Por que os jogos são tão viciantes?
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Por que os jogos são tão viciantes?

O termo “jogo” vem do latim “jocus” que significa brincadeira. Desse modo, o jogo nada mais é que uma atividade física ou intelectual formada por um conjunto de regras, que define um indivíduo ou um grupo como vencedor e o outro como perdedor...

Karol Attekita
3 min
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O termo “jogo” vem do latim “jocus” que significa brincadeira. Desse modo, o jogo nada mais é que uma atividade física ou intelectual formada por um conjunto de regras, que define um indivíduo ou um grupo como vencedor e o outro como perdedor.

Na atualidade, conhecemos principalmente dois tipos de jogos, aqueles tradicionais de videogame (console), que são jogados por um jogador (ou dois) e que geralmente envolve um objetivo e uma missão clara, o outro tipo está associado a jogos multiplayer online, que costumam ser jogado com outras pessoas. Isso faz com que o indivíduo construa um relacionamento com outros jogadores online, até mesmo como uma fuga da realidade. 

É claro que designers e programadores criam jogos no intuito de que sejam mais desafiadores e também para manter os jogadores ligados, mas por que os jogos são tão viciantes? Acredito que muitos aqui, que gostam de jogos e estão lendo esse artigo, já devem ter ouvido falar sobre gamificação, que consiste no uso de técnicas de design de jogos utilizando mecânicas e pensamentos para enriquecer contextos diversos. E não é atoa que essa abordagem é utilizada para promover engajamento. 

Essas técnicas e abordagens aplicadas em jogos, tem o papel imprescindível para tornar os jogos tão viciantes. Existem vários recursos populares para exemplificar a aplicação desses conceitos, nesse artigo, vou citar 5 desses recursos. 

O primeiro deles são medidores de progresso, que consiste na ideia de mostrar a evolução do jogador em um determinado contexto. Saber sua evolução funciona como uma auto-recompensa, e muito além disso, o jogador tem a visão de quanto ainda pode evoluir, o que gera um certo desejo/curiosidade extremamente poderoso para o engajamento.

As conquistas, comumente chamadas de achievements, são uma maneira de dar ao seu jogador um prêmio por concluir alguma tarefa. Esse simples mecanismo de recompensa proporciona esse sentimento gratificante de conquista e satisfação. A verdade é que na vida não temos feedbacks constantes dos nossos avanços e quando trazemos isso para o universo dos jogos, essa questão lúdica acaba ganhando ainda mais poder. Quão bom é sentar em seu sofá depois de um dia exaustivo no trabalho e ganhar uma recompensa no seu jogo favorito? Prazeres pequenos, porém engajantes. 

Quando levamos isso ao caráter social, que muitos jogos possuem hoje, também existe um apelo acumulador acerca dessas conquistas. Instigar a competição entre os jogadores, para que gere o sentimento de ser melhor do que o outro. Pode parecer vaidade, mas é realmente isso (risos)! Em defesa dos jogos é preciso lembrar que a competição é algo que está na nossa sociedade como um todo.

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Na verdade, os rankings são um bom exemplo de instigar a competição e o replay daquela fase. Através dele, temos uma representação visual dessa competitividade, e isso estimula os jogadores a se esforçarem mais para ultrapassarem uns aos outros. Se pensarmos dessa forma então, temos um ciclo sem fim, totalmente viciante.

O caráter social também nos levou a um desejo consumista que foi incorporado pelos jogos, através das moedas próprias. O jogo se torna um universo paralelo, reproduzindo algo que gera muito prazer em nossa sociedade capitalista, comprar e adquirir itens. Muitos jogos usam desse recurso para promover o desejo e fazer com que jogadores passem cada vez mais tempo jogando e gastem cada vez mais em recursos.

Outro fator muito importante, e o último que vamos citar nesse artigo, é o balanceamento. Um jogo desafiador, mas que tenha um level design fluido, é com certeza um jogo que conseguirá fazer com que seus jogadores se sintam ao mesmo tempo desafiados e capazes de superar esses desafios. Balancear e trazer equilíbrio é fundamental quando falamos em experiência de jogo.

É incrível pensar em quantos detalhes foram minimamente pensados para que os jogadores passem cada vez mais tempo vivendo essas experiências. A Belitsoft, que é uma empresa de desenvolvimento de software da Rússia, diz que o investimento pago em engajamento é proporcional à satisfação do cliente. Um bom jogo, muito além de lucratividade, está sempre focado em proporcionar uma experiência lúdica diferenciada e ter a atenção dos jogadores. E é em busca da sua atenção que muitas empresas de jogos investem pesado coletando e analisando dados para criar jogos cada vez mais viciantes e imersivos.