A busca por ser um influenciador é a corrida do ouro dos tempos modernos. Muitos seguidores, menções online e mesmo a aquisição de patrocínios de marcas, na mente de muitos, podem significar um passo a mais em direção ao sucesso e ao reconhecimento de quem são.
O marketing de influência também se tornou prática mais frequente. Marcas e negócios entenderam que para alcançar seus consumidores de forma efetiva, pulverizados em diversas redes e canais, com diversos interesses e conectados em diferentes tribos, era preciso utilizar-se de outras vias. E poderiam fazê-lo por meio de pessoas de confiança para esse público. Como consequência, a aceitação – ou mesmo apenas a visualização de suas mensagens – seriam garantidas.
Pessoas confiam em pessoas. E não tanto mais em marcas institucionais, como anteriormente. Por isso, o endosso ou a comunicação via influenciadores é um atalho que pode fazer sentido.
Mas o que é ser influente, afinal?
Segundo o dicionário Merriam-Webster:
“Influência é o poder de mudar ou afetar alguém ou algo; o poder de causar mudanças sem forçá-las diretamente para que aconteça”
A influência se relaciona à autoridade.
Quanto mais confiante alguém se sentir sobre você e sobre o que você diz, maior a probabilidade de que ele te ouça novamente. E quanto mais confiança você conseguir estabelecer com o tempo, maior a probabilidade de que você o influencie a agir.
A influência aumenta à medida que a sua relevância e reputação em determinado contexto aumentam. E é uma construção que demanda investimento de energia, foco, tempo e entregas.
Apesar de muitos relacionarem a palavra influenciador às pessoas que tem grande presença digital (muitos seguidores e grande visibilidade), um influenciador tem menos a ver com alcance e números (claro que são bem vindos) e mais a ver com relevância e engajamento.
Qualquer um pode ser um influenciador, mesmo que não tenha presença digital. Você pode ter poder de influência em um ambiente tão específico quanto o da sua empresa e família ou de maneira ampla como em um contexto de milhares de seguidores em uma rede social.
Alguns pontos que eu considero presentes e fundamentais em um influenciador:
- AUTORIDADE: do latim auctorĭtas, a autoridade é o poder, a legitimidade ou a faculdade. Pode vir da ocupação de um cargo, exercício de uma posição ou da conquista de conhecimento. A autoridade gera possibilidade para o exercício da influência.
- RELEVÂNCIA: é ser pertinente. É entender em que contextos cabem e em quais não cabem a sua menção ou intervenção. É considerar onde você tem sabedoria, interesse, vivência ou autoridade. É deixar a coerência guiar os seus discursos e ações.
- CONEXÃO: É a forma como você se conecta ao outro e se volta em direção a ele para melhor atendê-lo. A conexão abre ou fecha portas, independente da sua autoridade. É preciso haver um mínimo de conexão para que a ação seja tomada baseada em uma mensagem.
- ALCANCE: Até onde sua mensagem alcança, de forma direta (aos seus seguidores nas redes, por exemplo) ou indireta (por menções e recomendações). Quanto maior o alcance, maior o poder de influência (Apesar de, isoladamente, o fator alcance não ser sinônimo de influência). E é bom relembrar: Para ter influência não é necessário um grande alcance.
- CONFIANÇA: Eu considero a confiança a base para a construção da influência. É ela que facilitará o acordo em uma negociação, o alcance do “sim” durante a persuasão, a advocacia de alguém a seu favor e a absorção do seu conhecimento tido como válido. A confiança parte do nosso instinto de sobrevivência. E é um dos primeiros aspectos a serem avaliados no contato com alguém. Se não há confiança, não há permissão para a influência.
- PERMANÊNCIA: a “duração” do poder, da voz para causar movimento, deve ser maior do que os 15 minutos de fama ou os 30 minutos de uma reunião. A influência deve ser duradoura, pelo simples fato que a sua construção foi sólida e também duradoura.
A influência está geralmente ligada a um contexto e há limites até onde ela pode alcançar e gerar ações. Alguém reconhecido no meio da culinária, pode ter a opinião respeitada, mas não necessariamente será um influenciador quando o assunto for política, por exemplo. O que é diferente caso esse mesmo nome decida ser um ativista contra pesticidas. Sua voz terá muito mais relevância e poder de causar a ação em prol do seu discurso.
Uma coisa curiosa é que muita gente se esquece dos bastidores desse processo todo. Não aparecem nos números as dezenas de tentativas frustradas, nem as mensagens que ficam no vácuo por meses. O lado de dentro pode ser mais desafiador do que parece à primeira vista, e a paciência acaba sendo amiga de qualquer pessoa que queira ver sua voz crescer em algum ambiente. Influência tem disso: é meio invisível até dar algum sinal realmente concreto, aquilo que os outros conseguem notar.
Às vezes, o momento em que a influência se manifesta nem é planejado. Pode ser numa conversa despretensiosa com colegas, quando alguém resolve seguir um conselho seu, e só depois você percebe que, sem muito alarde, realmente provocou algum movimento ali. E olha, nem sempre a intenção era essa — mas, cá entre nós, essa espontaneidade talvez seja o segredo para as relações de confiança que importam de verdade. Curioso como muitos resultados relevantes surgem nos intervalos daquele esforço todo, não na vitrine onde todo mundo mira.
Equilíbrio entre Força e Calor
De acordo com os autores do livro “Compelling People”, os estrategistas de comunicação Matt Kohut e John Neffinger, no momento em que estamos sendo avaliados, estamos sendo medidos por duas características: “força” e “calor” (warmth em inglês).
A força é sua capacidade de fazer as coisas acontecerem com habilidade e disposição, enquanto o calor é a sensação de que você compartilha os mesmos sentimentos, interesses e visão do mundo que a pessoa com quem está falando.
Existem pessoas muito talentosas e inteligentes mas que estão interessadas apenas em si, a ponto de serem frias e insensíveis ao outro. E existem aquelas que podem ser as mais simpáticas e legais do mundo, mas que estão sempre se desculpando por serem quem são ou fazerem o que estão fazendo.
O caminho para a influência é a capacidade de equilibrar a força e o calor para ganhar o respeito e a confiança dos outros.
Diferença entre influência e popularidade
Popularidade é quando as pessoas gostam de você. Influência é quando elas param para ouvir o que você tem a dizer.
Por que muitos recorrem a táticas para o alcance de popularidade?
Porque elas trazem resultados visíveis, mensuráveis e que podem grandiosos (o aumento no número de likes, no número de visualizações e mesmo o surgimento de fãs).
Além disso, a busca pela popularidade pode nos satisfazer de maneira instantânea. Temos a necessidade de pertencimento e de agradar ao outro. E saber que esse outro, ou muitos outros, gostam de nós é prazeroso.
A busca por um não é mais correto do que o outro. Ou mesmo excludente. Existem pessoas que são influentes e não populares (políticos, por exemplo). Outras que são populares, mas não influentes (Claudia Leitte). E, ainda, aquelas que são ambos (Nathalia Arcuri, no contexto finanças pessoais, por exemplo).
Entretanto, é preciso ter visão crítica para saber o que realmente te trará os resultados para o sucesso na sua vida, carreira ou negócio.
Ainda, para reforçar o conceito:
Personal Branding não tem a ver com a conquista da popularidade ou da visibilidade imediata. Tem a ver com a conquista de influência, por ser exatamente quem você é e pelo que você tem a oferecer para o mercado. Seja para um contexto de dez pessoas ou de um milhão.
Como mensurar?
Se eu pudesse mensurar, seria baseado nas perguntas: quantas pessoas tomaram ação a partir do que você disse, recomendou ou fez como exemplo? Ou o quanto de movimento foi gerado a partir da sua influência? Quantas pessoas pararam para te ouvir/ler ou voltaram a fazê-lo após um primeiro contato? Ou quantas pessoas o referenciaram como alguém relevante no seu contexto de atuação?
Muitas vezes não temos o feedback de toda a ação gerada pelo que disseminamos, mas é possível mensurar influência de forma micro, pontual ou de acordo com um canal, por exemplo.
Os pontos acima poderia ser traduzidos em número de compras a partir de uma recomendação, o número de visitantes que retornam ao seu blog ou o número de convites para falar em entrevistas ou palestras na sua área, por exemplo.
Dicas para ajudá-lo na construção do seu poder de influência:
- Entenda o seu contexto: Onde você é mais relevante? Qual a sua história, conhecimento, trajetória? Onde você pode contribuir mais e se tornar referência para determinado público? É importante lembrar que ser influente não é ser popular, ou seja, você não precisa agradar a todos. E sim, entender qual o seu posicionamento no mercado, e dominá-lo.
- Seja confiante e tenha paixão pelo que faz: Nós acreditamos naqueles que sabem para onde estão indo e se importam com o que fazem. Por isso, demonstre a sua confiança e sua paixão no que você se envolve.
- Respeite a diversidade de opiniões e perspectivas: A intolerância pode minar a sua credibilidade por demonstrar a falta de respeito ao que o outro tem a dizer.
- Escute e seja interessado genuinamente no outro: são essas atitudes que demonstram o seu interesse em se conectar de maneira significativa com o outro. E como disse anteriormente, a conexão é um ponto importante para a influência.
- Comunique-se com relevância: Cada mensagem ou palavra emitida tem um poder de impacto ao outro. Além de dizer algo sobre você. Ter controle sobre o que é dito é cuidar do seu poder de gerar movimento, além de demonstrar que você se importa com o tempo do seu público. A comunicação relevante construirá a expectativa de que você deve ser ouvido ao falar, já que há consideração em cada palavra dita e não é uma perda de tempo.
- Não reaja a tudo que notar: Ser influente não é sinônimo de chamar a atenção a todo momento. Comprar todas as brigas pode desgastar a sua presença e diminuir a expectativa de relevância do seu público sobre o que tem a dizer. Além de confundir o seu público sobre o que você realmente luta ou se importa.
- Adicione valor, compartilhe conhecimento, ofereça algo para tornar o seu público melhor: A conquista de influência é uma construção. E é muito mais relacionado ao seu desejo de provocar a ação no outro, do que a busca pelo reconhecimento próprio. Com essa perspectiva, se você quer fazer o seu público ser melhor, ofereça o que você tem de melhor.
E então? Você é um influenciador?
Este artigo também pode ser lido aqui e aqui.