Astrônomos observam campos magnéticos nas bordas do buraco negro de M87
0
1

Astrônomos observam campos magnéticos nas bordas do buraco negro de M87

A colaboração EHT. (Event Horizon Telescope), que nos mostrou a primeira imagem de um buraco negro, revelou hoje uma nova visão do objeto massivo situado no centro da galáxia Messier 87 (M87): como ele se parece em luz polarizada. Esta é a pr...

Barroso
4 min
0
1
Imagem do buraco negro supermassivo e jato da M87 Em luz polarizada
Imagem do buraco negro supermassivo e jato da M87 Em luz polarizada

A colaboração EHT. (Event Horizon Telescope), que nos mostrou a primeira imagem de um buraco negro, revelou hoje uma nova visão do objeto massivo situado no centro da galáxia Messier 87 (M87): como ele se parece em luz polarizada. Esta é a primeira vez que os astrônomos conseguiram medir a polarização, uma assinatura de campos magnéticos, tão perto da borda de um buraco negro. Estas observações são cruciais para explicar como é que a M87, situada a 55 milhões de anos-luz de distância de nós, consegue lançar jatos energéticos a partir do seu centro.

 No dia 10 de abril de 2019, os cientistas divulgaram a primeira imagem de um buraco negro, revelando uma estrutura brilhante em forma de anel com uma região central escura — a sombra do buraco negro. Desde então, a colaboração do EHT aprofundou os dados sobre o objeto supermassivo no coração da galáxia M87 coletados em 2017 e descobriu-se que uma fração significativa da luz em torno do buraco negro da M87 se encontra polarizada.  

A luz torna-se polarizada quando passa por determinados filtros, tais como os das lentes polarizadas dos óculos de sol, quando é emitida em regiões quentes do espaço onde existem campos magnéticos. Da mesma forma que os óculos de sol polarizados nos ajudam a ver melhor ao reduzir os reflexos e o brilho de superfícies brilhantes, os astrônomos também podem ter uma visão mais nítida da região em torno do buraco negro ao observar como é que a luz emergente está polarizada. Especificamente, a polarização permite aos astrônomos mapear as linhas do campo magnético presentes na borda interna do buraco negro.

Os jatos brilhantes de energia e matéria que emergem do núcleo da M87 se estendem a pelo menos 5000 anos-luz a partir do seu centro, são uma das estruturas mais misteriosas e energéticas da galáxia. A maioria da matéria que se encontra perto das bordas do buraco negro cai para dentro dele. No entanto, algumas das partículas circundantes escapam momentos antes de serem capturadas e são lançadas para o espaço sob a forma de jatos.Os astrônomos têm contado com diferentes modelos teóricos que explicam como a matéria se comporta perto do buraco negro para compreender melhor este processo. No entanto, ainda não se sabe exatamente como é que jatos maiores que a galáxia são lançados da sua região central, região esta que é comparável ao nosso Sistema Solar em termos de tamanho, nem como é que a matéria cai exatamente no buraco negro. Com a nova imagem EHT do buraco negro e da sua sombra em luz polarizada, os astrônomos conseguiram olhar pela primeira vez para a região que fica logo a seguir ao buraco negro, local onde ocorre a interação entre a matéria que está fluindo para o buraco negro e a matéria que está a ser ejetada.As observações fornecem novas informações sobre a estrutura dos campos magnéticos fora do buraco negro. A equipe descobriu que apenas modelos teóricos com gás fortemente magnetizado conseguem explicar o que estamos vendo no horizonte de eventos.  

  Para observar o coração da M87, a colaboração EHT ligou oito telescópios ao redor do mundo — incluindo o alma e o APEX no norte do Chile, dos quais o Eso é parceiro — para criar um telescópio virtual do tamanho da Terra, o EHT. A impressionante resolução obtida com o EHT é equivalente a conseguir medir o comprimento de um cartão de crédito na superfície da Lua.  

 A rede EHT permitiu à equipe observar de forma direta a sombra do buraco negro e o anel de luz que a rodeia, com a nova imagem em luz polarizada mostrando claramente que o anel está magnetizado. Os resultados foram publicados hoje  dia 24 de Março de 2021 pela colaboração EHT em dois artigos científicos na revista The Astrophysical Journal Letters. A pesquisa envolveu mais de 300 pesquisadores de várias organizações e universidades em todo o mundo.

Links

Contatos

Monika MościbrodzkaRadboud UniversiteitNijmegen, The NetherlandsTel.: +31-24-36-52485e-mail: m.moscibrodzka@astro.ru.nl

Ivan Martí VidalUniversitat de ValènciaBurjassot, València, SpainTel.: +34 963 543 078e-mail: i.marti-vidal@uv.es

Ciska KemperEuropean Southern ObservatoryGarching bei München, GermanyTel.: +49(0)89-3200-6447e-mail: Francisca.Kemper@eso.org

Andrew ChaelPrinceton University Center for Theoretical SciencePrinceton, New Jersey, USAe-mail: achael@princeton.edu

Jason DexterUniversity of Colorado BoulderBoulder, Colorado, USATel.: +1 303-492-7836e-mail: jason.dexter@colorado.edu

Jongho ParkAcademia Sinica, Institute of Astronomy and AstrophysicsTaipeiTel.: +886-2-2366-5462e-mail: jpark@asiaa.sinica.edu.tw

Ciriaco GoddiRadboud University and Leiden ObservatoryNijmegen and Leiden, The Netherlandse-mail: c.goddi@astro.ru.nl

Sara IssaounEHT collaboration member at Radboud UniversiteitNijmegen, The NetherlandsTel.: +31 (0)6 84526627e-mail: s.issaoun@astro.ru.nl

Huib Jan van LangeveldeEHT Project Director, Joint Institute for VLBI ERICDwingeloo, The NetherlandsTel.: +31-521-596515Cel.: +31-62120 1419e-mail: langevelde@jive.eu

Geoffrey C. BowerEHT Project Scientist, Academia Sinica Institute of Astronomy and AstrophysicsHilo, HI, USACel.: +1 (510) 847-1722e-mail: gbower@asiaa.sinica.edu.tw

Bárbara FerreiraESO Media ManagerGarching bei München, GermanyTel.: +49 89 3200 6670Cel.: +49 151 241 664 00e-mail: press@eso.org

Connect with ESO on social media

Este texto é a tradução da Nota de Imprensa do ESO eso2105, cortesia do ESON, uma rede de pessoas nos Países Membros do ESO, que servem como pontos de contato local para a imprensa. O representante brasileiro é Eugênio Reis Neto, do Observatório Nacional/MCTIC. A nota de imprensa foi traduzida por Margarida Serote (Portugal) e adaptada para o português brasileiro por Eugênio Reis Neto,  edição e correções do texto feitas por barroso.