A Monarquia britânica vai acabar?

O grande escritor, Johann Wolfgang von Goethe, disse que viver com a gosto é para os plebeus; e que o nobre aspirava à ordem e à lei. A nobreza, dizia ele, é definida por exigência, por obrigações, não por direitos. Noblesse oblige: palavra francesa que significa “a nobreza obriga". A Rainha Elizabeth II ratificou esta máxima como ninguém, desde de criança já se portava como uma figura de autoridade; e assumiu o trono cedo, em 1952, após a morte prematura do seu pai, Rei Jorge VI, que morreu aos 56 anos. Na época, Elizabeth tinha apenas 25 anos de idade, mas já estava a cumprir os compromissos oficiais enquanto o rei estava debilitado. O reinado da filha durou 70 anos - e é considerada a monarca mais longeva da história da coroa britânica. Já seu filho mais velho na linha de sucessão, Charles, o Príncipe de Gales, diferente da mãe quando assumiu, está com 73 anos, será o rei mais velho a iniciar reinado na história da coroa britânica.

O triste falecimento da Rainha Elizabeth II irá certamente refletir sobre a estrutura da família real e o Reino Unido como um todo, uma vez que Elizabeth II simbolizava de maneira elevada a liderança, a história, popularidade e a estabilidade. Elizabeth era certamente o farol da continuidade, a Rainha não só dos ingleses; mas também dos outros quatorze Estados independentes que compõem os Reinos da Commonwealth, como Canadá e Austrália. Ao contrário da maioria dos monarcas, assim como sua falecida nora, a Princesa do povo, Diana; Elizabeth foi uma Rainha “Pop”. Na última pesquisa britânica de popularidade, foi a que mais se destacou, a mais querida da realeza desde de Diana. Em Março, como mostra a matéria no portal de notícias Metrópoles: Elizabeth II se manteve no topo — quase nove em dez britânicos avaliam positivamente a chefe da Coroa. Apenas 12% dos consultados têm uma visão negativa sobre ela. Quando o assunto é trabalho, a monarca também se saiu bem na pesquisa. Cerca de 84% dos súditos acreditam que Elizabeth II fez um bom trabalho em seus 70 anos de monarquia, sendo que seis em cada 10 consultados avaliam a atuação dela como muito boa.

Ou seja, a Rainha era demasiadamente popular; Charles III, com 76 anos? nem tanto. Um rei idoso que carregará o peso da Coroa em tempos de guerra e incertezas, posto que, além da popularidade da mãe, Charles terá de lidar com um tirano que ameaça constantemente a Europa. Vladimir Putin está disposto a estender o racionamento de gás e cortar petróleo de toda União Europeia e suas exigências são inegociáveis.

Antes de terminar, vi muitas pessoas comentarem que a monarquia britânica era inútil, uma instituição vazia. Mas nada poderia estar mais errado. Para citar o grande filósofo e jornalista espanhol, Ortega y Gaseet: “A Monarquia no Império Britânico não exerce nenhuma função material e tangível. Seu papel não é governar, nem administrar a justiça, nem comandar o exército. Mas não é uma instituição vazia, carente de serviço. A Monarquia da Inglaterra exerce uma função determinadíssima e de alta eficácia: a de simbolizar”.

Uma coisa é certa: o futuro rei Charles III terá de manter esta chama acesa, caso contrário, o Reino Unido ficará em luto durante muito tempo e a coroa desmoralizada. 

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