A TROCA QUE DEUS NOS OFERECE
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A TROCA QUE DEUS NOS OFERECE

Ao explorarmos essa passagem bíblica, e todo o contexto em que ela se insere, podemos tirar uma grande lição para as nossas vidas a partir do relacionamento de Deus com Abraão: Deus nos chama para uma troca, a qual consiste em abrir mão de toda vanta

Daniele
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Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim, partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Gn 12:1-4.

Ao explorarmos essa passagem bíblica, e todo o contexto em que ela se insere, podemos tirar uma grande lição para as nossas vidas a partir do relacionamento de Deus com Abraão: Deus nos chama para uma troca, a qual consiste em abrir mão de toda vantagem proporcionada pelo sistema mundano pela confiança unicamente nEle. Trata-se de trocar o palpável pelo invisível: eis o resumo da vida cristã.

Abrão era o primogênito de seu pai Tera e, portanto, herdeiro de toda a sua fazenda. Pois no antigo oriente era o primogênito quem herdava tudo o que o pai tinha. O chamado para sair não só da terra, mas da parentela e da casa de seu pai, dizia respeito a abrir mão de sua posição de herdeiro, desvencilhar-se de sua posição na linhagem de seu pai e de todo o direito garantido por ela, confiando em uma promessa. Entendo que esse é o chamado de Deus para cada um dos seus filhos: abrir mão de todas as vantagens proporcionadas pelo sistema deste século pela promessa da eternidade com Ele. Eternidade essa que já começa no presente, conhecendo a Ele como único Deus verdadeiro de nossas vidas.

Abrão não viu o cumprimento de tudo o que Deus lhe prometeu. Ele não viu o advento do Messias a partir da sua linhagem nem o surgimento da igreja, que cumprem a promessa de que nele seriam benditas todas as famílias da terra. Sua vida foi de peregrinação, de labuta, de constante esperança naquilo que não se via, confiando simplesmente no que Deus lhe havia dito. Por isso ele é o pai da fé. Porque essa é a vida de fé.

Ainda hoje nossa vida cristã se desenvolve dessa forma.  Temos a promessa de que um dia participaremos da ressurreição dos mortos, seremos glorificados com Cristo, seremos livres da presença do pecado, céus e terra serão renovados. Porém, ainda não vemos o cumprimento dessas coisas. Temos de lutar contra o pecado todo dia, as consequências dos pecados de outros nos atingem e vemos as dos nossos atingirem aos que amamos, participamos do sofrimento coletivo da criação gemendo por sua redenção.

Enquanto isso o mundo está em festa, pois aliena-se dessa realidade com distrações e subterfúgios. Tomar consciência da realidade da Queda é algo que dói bastante, e o mundo oferece várias opções de anestesia para essa dor. Ao passo que Deus nos oferece a Ele mesmo para atravessar a dor conosco, de modo que mesmo não desfrutando de nada que o mundo oferece para arrefecê-la, temos tudo para atravessá-la com alegria, pois temos Deus e confiamos em sua promessa de restauração.

Sair da terra e da parentela e da casa do pai, em nosso contexto, significa abrir mão de todo pseudo amparo que nos proporcionaria o partilhar dos construtos culturais, filosóficos, políticos e psicológicos seculares, para vivermos conscientes do deserto, confiando na promessa de Deus. Nessa travessia, o Senhor nos garante a sua companhia: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. (Mt 28:20b). Que assim como Paulo, possamos considerar como escória todo suposto benefício proporcionado pelos construtos mundanos, diante da suprema grandeza de conhecer e progredir conhecendo a Cristo: “Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo.” (Fl 3:8).

Oração:

Pai amado, estar plenamente consciente da realidade dos meus pecados e dos pecados dos que me rodeiam, principalmente dos que eu amo, dói demais. Por muito tempo eu preferi fechar os olhos para tudo isso e criar uma realidade cor-de-rosa que só funcionava na minha cabeça. Enquanto isso, o estrago causado pelo meu entorpecimento só não foi maior pela ação da tua graça. Mas houve muito estrago. E hoje eu caminho por entre escombros e a visão deles dilacera a minha alma. Deus, meu coração está sangrando por me perceber completamente impotente para consertar tudo e ao mesmo tempo responsável por todo o estrago. Pai, me ajuda. Eu não consigo consertar nada. Mas tu restauras todas as coisas. Ajuda-me a caminhar por fé e não por vista, a confiar em ti, a confiar na tua ação transformadora e a rejeitar todo amparo carnal. Me fortalece em ti, Pai. Quero permanecer firme em ti independente das circunstâncias. Te peço que me concedas te conhecer profundamente, provar de ti, que não me aliena mas me forja segundo a tua natureza. Quero lidar com a realidade de uma forma santa, me relacionar com as pessoas de forma santa, expressar amor à minha família de forma santa. Eu quero ser como tu, eu quero ser como Cristo. Viver segundo eu mesma só me trouxe ruína. Só tu tens a vida. Tu és a vida. Eu quero essa vida. Não a vida que eu inventei. Me ajuda Pai, a lançar fora os meus ídolos e a não me amparar em nada que não seja o Senhor. Mostra-me os meus pecados ocultos. Sonda o meu coração e limpa-me dos meus pecados. Perdoa os meus pecados. Ajuda-me a viver segundo a nova criatura que tu me fizeste em Cristo. E isso é o que te peço em nome de Jesus. Amém.