Parte 1

“Vocês são jovens, não viveram nada ainda. Não tem experiência de vida, acha que sabe como é, mas não são sábio o suficiente ... ”

Essa, senhoras e senhores, é a dona Maria. Poderia expor sua vida mixuruca aqui, mas não é o tema dessa história a tristeza que você pode causar ao próximo. Mas enfim ...

Ela passa aqui em frente a minha casa todos os dias em direção a padaria em passos leves e pequenos, nunca compra pães o suficiente para o dia seguinte, caso isso fosse feito não teria motivos para sair da cama. A cada passo que a velha dá, um sorriso é carimbado, não por felicidade em ver outras pessoas, mas por saber que sua língua irá agir. E cumprimentando pessoas daqui, acolá. Faz questão de atravessar a rua inteira para saber de todas as novidades e não liga se o estiver frio quando chega em casa, logo quando as crianças reclamam uma frase já vem preparada: - No meu tempo não tinha essa frescura não, os “pãos” Eram duros que nem pedra minha filha, agradeça a Deus.

Sua vizinha não é tão diferente assim. Só é pior mesmo ... Não é apenas nas manhãs que vejo passar na vizinhança, é o dia inteiro. Como um conto de suspense, me apavora até o anoitecer quando se sente exalta de escutar tanto choro alheio. Mas não acaba por aí, tenho sorte quando não esbarro com ela de intrusa em meus sonhos, não sei como, mas virar um pesadelo é molezinha pra velhota.