Todos temos contato com a escrita no dia a dia. Afinal, ela é um importante elemento de nossas vidas para nos informarmos e comunicarmos.

Pensando nisso, uma boa escrita torna-se fundamental para transmitir a melhor informação e tornar a comunicação a mais clara possível. Mas não é suficiente que ela seja boa: ela também precisa estar correta!

Quando se trabalha com escrita, isso é ainda mais importante. Uma grafia correta, interessante e coerente faz toda a diferença para profissionais que lidam diretamente com isso.

No entanto, todos estamos suscetíveis a cometer erros, não é mesmo? Foi pensando nisso que elaboramos este guia com 63 erros e dúvidas comuns da língua portuguesa.

O objetivo é auxiliar você na hora de escrever e conseguir sanar suas dúvidas de forma rápida e prática, evitando erros.
Gostou da ideia? Então, vamos começar!

Parecidos, mas não a mesma coisa

Você já deve ter ouvido falar que o português é uma língua cheia de nuances e truques, ou talvez você mesmo já tenha pensado nisso. Bom, a verdade é que realmente existem termos que causam grande confusão.

Um dos problemas que mais enfrentamos é o de palavras que são parecidas (ou até mesmo iguais!) na grafia e/ou sonoridade, causando confusão na escrita.

São as palavras homônimas e parônimas. Ambas têm significados diferentes: enquanto os homônimos são pronunciados da mesma forma, os parônimos têm uma pronúncia ligeiramente diferente.

Nesta primeira parte do guia, vamos nos dedicar a alguns dos casos mais comuns e que geram mais dúvidas.

1. Mas X Mais

Sim, o erro que todos odiamos, mas muitos de nós cometemos. Embora muito parecidos na sonoridade, especialmente no falar quotidiano, “mas” e “mais” têm significados e aplicações totalmente distintos.

“Mas” é uma conjunção adversativa que pode expressar contradição ou compensação. Já o “mais” pode ter várias funções dependendo do contexto, sendo que a mais comum (e confundida com o “mas”) é de advérbio indicativo de aumento.

Vamos ver isso na prática:

  • Eu entendo o que você disse, mas tenho algumas ressalvas.
  • Mais do que falar, temos que colocar em prática o que acreditamos.

2. Traz X Trás

Esse é outro erro muito comum entre palavras com sonoridade idêntica, mas com significado bem diferente.

“Traz” é a conjugação do verbo “trazer” na terceira pessoa do singular (ele ou ela). “Trás”, no entanto, é um advérbio de lugar, ou seja, indica posição.

Vale ressaltar que alguns deslizes de escrita são particularmente frequentes na hora de digitar rápido demais ou ao se distrair durante uma redação mais longa. Se você já se pegou escrevendo “trás” ao invés de “traz” (ou vice-versa), não se culpe tanto. A pressa insiste em pregar peças até nos mais atentos – e revisar com calma quase sempre resolve essas pequenas ciladas.

Observe a diferença de uso entre ambos:

  • Ele traz muitos problemas para seu grupo de amigos.
  • Ele tem uma grande raiva por trás de um semblante calmo.

Atenção: o “trás” frequentemente exige o uso de preposições: por trás, detrás, atrás.

3. Abaixo X A baixo

Essas duas formas estão corretas. “Abaixo” é um advérbio de lugar, indicando posição relativamente inferior.

Já “a baixo” é uma expressão formada por preposição (“a”) e substantivo (“baixo”), sendo usada para indicar um movimento em direção a algo inferior. Geralmente é usado para descrever todo o movimento: “de cima a baixo”.

  • O sapato está abaixo da minha cama.
  • O carro desceu morro a baixo com muita velocidade após perder os freios.

4. Encima X Em cima

Novamente, ambos estão corretos (por incrível que pareça). “Encima” é uma das conjugações do verbo “encimar”, que tem o significado de indicar algo que está no topo de alguma outra coisa.

De vez em quando, essas confusões parecem pequenas, mas podem mudar o sentido do que a pessoa quer dizer – ou apenas deixar a frase meio sem pé nem cabeça. Por sinal, se você for um daqueles que já confundiu “em cima” com “encima” numa mensagem informal, saiba que ninguém sai ileso: as redes sociais são verdadeiros campos de teste para esses deslizes (principalmente em grupos cheios de professores de português ou aquele amigo que adora corrigir os outros).

Já “em cima” é uma locução adverbial que indica posição, significando a parte mais alta ou “sobre”.

  • A coroa encima a cabeça do rei.
  • O livro está em cima da mesa.

5. Comprimento X Cumprimento

Não dá para fazer confusão entre essas duas, viu? Embora a escrita e a sonoridade sejam bastante parecidas, os significados são bem distintos.

O “comprimento” refere-se ao tamanho de algo, enquanto “cumprimento” pode ter duas funções. A primeira é como indicativo de um gesto de saudação entre duas pessoas; já a segunda serve para indicar finalização de uma tarefa.

No entanto, as palavras são usadas de forma muito semelhante no dia a dia. Por isso, vamos mostrar como as diferentes formas que assumem podem ser empregadas, ok?

Para isso, é importante entender que “comprimento” pode ser usado como substantivo, em sua forma original, ou como adjetivo, para descrever uma característica.

Já “cumprimento” também é empregado como substantivo e adjetivo, mas também como verbo, se usado para indicar ação.

Veja a seguir os usos de cada um, com o indicativo de sua função:

  • Qual é o comprimento médio do pescoço das girafas? (substantivo)
  • O pescoço da girafa é realmente muito comprido! (adjetivo)
  • Ele me concedeu um cumprimento seco, acho que não gosta de mim. (substantivo)
  • Já finalizei tudo que deveria fazer hoje. Ufa, serviço cumprido! (adjetivo)
  • Olhe, sua amiga está ali! Vamos cumprimentá-la? (verbo)

6. Senão X Se não

Tanto “senão” quanto “se não” indicam algum tipo de condição, mas eles devem ser usados de formas diferentes.

Enquanto “senão” é uma contraposição, “se não” é uma condição em que a outra opção é viável. Observe a diferença:

  • Fale baixo, senão você vai acordar o bebê!
  • Se não quiser vir conosco, tudo bem.

Dica: substitua por “ou então”. Se fizer sentido na frase, o certo é “senão”. (Fale baixo, ou então você vai acordar o bebê.) Da mesma forma, você pode tentar colocar a frase na afirmativa. Se for possível, o correto será “se não”. (Se quiser vir conosco, tudo bem.)

7. Houve X Ouve

Essas duas palavras são formas conjugadas dos verbos “haver” e “ouvir”, respectivamente.

Portanto, a diferença torna-se clara: “houve” se refere a algo que já aconteceu (é a forma passada do verbo), enquanto “ouve” é o ato de escuta de uma terceira pessoa (pois é a forma conjugada do verbo na terceira pessoa do singular).

  • Houve grande confusão no último domingo durante o almoço da família.
  • Ele ouve atentamente tudo o que a professora diz.

8. Tráfego X Tráfico

Profissionais do universo do marketing digital: atire a primeira pedra quem nunca falou algo como “práticas de SEO são boas para o aumento do tráfico”. Sim, nós erramos.

E, embora seja normal errar na fala, a escrita não perdoa, certo? Então, vamos solucionar esse errinho bastante comum, mas que nunca deve ser cometido!

O “tráfego” refere-se ao movimento ou fluxo de um conjunto de coisas, enquanto o “tráfico” é indicativo do comércio ilícito, seja como contrabando, seja de substâncias proibidas. (Deu pra perceber por que não é bom confundi-los, certo?)

Vamos aos exemplos:

  • O tráfego do blog está cada vez mais alto depois que começamos a investir em marketing de conteúdo!
  • O tráfico de mulheres é um grande problema, mas com pouca visibilidade.

9. Infligir X Infringir

Ambas as palavras são verbos e têm significados contextualmente similares (e até complementares), mas indicam ações diferentes.

Enquanto “infringir” significa desobediência à norma, “infligir” (atenção: repare que não tem “n” depois do -fli, ok?) se refere à aplicação de uma pena ou castigo.

  • Ele infringiu a Lei Seca, pois consumiu bebida alcoólica e dirigiu.
  • Quando foi parado em uma blitz e submetido ao teste do bafômetro, o policial lhe infligiu uma multa.

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