Fim dos Beatles: Yoko Ono nunca teve culpa

Meu filho Tomás de 9 anos estava passando em frente a uma loja de presentes aqui em Nova Iorque que estava pra fechar. Infelizmente o dono não conseguiu segurar a onda na pandemia. Todos os produtos estavam sendo vendidos com mais de 60 por cento de desconto. Para ajudar, minha esposa, Michelle, falou para o Tomás escolher alguns enfeites para a árvore de Natal. Ele selecionou um filhote de pinguim imperador para ele, um Donut para o irmão Rafael (fã dos Simpsons) e um boneco do John Lennon para mim. Confesso que não dei muita bola, pendurei em qualquer lugar na árvore. E lá ficou.

Na semana seguinte, pura coincidência, foi lançado o documentário Get Back do cineasta Peter Jackson, de O Senhor dos Anéis. É uma linda homenagem recuperando gravações de janeiro de 1969 dos últimos dias da maior banda de rock de todos os tempos. E não precisa ser fã dos Beatles para curtir uma jóia de 8 horas, dividida em em três episódios saborosos.

Não vou dar spoiler, mas além de mostrar em detalhes a criação de obras primas da música, a ligação celestial da dupla Paul McCartney e John Lennon, e os últimos momentos da banda, o documentário é um desagravo de uma personagem que por anos foi tratada por muitos como "A" responsável pela separação do grupo; Yoko Ono.

O documentário mostra a artista plástica presente ao lado do marido, Lennon, em praticamente todos os momentos. Mas ela fica quieta, quase sempre, e não interfere em nada da criação. Pode ser até que os outros Beatles se incomodem, mas não falam em nenhum momento sobre isso nas longas horas de gravação. Pelo contrário, a presença da japonesa é fundamental para Lennon, e isso, aparentemente, basta para os demais.

Hoje se fala muito sobre fakenews como se fosse novidade. Mas a história mostra que mentiras são espalhadas desde o início da humanidade. E se alardear que Yoko Ono teve qualquer responsabilidade na separação de quatro marmanjos bem sucedidos que não estavam falando a mesma língua é uma cascata machista destruída em Get Back.

Voltando ao meu enfeite da árvore de Natal, o Tomás se lembrou que em 2020 fiz uma reportagem especial para Band sobre 0s 40 anos da morte do genial músico, assassinado na porta do edifício Dakota ao lado do Central Park. Lennon voltava com sua esposa Yoko Ono de um estúdio de gravação quando um homem de 25 anos, chamado Mark Chapman, gritou Mister Lennon! Ele sacou um revólver e disparou com 5 vezes matando o inglês aos 40 anos de idade.

Nesse dia 8 de dezembro de 2021, se completa 41 anos da tragédia. Yoko Ono, viúva de Lennon, segue morando no mesmo prédio aqui em Nova Iorque. Do outro lado da rua, fãs sempre lembram do gênio no Strawberry Fields, memorial criado num espaço dentro do Central Park onde as cinzas de Lennon foram espalhadas.