FÉ, VIGILÂNCIA, SUBMISSÃO: o segredo da sobriedade

Você já perdeu as contas de quantas vezes teve de amargar a frustração de ter fracassado de novo diante de um pecado que, por um breve momento, achou que já havia vencido?  Você já esteve a ponto de desistir da fé por achar que não serve para ser cristão, devido a isso? Você se sente completamente impotente diante do seu pecado? Eu também já. Grandes homens de Deus também sofreram com isso, inclusive o apóstolo Pedro. Por isso, eu te convido a, junto comigo, ver o que esse apóstolo tem a dizer sobre ter uma vida de vitória sobre as tentações:

Sede sóbrios, vigiai, pois vosso adversário, o Diabo, como leão rugindo, dá voltas buscando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé, sabendo que vossos irmãos no mundo sofrem as mesmas penas. 1Pe 5.8-9.

Perceba que Pedro compara o ataque do tentador contra um cristão com o ataque de um leão, que dá voltas espreitando a presa. Porém, surpreendentemente, ao invés de nos dizer para sermos fortes ou ágeis para fugir dele, diz para sermos sóbrios a fim de resisti-lo na fé! Agora, pensa comigo: qual é a chance que uma ovelha tem de resistir a um leão? Porém, eu te proponho seguirmos a lógica de Pedro, já que o que ele registrou foi inspirado pelo Espírito Santo, enquanto a nossa lógica, por mais plausível que pareça, não tem dado muito certo...

Segundo o dicionário online do Google, ser sóbrio significa ser moderado, no comer e no beber, não amante ou dependente de bebidas alcoólicas. Trata-se também da qualidade de quem é marcado por temperança, equilíbrio, moderação e/ou seriedade; contido nas emoções e caprichos. Ainda, por extensão, aquele que é despojado de exibições de poder, cultura, inteligência; de caráter ou comportamento sereno, discreto, recatado.

Gostaria de acrescentar que, na Bíblia, a embriaguez serve como modelo para todo tipo de dependência. Sendo assim, como o contrário de alguém embriagado é alguém sóbrio, podemos acrescentar a essas definições que, biblicamente, ser sóbrio inclui não ser dominado por nenhum tipo de vício ou hábito escravizador. Portanto, o que eu e você estamos buscando é a sobriedade.

Vale ressaltar que, pela trajetória do apóstolo Pedro, podemos dizer, com certeza, que se tinha uma coisa que ele não era, era sóbrio.  Mas não é por acaso que aquele que ficou conhecido como o mais temperamental, instável e impulsivo dos discípulos esteja ensinando sobre isso. Ele simplesmente está ensinando como se vence uma batalha que ele havia aprendido a lutar e sair vencedor. Eu quero aprender com ele, e você?

Voltemos, então, à metáfora da ovelha resistindo a um leão. Apesar de Pedro não citar qual animal ele tinha em mente quando usou essa metáfora, creio que se tratava de um rebanho de ovelhas por dois motivos:   o primeiro motivo está registrado em João 21.15-17, quando Cristo lhe ordenou que apascentasse as suas ovelhas. Como as palavras de nosso Salvador nos marcam, entendo que essa era a forma como ele via os cristãos: como ovelhas de Cristo, o Sumo Pastor. O segundo motivo é que a dinâmica do ataque de um leão difere quando é direcionado a qualquer outro bando de animais e a um rebanho de ovelhas, devido a um elemento – o pastor.

Quando se trata de um bando qualquer (um bando de cervos, de zebras ou de búfalos, por exemplo) o leão o fica espreitando por dias, identificando aqueles que não têm condições de correr muito, por estarem fracos ou machucados. Então, quando ataca, persegue esses, que inevitavelmente ficam para trás e são devorados, enquanto os outros, mais ágeis, conseguem salvar-se.

Já, se depender de alguma ovelha ter agilidade para correr, para se salvar de um leão, sabemos que ela não terá um fim muito promissor... Ovelha é um animalzinho muito limitado, inclusive para correr. Ela depende completamente do pastor. Portanto, no ataque a um rebanho de ovelhas, o foco do leão está nas que correm para longe do pastor. No momento em que o leão urrar, aterrorizando todas, as que mantiverem sua confiança no pastor e permanecerem junto a ele – ou seja, resistirem – sobreviverão.  Pois o leão teme o pastor e foge dele. Mas, as que não confiarem no pastor e correrem serão estraçalhadas. Portanto, nossa vigilância, como ovelhas, consiste em manter nossa fé posta no pastor. Com isso, o Diabo fugirá de nós, devido a estarmos atrás do pastor.

Quando negocio minha obediência aos princípios divinos, por considerar minha transgressão (como uma “mentirinha branca”, por exemplo) tão pequena que não vai prejudicar ninguém ou quando priorizo meus afazeres seculares ou dou lugar à preguiça e negligencio a prática das disciplinas espirituais, acreditando que isso não acarretará grandes consequências, estou tirando minha confiança da Palavra do meu Salvador e colocando-a em mim mesma.   

Quando eu me perceber fazendo isso, preciso me arrepender, pedir perdão a Deus e voltar a confiar e obedecer sem reservas, ou seja, preciso submeter-me a ele. Trata-se da mesma lição ensinada por Tiago em Tg 4.7: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”. Só assim deixarei de ser presa fácil do tentador e não serei mais subjugada por nenhum vício ou hábito escravizador. Ou seja, só assim serei sóbria. Na gramática da terra, sobriedade é a qualidade de quem é sóbrio. Você é sóbrio, por isso você tem sobriedade.  Na gramática do céu, sobriedade é a qualidade conferida a quem pratica a fé, a vigilância e a submissão. Você dirige sua fé ao Sumo Pastor, você se vigia para mantê-la nele, você se submete a ele, só assim vive em sobriedade.   Não é uma qualidade, é um estado que só se mantém mediante essas práticas.

ORAÇÃO:

Pai, tua Palavra é o maior presente que o Senhor deixou para mim. Ter a oportunidade de moldar meu entendimento a ela e alimentar com coração com ela é o maior privilégio que um ser humano pode ter. E, no entanto, tenho negligenciado essa oportunidade, pois leio sem praticá-la. Leio sem pôr de lado a minha lógica para fazer uma imersão na lógica do céu. Preciso dedicar-me a conhecê-la e praticá-la como se disso dependesse a minha vida – porque depende! Perdoa-me por ser tão vil, tão negligente com tamanha salvação. Tu me entregaste teu Filho, me deste a indizível graça de ter comunhão contigo, pelo teu Espírito que veio habitar em mim. Mas ao invés de mergulhar neste tesouro inesgotável eu fico me ocupando com quinquilharias. É por isso que minha fé está mirrada. Porque eu não a exercito segundo a tua Palavra. Te agradeço por não desistires de mim, Senhor.  Te peço perdão pelos meus pecados. Pela minha negligência. Pela  minha teimosia. Pela minha falta de humildade, de reconhecer que eu sou ovelha e ovelha é incapaz e fraca mesmo. Minha força reside em confiar em Ti, praticando o que tu ordenas para mim na tua Palavra. Te peço que me ajude a me lembrar do ensinamento que tu me deste hoje, para não cair mais em tentação. Não me deixa esquecer que disso depende a minha vida. É o que eu te peço e desde já te agradeço, em nome de Jesus. Amém.