A ideia de trazer o homem para o centro de tudo, fez “renascer”os ideais dos filósofos gregos e os pensamentos romanos. A capacidade humana foi valorizada em tudo, mas principalmente nas obras artísticas como pinturas, literaturas, esculturas...
A ideia de trazer o homem para o centro de tudo, fez “renascer”os ideais dos filósofos gregos e os pensamentos romanos. A capacidade humana foi valorizada em tudo, mas principalmente nas obras artísticas como pinturas, literaturas, esculturas e também na música. | ||
O Madrigal foi um expoente musical da renascença, embora já no fim deste período, em que poetas e compositores trouxeram à tona seus intensos interesses humanistas, acentuando na música as imagens e emoções do texto. | ||
Carlo Gesualdo (1561 – 1613), um príncipe e compositor italiano, revela em suas músicas uma harmonia avançada, utilizando texturas contrapontísticas complexas e usos extremos de cromatismos, trazendo uma pintura viva à palavra do texto. | ||
Um incidente pessoal está diretamente ligado a natureza de suas composições: ao descobrir sua esposa e seu amante em uma situação comprometedora, supostamente assassinou os dois. | ||
Este êxtase violento, à beira da insanidade, pode certamente ser percebido em sua música. Ao longo de “Moro, lasso”, há uma tensão constante entre repouso, diatônica, e ira, cromática. A peça começa com notas longas se movendo lentamente em movimentos por semitons decrescentes, metaforicamente representando a morte e a agonia; este movimento tem um súbito contraste a partir das palavras "ela que poderia me dar a vida" em um fluxo de contraponto imitativo. | ||
Este tipo de recurso artístico se repete em toda a peça em um jogo completo de ilustrações musicais para palavras que trazem sentidos contrários entre si: entre ofegantes pausas e cintilantes notas cheias de exclamação, a vida é representada por movimento ativo linear e contraponto; já a morte e a dor em progressões de acordes cromáticos. Estes contrastes trazem tensão aos madrigais. | ||
Este madrigal italiano foi escrita em 1610 e exigiu cinco vozes. É um lamento trágico sobre um amante negligenciado que está morrendo em sua agonia. É cantado à capella e suas ricas passagens diatônicas, que se misturam com as passagens cromáticas, apresentam um desafio para o artista. Gesualdo muda a textura e as configurações de texto da peça por toda parte. A linha de abertura "Moro, lasso" é expresso em uma textura homofônica com ajuste texto musical silábica, ou seja, uma nota para cada sílaba. | ||
Esta configuração texto musical, passa a ser melismática na palavra "vita", para ilustrar a alegria da “vida”. | ||
| ||
A liberdade na circulação de acordes era uma marca registrada de Gesualdo. Em uma peça que está em lá menor, se espera ouvir acordes relacionados, ou que estejam no mesmo campo harmônico, como um ré menor ou um Mi maior. Mas logo no começo ele parte de um Dó sustenido maior para se movimentar para a tônica lá menor. Estas tensões na progressão de acordes só seriam trabalhadas mais tarde no período romântico. | ||
| ||
Morro, cansado, para minha dor. | ||
E ela que poderia me dar a vida, | ||
Ai de mim, me mata e não me socorrerá. | ||
Que destino doloroso, | ||
Ela que poderia dar-me a vida, | ||
ai de mim, dá-me a morte. | ||
REFERÊNCIAS: | ||
TYGEL, Júlia Zanlorenzi. “História da Música”, Material didático da disciplina História da Música 1, Educação Musical, UFSCar. |