ACERCA DA NOSSA DEDICAÇÃO AO RELACIONAMENTO COM DEUS
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ACERCA DA NOSSA DEDICAÇÃO AO RELACIONAMENTO COM DEUS

Abrão foi chamado pelo próprio Deus de seu amigo. Portanto, vale a pena observarmos sua diligência e disponibilidade para esse relacionamento, a fim de tirarmos algumas lições para as nossas vidas. Observamos na trajetória de Abrão que seu relacionam

Daniele
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Depois destas coisas veio a palavra do SENHOR a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão. Então disse Abrão: Senhor DEUS, que me hás de dar, pois ando sem filhos, e o mordomo da minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro.E eis que veio a palavra do Senhor a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro. Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência. E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça. Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la.E disse ele: Senhor DEUS, como saberei que hei de herdá-la?E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho. E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu. E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava. E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele. Então disse a Abrão: Saibas, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia. E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades. Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: « tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates. Gn 15:1-18.

Quanto progresso no relacionamento de Abrão com Deus posso ver a partir de seu encontro com Melquisedeque, narrado no capítulo anterior! No presente capítulo, Abrão dialoga com o Senhor, e muitas coisas acontecem nesse diálogo. Ele manifesta sua frustração por não ter descendência, Deus lhe garante que lhe dará uma tão numerosa como as estrelas do céu; ele crê em Deus contra toda lógica humana, e isso lhe é imputado como justiça. Deus também lhe garante que sua descendência se estabelecerá como um povo no território em que ele está peregrinando. Então, Abrão pede um sinal a Deus acerca disso, e Deus não apenas lhe dá sinal, como firma um pacto com ele. Assim nasce a aliança abrâmica.

Muitas coisas podem ser observadas neste capítulo, mas aquela sobre a qual desejo refletir neste momento é a seguinte: a importância da diligência e da disponibilidade no nosso relacionamento com Deus. O versículo 5 nos informa que Deus apareceu em visão para Abrão à noite, pois o leva para fora da tenda para contemplar as estrelas. O diálogo entre os dois se desenrola e, no versículo 9, Deus demanda que Abrão lhe traga alguns animais, para estabelecerem um pacto.

Pois no antigo oriente os pactos de sangue eram estabelecidos assim: dividia-se um animal ao meio e as pessoas que estavam se comprometendo uma com a outra passavam entre as duas partes do animal morto, simbolizando que aquele que quebrasse o pacto pagaria com a própria vida à semelhança daquele animal. Ora, buscar esses animais, matá-los, parti-los e dispô-los em ordem para o estabelecimento do pacto com Deus demandou tempo, tanto que o dia já havia amanhecido e as aves de rapina desciam sobre os cadáveres e Abrão as enxotava. Ora, as aves só voam de dia.

Ou seja, além da diligência em atender ao que Deus lhe demandara, Abrão foi diligente em permanecer o dia inteiro enxotando essas aves para que não devorassem os animais partidos e estragassem o ritual da aliança que estava para ser estabelecida entre ele e o Todo Poderoso. Digo o dia inteiro, porque no versículo 12 diz que pondo-se o sol um profundo sono caiu em Abrão. Portanto, dar resposta ao Senhor foi algo que lhe ocupou o dia inteiro, desde a noite do dia anterior até a noite do dia seguinte.

Os versículos 17 e 18 mostram que havia já se posto o sol quando Deus firmou o pacto de sangue com Abrão. Porém, ao contrário do que se fazia, não foram os dois que passaram por entre os animais, mas apenas Deus. Pois o Senhor sabia que Abrão e sua descendência, na condição de filhos de Adão, quebrariam o pacto com ele diversas vezes e, se dependesse de um ser humano comprometer-se a morrer quando quebrasse o pacto com Deus, ninguém sobreviveria. Por isso, Deus passou por entre as partes sozinho, garantindo o cumprimento do pacto pela integridade de sua pessoa e comprometendo-se sozinho a morrer como reparação pela quebra do pacto. O que se cumpriu quando Jesus entregou sua vida na cruz.

Vejo que Deus nunca nos demanda o que não damos conta de fazer, mas naquilo que ele nos demanda temos de nos dedicar inteiramente. Todo o nosso ser: pensamentos, afetos e vontade devem estar rendidos integralmente ao Senhor de forma a sermos diligentes e estarmos disponíveis para lhe dar respostas em nosso relacionamento com ele. Deus não pode ficar em segundo plano em nossas vidas, não podemos dedicar a ele o tempo que sobra.

Abrão foi chamado pelo próprio Deus de seu amigo. Portanto, vale a pena observarmos sua diligência e disponibilidade para esse relacionamento, a fim de tirarmos algumas lições para as nossas vidas. Observamos na trajetória de Abrão que seu relacionamento com o Senhor foi algo que progressivamente cresceu e se aprofundou. Assim deve ser o nosso relacionamento com o Pai também.

Confesso que já senti muita “inveja santa” (se é que isso existe) de Abraão, por ter sido chamado amigo de Deus, de Daniel por ter sido chamado de varão mui amado, de Enoque por Deus tê-lo tomado para si, de Moisés por conversar com Deus face a face. Creio que muitos cristãos já partilharam do mesmo sentimento. Porém, Jesus disse que dos nascidos de mulher o maior que houve foi João Batista, (creio que por ter sido o escolhido para preparar o caminho do Senhor).

Assim sendo, João Batista foi maior que todos esses citados. Porém, Jesus disse que o menor no Reino de Deus ainda era maior do que ele. (Lc 7:28). Por que isso? Porque a partir do estabelecimento do Reino de Deus entre os homens, por meio de Cristo, o Espírito de Deus nos foi outorgado. Não há mais separação entre Deus e os homens. Somos um com ele, por meio de seu Espírito.

Portanto, não há motivo para ter “inveja santa” de Moisés, Enoque, Daniel, Abraão. Só não desfrutamos da plenitude da comunhão com Deus por negligência nossa e não por uma questão de não favoritismo divino. Desejamos o que esses homens tiveram tendo muito mais, mas não nos dedicamos nem um terço do que eles se dedicaram, e depois reclamamos de termos um relacionamento medíocre com o Senhor. Que possamos mudar de atitude, dar o verdadeiro valor ao que temos e nos dedicar de corpo e alma a esse relacionamento santo.

Oração:

Pai amado, perdoa-me por manifestar inveja do relacionamento desses homens contigo, e ainda achar que isso é virtude. Invejar é se ressentir com o que o outro tem, achando que eu que merecia o que ele tem. Como posso ter inveja desses homens? Tu me deste infinitamente mais do que deste a eles e o valor que eu dou e a atenção que dedico a ti são infinitamente menores do que o valor e a atenção que estes homens te deram. Perdoa-me por esse pecado. Enquanto eles só tinham as promessas eu tenho o fato consumado por Cristo. Perdoa-me pela minha negligência. Perdoa-me, Pai, em nome de Jesus. Eu não mereço o teu amor e a tua fidelidade, mas sei que quando tu passaste por entre aquelas metades, o Senhor também incluía no pacto a mim, que fui feita filha de Abraão por meio de Cristo. Te peço, Pai, que não me deixes banalizar essa graça. Ajuda-me a mergulhar nas riquezas inefáveis de Cristo a cada dia, a ser diligente e a me dedicar com inteireza de coração ao nosso relacionamento. É o que te peço em nome de Jesus. Amém.