Novo capítulo da Farsa. O Supremo Tribunal condenou a 8 anos e 9 meses de prisão e à perda do mandato o deputado federal Daniel Silveira.

Que vem a ser um registro vivo da passagem do Homem de Cro-Magnon pela Terra há 40 mil anos.

Daniel Cro-Magon Silveira é aquele que devido à quantidade de músculos, naturais ou não, caminha com notável dificuldade.

Daniel Silveira quebrou a placa em homenagem à assassinada Marielle Franco.

Secundado por outro deputado, esse aí acima, que comprova a anterior existência do Homem de Neanderhal.

Nos últimos anos, o resquício de Cro-Magnon se dedica a pregar golpe, a atacar ministros do STF e o próprio Tribunal. Com virulência.

Cro e Neander não gostam do que se costuma chamar democracia e a atacam também.

Neander e Cro fazem questão de deixar claro: músculos e cérebros não estão obrigados a conviver no corpo humano.

Um General no Tribunal

Condenado o deputado, a Farsa seguiu o roteiro habitual.

Jair Messias, descendente do Homo Sapiens sem muitas escalas, indultou Daniel Silveira.

E aqui entram em cena o coro e demais personagens.

Barroso, ministro do Supremo, disse em videoconferência:

Pois há meses o próprio Barroso havia convidado um general para a direção-geral do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE.

O general Fernando Azevedo é ex-ministro da Defesa de Bolsonaro (sem vírgula). Azevedo depois desistiria de aceitar o cargo.

Que nexo tem, que nexo faz um general no TSE?

Nenhum nexo. Salvo o de reafirmar obviedade que seguem fingindo não ver em meio à toda Farsa.

Os militares são hoje e de novo O Poder no Brasil. Tomaram O Poder de outra forma.

Ocuparam o palácio, se penduraram nas estatais, enfiaram milhares na administração do governo.

E não pretendem abrir mão da mamata.

Toparam, numa boa, a aliança com o corrompido Centrão e com o espetáculo da corrupção.

Via, por exemplo, a distribuição para parlamentares, sem rosto e sem nome, de bilhões do orçamento secreto.

Na história verde-amarela, a maior distribuição de bilhões, com dinheiro público. Para buscar a reeleição.

Sem controle algum. Se e quando investigarem caso a caso, Inês já terá sido morta. Junto com muita gente.

Encenados os atos, novo capítulo da Farsa: a resposta militar.

Segundo o ministério da Defesa, Barroso foi “irresponsável”.

No Twitter, o general-ministro Luiz Ramos disse que “defender a soberania nacional é dever das Forças Armadas”.

Bocejos, tédio na plateia. Sabemos que as Forças Armadas não têm e nem devem ter o papel de polícia.

Mas sobre o estupro continuado da Amazônia, o que pensam os militares?

E acerca da aberração garimpos criminosos, ilegais em terras indígenas? Como as dos Yanomamis, por exemplo.

Reedição do “Integrar para não entregar”, projeto militar que começou a arrebentar a Amazônia na ditadura?

O general Braga Netto foi interventor no Rio de Janeiro em 2018.

De lá saltou para o Estado Maior do Exército e dali para a Casa Civil do governo Bolsonaro.

Depois, ministro da Defesa. Agora é candidato a vice de Bolsonaro, que tem como vice outro general, Mourão.

Segundo o já publicado sem desmentidos, 57% da cidade do Rio está sob ocupação de milícias e facções.

PCC, Comando Vermelho e que tais espalhados país afora.

O que tem a dizer as Forças Armadas, que certamente estudam esse Estado Paralelo na Escola Superior de Guerra e no Estado Maior?

Ouçam o estrondoso silêncio.

As Forças Armadas, bandeirosamente, só tem se pronunciado sobre assuntos da Política.

E não porque citadas, mas porque, muito antes, novamente deixaram os quartéis e se meteram na Política, arrastadas pela ambição de Poder.

E, sejamos claros, pelo humano querer se dar bem.

Estão aí, nas manchetes, o milhão de quilos de filé, picanha, salmão.

Enquanto, ao mesmo tempo, 19 milhões de brasileiros não têm o que comer.

São 125 milhões com “insegurança alimentar”.

Sem saber se comerão até o fim de cada mês, estão roendo ossos.

O Viagra incômodo

Está aí, deboche Brasil e mundo afora, o vexaminoso espetáculo do Viagra e das próteses penianas.

E não adianta general dizer que “não se incomoda”.

Como tropegamente disse o presidente do Superior Tribunal Militar, general Luiz Carlos Mattos.

Se incomodam, sim, e deveriam se incomodar muito mais.

Porque ao fugirem de suas funções constitucionais e se meterem na política estão expondo não apenas as Forças Armadas. Estão expondo o Brasil.

O então ditador Ernesto Geisel se irritou profundamente com Ulysses Guimarães, o grande líder do MDB à época.

Geisel fechou o Congresso, em abril de 1977, depois da estonteante derrota da Arena/ditadura nas urnas, diante do MDB.

Fechado o Congresso, para profunda irritação de Geisel e militares, Ulysses Guimarães comparou o ditador a Idi Amin Dada.

O grotesco então ditador de Uganda.

Passados 45 anos, o Brasil de volta ao passado.

A Farsa.

Fingindo-se de democratas, a tutela militar e a gritante ambição de ainda mais embutidas em notas e ameaças.

Com o país à deriva.