Terror nas escolas americanas
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Terror nas escolas americanas

No dia em que meu filho Tomás de 9 anos contou em casa que tinha feito um treino de como agir na sala de aula se um atirador entrasse na escola dele aqui em Nova Iorque, eu entrei em pânico. Claro que já tinha visto e noticiado ataques do tip...

Eduardo Barão
3 min
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No dia em que meu filho Tomás de 9 anos contou em casa que tinha feito um treino de como agir na sala de aula se um atirador entrasse na escola dele aqui em Nova Iorque, eu entrei em pânico. Claro que já tinha visto e noticiado ataques do tipo, mas só de pensar que se trata de algo tão frequente a ponto de educadores desenvolverem estratégias de defesa junto com crianças é de enlouquecer.

No mesmo dia, perguntei para meu mais velho, Rafael de 13 anos, se ele também tinha passado pelo treinamento. Ele contou que sim e deu detalhes de que cada aluno tem um papel definido. O Rafa, por exemplo, é o responsável por baixar um pequena cortina na única vidraça da porta, o que impediria o atirador de ver o que se passa dentro da classe. Outros são responsáveis como empilhar as carteiras, empurrar a mesa e finalmente tentar se proteger em silêncio num canto mais distante. É uma operação coordenada semelhante quando treinam simulações de incêndio.

Crianças têm de aprender desde muito cedo a como se proteger
Crianças têm de aprender desde muito cedo a como se proteger

Sei que nas mazelas brasileiras, crianças ficam com frequência na linha de tiro das balas perdidas do dia a dia, em especial em comunidades no Rio de Janeiro. Mas não faz parte de nossa realidade, felizmente, ver atiradores disparando para tudo quanto é lado ao invadir centros de ensino.

Esse tipo de ataque tem aumentado nos Estados Unidos. Ongs que organizam esses dados dizem que nesse ano foram 138 episódios do tipo. Sendo que o último registrado na periferia de Detroit foi o que deixou o maior número de vítimas.

Um jovem de 15 anos de idade, Ethan Crumbley, aluno da escola de segundo grau Oxford High School, disparou mais de 30 vezes em tudo que viu pela frente. Mais de 1700 alunos estudam no Colégio. 4 estudantes que tinham entre 14 e 17 anos anos morreram e outros 7 ficaram feridos. Os investigadores ainda tentam entender o motivo. A arma usada no ataque foi comprada pelo pai 4 dias antes da tragédia, aproveitando o desconto da Black Friday. A promotora do caso diz que a ação foi premeditada e que considera indiciar também os pais. O atirador vai responder como adulto pelos crimes de homicídio doloso e terrorismo.

Armas disponíveis em todo lugar
Armas disponíveis em todo lugar

Apesar de todo o terror de uma ação como essa com mortos e feridos, esse tipo de ataque não gera praticamente nenhuma grande comoção no País. Além das pessoas diretamente envolvidas, parece que a tragédia realmente faz parte do cotidiano. Não há grande repercussão nas tevês, rádios ou mesmo nos parlamentos. A sensação que tenho é como se fosse um acidente de trânsito. Todos, aparentemente, sabem que uma hora ou outra vai voltar a acontecer. Faz parte da paisagem e não há nada que possa ser feito. Assustador!

Da minha parte, só rezo para que essa chuva não pegue meus filhos.