Militares mentem sobre a Amazônia, se empanturram, e Bolsonaro segue anunciando golpe...
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Militares mentem sobre a Amazônia, se empanturram, e Bolsonaro segue anunciando golpe...

Militares comandavam páginas de fake news (de mentiras) sobre a Amazônia. Se empanturram de filé mignon, salmão, picanha... Enquanto isso Bolsonaro segue anunciando golpe...

Bob Fernandes
6 min
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Fonte: Tilt Uol
Fonte: Tilt Uol

Militares comandavam páginas de fake news (de mentiras) sobre a Amazônia, revelou relatório trimestral do Facebook sobre ameaças na plataforma.

Entenda-se: como o mundo já sabe, estão estuprando a Amazônia. Desde o início da Era Bolsonaro, di cum força.

Invasão de terras indígenas, ataques a aldeias e lideranças comunitárias, poluição devastadora do garimpo ilegal em rios como, por exemplo, o Madeira.

E o governo incentiva. E uma tal força-tarefa sob comando do vice-presidente, Mourão general reformado, deveria salvar aquela porção vital da Pátria.

Nada além de conversa mole. Mourão já é candidato a senador pelo Rio Grande do Sul. 

E a real está nas manchetes do final de semana: militares mentindo sobre a Amazônia, dizendo no Facebook que lá na selva tudo anda belo.

Fonte: Congresso em Foco
Fonte: Congresso em Foco

Ou, mamando. Melhor dizendo, se empanturrando: em um ano as Forças Armadas compraram R$ 56 milhões em filé mignon, salmão e picanha.

Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo

No mesmo fraseado citou os militares como “âncora” do Brasil.

Tratou o “povo” como “exército” o presidente que atiçou corrida às armas como jamais se viu por aqui.

Fonte: Tenor
Fonte: Tenor

Os efeitos... Nas ruas, o mata-mata

Os efeitos já estão nas ruas. Perguntem aos promotores sobre aumento de homicídios por motivo fútil, banal.

Para não ser incomodado pelo STF, o presidente escalou um neurônio no “se a pátria nos chamar” e o segundo neurônio no “militares” como “âncora”.

Fonte: Tenor
Fonte: Tenor

Pensando bem, a alegoria é adequada. Âncoras são pesadas e notadas de duas formas.

Ou inertes, como parte do cenário. Ou quando, por pesadíssimas, afundam.

Os militares, entendamos de vez, são novamente o Poder. Trabalhando para seguir no Poder.

Ocuparam o palácio e todas a principais estatais. E avançam vorazmente na política.

Capitão na cabeça, general na cauda... mas é só um faz-de-conta

Vejamos, por exemplo o general Braga Netto, que deixou o ministério da Defesa há dias já como pré-candidato a vice de Bolsonaro.

Fonte: O Globo
Fonte: O Globo

Orçamento secreto de R$ 588 milhões no Ministério da Defesa então sob comando do general Braga Netto.

Braga Netto agora pré-candidato à vice-presidência pelo, imaginem só, PL do notório Valdemar Costa Neto.

Informa Patrick Camporez no Globo:

Via Ministério da Defesa, então com o general Braga Netto, foram distribuídos R$ 401 milhões que atenderam a 11 senadores, em maioria governistas Sobrou verba até para uma ‘capela funerária’.”

Coube a esses 11 parlamentares, quase todos próximos a Bolsonaro, decidir em quais redutos eleitorais seria despejada a dinheirama pública.

Fonte: @marcelopjs no Twitter
Fonte: @marcelopjs no Twitter

Centenas de militares como candidatos...

Coronel da reserva, Marcelo Pimentel diz no Twitter: o general Braga Netto jogou em dupla com o presidente da Câmara, Arthur Lira, o Yama.

“Yama”, no caso, um acréscimo de minha parte.

Disse mais o Coronel Marcelo Pimentel:

“Pavimenta-se a rede de apoios/alianças (capital político) para as centenas de candidaturas de generais/coronéis do Exército Brasileiro”.

Repetindo: centenas de candidaturas de militares. É o que o Coronel Marcelo Pimentel chama de “o Partido Militar”.

Fonte: G1
Fonte: G1

Uma ditadura para... impedir uma ditadura

Fonte: divulgação/YouTube
Fonte: divulgação/YouTube

No dia 31, o então ainda comandante do Exército, general Braga Netto, e comandantes da Aeronáutica e Marinha assinaram uma Ordem do Dia grotesca.

O general e os comandantes da Aeronáutica, Baptista Júnior, e da Marinha, Almir Garnier, sem corar, escreveram :

"O Golpe de 64 gerou fortalecimento da democracia."

Como sabemos, o golpe militar e civil de 64 gerou uma ridícula ditadura de 21 anos.

Com censura, sequestros, tortura, estupros e desaparecimento de presas e presos políticos, exílio e assassinatos.

Com a lógica habitual, Chefes militares repetem que a ditadura foi instalada para impedir... uma ditadura.

21 anos de ditadura para impedir... uma ditadura.

O nível intelectual e moral de quem defende tal tese já indica até onde fomos e estamos metidos.

A corrupção durante a Ditadura Militar 64/85

Fevereiro de 2020. Há dois anos e dois meses, assassinado o capitão PM Adriano da Nóbrega.

O que agora, no presente, se trama para o futuro próximo, já estava então em andamento, perfeitamente visível.

Tinha a ver com a última ditadura. E com o futuro. Personagens e a articulação lá já estavam, solares.

O que agora está posto, milhões se recusam a ver. Ou fingem não ver.

Fonte: Uol
Fonte: Uol

Os militares são, cada vez mais, uma casta. Têm previdência integral, se aposentam com qualquer idade, podem acumular um segundo emprego.

Fonte: Folha de São Paulo
Fonte: Folha de São Paulo

No topo, no governo e não só, generais e que tais recebem mais de R$ 100 mil por mês.

Quem sabe, sabe...

O general Braga Netto era ministro da Defesa até a semana passada. Vejamos as coincidências na sua extraordinária trajetória.

Em 2018 Braga Netto foi o interventor no Rio. Com todos os serviços de informação ao seu dispor.

Do Exército, Marinha, Aeronáutica, das polícias militar, civil, e federal.

Fonte: G1
Fonte: G1

À época, a cidade do Rio de Janeiro já tinha estimados 57% do seu território sob comando de milícias e facções.

O que aconteceu de lá pra cá nesses 4 anos? Nada. Ou melhor: o milicianato ascendeu. O crime organizado se consolidando, em aliança com a Política.

E o general? O general saiu do governo obviamente com um mapa do crime organizado no Rio de Janeiro.

E dali ele foi chefiar o Comando Militar do Leste. E de lá saltou para a Chefia do Estado Maior do Exército.

Notem o percurso e as coincidências. A 18 de fevereiro de 2020, Braga Netto assumiu a Chefia da Casa Civil de Bolsonaro.

Convite feito dois dias, 48 horas, depois do assassinato do capitão Adriano da Nóbrega.

Fonte: Veja
Fonte: Veja

Adriano, o capitão associado ao Queiroz, o faz-tudo dos Bolsonaro. A Ronnie Lessa, o assassino de Marielle e Anderson. E a Flávio Bolsonaro, o 01.

Fonte: O Globo
Fonte: O Globo

Adriano, o Chefe do Escritório do Crime, uma agremiação de pistoleiros e matadores de aluguel. Adriano que empregava mãe e mulher no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Flávio Bolsonaro, como se sabe, condecorou o matador com a Medalha de Tiradentes.

Já o seu pai, o hoje presidente da República, defendeu Adriano na Tribuna da Câmara dos Deputados.

Fonte: O Globo
Fonte: O Globo

Quatro dias depois de Adriano ter sido condenado por assassinato.

Se eu e vocês sabíamos disso e dos óbvios significados, o general Braga Netto sabia e sabe muito mais.

Como recomendava Brecht, distanciem-se um pouco e pensem: o que mais é preciso dizer e demonstrar?

É preciso ser profeta, oráculo, pitonisa para entender os significados dessa ciranda?

Braga Netto, agora pré-candidato de Bolsonaro à vice-presidência da República.

E dele seguimos não ouvindo um A sobre o que conhece e sabe sobre o crime organizado. Sobre as milícias e facções Rio e Brasil afora.

Anotem: quando for preciso, em meio à eleição, o general evocará as Forças Armadas, a “âncora”, sem precisar citá-las.

Apenas como promessa embutida, intuída, de que um super-herói  virá para nos salvar.

No posto de super-herói segue esse tipo aí...