A primeira batalha com as formigas.
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A primeira batalha com as formigas.

Todos os dias pela manhã, acordo pontualmente às 06h30 para ir trabalhar. Desligo a televisão, que tem a finalidade extra de despertador e vou direto para o banheiro. Essa rotina matinal é realizada com os olhos fechados, que não teriam coragem de...

Alex Körner
2 min
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Todos os dias pela manhã, acordo pontualmente às 06h30 para ir trabalhar. Desligo a televisão, que tem a finalidade extra de despertador e vou direto para o banheiro. Essa rotina matinal é realizada com os olhos fechados, que não teriam coragem de sair da cama. No banheiro, ligo o rádio para a alegria da minha mulher e ouço as notícias repetidas do jornal da noite anterior.



Depois de escovar os dentes por quinze minutos obrigatórios, tiro a roupa para entrar no box. Claro, que a duração deste processo depende da época do ano. Se for inverno, não arrisco tirar dentro do banheiro, somente no box e de porta fechada. Imagine sentir aquela brisa congelante, logo pela manhã? Bem, já no verão nem a roupa preciso tirar pois saio da cama em linha reta para o banho. Mas isto é pessoal.



Continuando. Entro embaixo do chuveiro para deixar a água cair pelo corpo. Com certa dificuldade, vou levantando as pesadas pálpebras à medida que jogo a água quente no rosto para despertar. Deveria ser igual aos outros dias, certo? Quase.



Ontem tudo corria normalmente até o fático momento de abrir os olhos. Quando minha vista discerniu as cores do azulejo, escolhida por minha mulher, reparei em uma estreita fileira marrom no rejunte, perto da janela.


- Que sujeira é essa? - indaguei em voz alta.



Antes de começar a formular a conversa que teria com minha mulher, algo me chamou a atenção. Fosse o que fosse aquilo, estava se mexendo. Com cuidado, me aproximei para identificar a trilha móvel.



- O que é isto? - com os olhos bem abertos, comprovei que não era uma sujeira, mas uma caminhada matinal ou jogging de minúsculas formigas no azulejo do meu banheiro. Elas passavam de um lado ao outro, como se estivessem exercitando os músculos pela manhã.



Apesar de todas caminharem tranquilamente, uma formiga permanecia imóvel. Se não estivesse ciente de todas minhas capacidades, poderia jurar para você que ela olhava para mim. Agora imagine. Às 06h35 da manhã, semi-acordado, nu e sendo observado por uma voyer de uma formiga?


- Você está no banheiro errado! - ameacei a voyer de antenas.



Disfarçadamente, dei um passo para trás para demonstrar minha intenção de desistência. Em um rápido movimento, agarrei o chuverinho liberando o jato de água. Senti a intensidade do poder com a pressão do jato entre as mãos. Cinco minutos depois, a batalha chegava ao fim. A cena do banheiro era semelhante com a sauna que freqüentava, aquele vapor e as gotas caindo do teto. Olhei para o chão, o reboque e todos os lados. Nada. Tudo limpo. Nenhuma formiga estava caída, nem nos buracos achei um vestígio.



- Esconderam-se né? Ótimo, você ganhou a batalha, mas ganharei a guerra.