge dos escândalos de corrupção, quando virou normal se ter presos por desvio de verba pública, passou a ser muito discutido o tal foro privilegiado.

Bom, você deve saber o que ele é, ou, ao menos, ter ouvido falar...

Ele faz com que a maioria das pessoas com cargos públicos relevantes (maioria políticos) tenham uma condição especial para serem julgadas caso necessário - e, infelizmente, quase sempre tem sido.

Esses julgamentos “especiais” são feitos por tribunais superiores e não pela justiça comum, com o motivo, à princípio, de proteger as funções que elas exercem.

Mas o que acontece de verdade a gente sabe, né?

Pelo motivo dos tribunais superiores terem um processo ainda mais lento ao da justiça comum, que já é extremamente lento, se gera uma impunidade exatamente sobre aqueles que decidem pra onde vai o nosso dinheiro.

É quase que a legislação dizendo pra eles: “Façam a festa”.

Pois é. O foro passou a ser a ferramenta para que sejamos roubados pelos queridos “representantes do povo” sem eles nem hesitarem.

Por isso, ele passou a ser muito questionado nesses últimos anos, e o discurso contra esse e outros privilégios ganhou força.

Dessa forma subiu Bolsonaro ao poder. Alegando defender o fim da ‘mamata” dos políticos.

E, assim também, levou sua família junto: zero um, zero dois, e zero três… Todos com o mesmo discurso.

Hoje, com um ano e meio de mandato, a ilusão daqueles que acreditavam numa mudança passa a ser a cada dia mais clara.

A hipocrisia está cada vez mais presente. Para não entrar em todas as contradições, vamos deixar, por enquanto, só na questão do foro.

Flávio Bolsonaro é o motivo da vez. A polícia investiga vinte gabinetes do último mandato da Alerj (entre 2014 e 2018) e o do filho do presidente está entre eles.

Há muitas burocracias para um julgamento… mas resumindo, como a investigação se refere a um mandato passado, ele não teria mais foro privilegiado, pois agora é senador e não mais deputado.

Contudo, a defesa dele afirma que a investigação tinha começado antes dele deixar o cargo.

Que seja.

A questão não é essa. A questão é o discurso ter simplesmente desaparecido.

Olha só quem é que está implorando pelo tal foro agora...

Tendo direito ou não a ele, não seja hipócrita, “zero um”.

Cadê o discurso de dois anos atrás?

Não era você que defendia o fim do foro privilegiado? Me avisem se eu estiver enganado.

É o famoso: “é um absurdo, mas se for comigo não é tão absurdo assim”. Contradição atrás de contradição. Exatamente como 99% dos que estão no poder.

Quem não deve não teme… E, pelo visto, é mais um que deve.

Mais um da mesma laia.

Farinha do mesmo saco, infelizmente.