A Construção do Fascismo... Façam suas escolhas
7
8

A Construção do Fascismo... Façam suas escolhas

Nos últimos anos, sociólogos, antropólogos e demais ólogos debatem se estamos ou não sob ameaça da expansão de um bioma fascista.

Bob Fernandes
4 min
7
8
Junto aos seus seguidores, com uma faca, Bolsonaro encena degolação.
Junto aos seus seguidores, com uma faca, Bolsonaro encena degolação.

Nos últimos anos, sociólogos, antropólogos e demais ólogos debatem se estamos ou não sob ameaça da expansão de um bioma fascista.

Isso num país onde o presidente já há 23 anos pregava:

Num país que em três décadas e meia teve mais de 1,5 milhão de homicídios, assassinatos.

E onde nem 10% destes crimes têm punição.

País sob Bolsonaro tutelado pelo Poder Militar.

Geração formada na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras) no início dos anos 70.

Como tem denunciado, quase pregando no deserto, Marcelo Pimentel, coronel do exército, reformado.

Geração ora aboletada no Poder e portando-se como legítima herdeira da ditadura de 64.

No Princípio, o verbo

Nas últimas semanas, cotidiana a explicitação da construção do fascismo.

Sim, como demais “ismos”, o fascismo não brota subitamente. Não é parto de um dia para o outro.

É isso aí, uma construção cotidiana. E, no princípio, sabemos há milênios, “é o verbo”.

Há tempos já estamos muito além do verbo. Como temos visto e vivido cada vez mais.

O chamado às armas

Para os que preferem enxergar só depois de consultado o já visto e vivido, a sugestão de três livros.

M, o Filho do Século.
M, o Filho do Século.

“M, o Filho do Século”, do italiano Antonio Scurati.

Com farta documentação e depoimentos, com discursos e textos do ditador, o escritor narra a ascensão de Benito Mussolini, do fascismo na Itália.

No fraseado abaixo leiam palavras e ideário de Mussolini e se perguntem: onde já ouvimos, lemos algo parecido:

-Nós queremos a nação armada.

-Esse proletariado precisa de um banho de sangue.

-Se tiver que ser guerra civil, guerra civil será.

-Somos violentos sempre que necessário. A nossa deve ser uma violência de massas…

-Para os fascistas a violência (...) é uma necessidade cirúrgica.

-A violência, para nós (...) tem (...) um caráter de defesa nacional.

Ainda para os que buscam a escora da história já impressa, mais dois livros.

 A escalada de Hitler

Contra a Barbárie, um alerta para os nossos dias. 
Contra a Barbárie, um alerta para os nossos dias. 

“Contra a Barbárie, um alerta para os nossos dias”, de Klaus Mann, filho de Thomas Mann.

A crônica/ensaio é um alerta para a Alemanha e grande parte da sua intelectualidade, então ainda desatentas à escalada de Hitler e do nazismo.

Mein Kampf, a História do Livro.
Mein Kampf, a História do Livro.

A terceira leitura recomendável é “Mein Kampf, a História do Livro”, obra de Antoine Vitkine.

Nesta quinta 2 de junho de 2022, Alice Rocha, 4 anos, baleada na cabeça quando comprava pipoca com a mãe.

Em uma ação de “policiais trocando tiros com bandidos”, informa o noticiário.

Um Rio de chacinas 

No Rio de Janeiro  governado por Cláudio Castro:  em 1 ano de gestão, 39 chacinas, 178 mortos.  

Genivaldo de Jesus, em Sergipe, foi assassinado numa câmara de gás improvisada pela PRF.

Bolsões da Polícia Rodoviária Federal andam se portando como guarda pretoriana, ou uma SS de Bolsonaro.

A cada dia multiplica-se a violência escancarada.

Erasmo na mira

11 de maio, Lote 96, Anapu, Pará...agricultores vítimas de violência.

Agricultores liderados por Erasmo Alves Theofilo, ameaçadíssimo de morte.

No 11 de Maio, 10 homens fortemente armados chegaram ao Lote 96. Fingindo-se de policiais.

Anunciaram “reintegração de posse”. A área ambicionada tem cerca de 33 mil hectares.

Casas queimadas. E homens, mulheres e crianças sob a mira de armas.

Perto do Lote 96 a ativista Doroty Stang foi assassinada, em 2005.

No momento o líder dos agricultores, Erasmo Theofilo, está sob séria ameaça de morte.

Mortes anunciadas

Em 1988 outro líder estava ameaçado de morte e o Brasil não prestava atenção, Chico Mendes.

Foi assassinado em Xapuri, Acre, na noite de 22 de dezembro.

O Brasil não o conhecia, como não conhece Erasmo, e à época também não deu a menor pelota para as ameaças.

O jornalista Edilson Martins tentou, desesperadamente, emplacar uma entrevista com o líder desconhecido. Em vão.  

O país estava paralisado pelo assassinato de uma figura célebre.

Que deveria morrer na noite do dia 23 de dezembro, mas só morreu na noite do Natal: Odete Roitman, a vilã da novela global Vale Tudo.

Reportagem: Estadão
Reportagem: Estadão

Odete, interpretada por Beatriz Seggal, teve a morte adiada.

Porque o Comitê da Divulgação Internacional do Seguro (CODISEG) pagou ao Globo e ao Jornal do Brasil um comercial de impacto.

800 milhões de cruzeiros por meia página de Odete/Beatriz com um convite:

-Faça Seguro. A gente nunca sabe o dia de amanhã.

Chico Mendes, o desconhecido líder seringueiro, se tornaria personagem mundial. Depois de assassinado.

Campanha/1988
Campanha/1988

Aulas para o fascismo

No Brasil deste 2022 a violência do Estado e dos seus capangas espanca, humilha e mata cotidianamente.

Matérias por: Folha de São Paulo, Uol, Conselho Indígena Missionário e G1.
Matérias por: Folha de São Paulo, Uol, Conselho Indígena Missionário e G1.

Essa violência fascista é uma construção. AlfaCon é um curso de preparação de concursos para polícias. Militar, Civil, Federal e Rodoviária.  

Também para quem quer ingressar nas Forças Armadas. Ou ser bombeiro.

Nos vídeos a seguir, algumas lições.

Entendamos de vez como é a fermentação, o que é a construção do fascismo.