Para escrever bem, não basta saber colocar as letras e as palavras em ordem. É preciso utilizar alguns recursos para que o texto fique claro e o objetivo do autor seja alcançado perante seus leitores. Uma das ferramentas de escrita muito usada é a figura de linguagem — técnicas que esclarecem o sentido pretendido pelo interlocutor.

Existem várias categorias de figuras de linguagem e, no post de hoje, será dado o foco a uma única: explicaremos o que é analogia. Confira!

Definição de analogia

Analogia é a comparação direta e explícita entre entidades diferentes — seres, objetos, conceitos, ações e/ou experiências —, focando na semelhança entre eles. No entanto, essa aproximação se dá de maneira particular, subjetiva e em um contexto bastante específico.

Analogia enquanto figura de linguagem

A analogia funciona como uma exemplificação mais simples do que está sendo dito, de modo que ela atua, no aspecto semântico, como uma maneira de fortalecer a argumentação. Uma vez que ela é explícita, as equivalências normalmente vêm acompanhadas de conjunções (conectivos) de comparação: assim como, como, da mesma forma, tal qual, entre outros.

Confira este exemplo:

Uma alegoria muito famosa na literatura brasileira é a comparação feita pelo Padre Antônio Vieira, no Sermão da Sexagésima, entre o sermão e uma árvore.

  • “Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos. Assim há-de ser o sermão: há-de ter raízes fortes e sólidas, porque há-de ser fundado no Evangelho; há-de ter um tronco, porque há-de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão-de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela; estes ramos hão-de ser secos, senão cobertos de folhas, porque os discursos hão-de ser vestidos e ornados de palavras.”

Uso da analogia

Considerando a especificidade de uma analogia, é interessante usá-la ao escrever para a web apenas quando ficam muito claros os aspectos a serem aproximados. Caso não seja dada a devida atenção a isso, é possível que as analogias não façam sentido para o leitor e, com isso, além da ineficiência em transmitir uma mensagem, o texto ficará longo e “sem sentido”.

Aliás, engraçado como às vezes quem está escrevendo fica tão empolgado com uma analogia ousada que esquece de pensar se ela de fato ajuda alguém a entender alguma coisa. Dá para perder horas tentando lapidar uma comparação entre futebol e física quântica, por exemplo, mas no fim talvez só fique divertido para quem escreveu mesmo. Nem toda analogia sobrevive ao teste do bom senso — às vezes o termo de comparação está tão distante que só complica, e pronto.

Quando eu era estudante, vi professores tentando explicar gramática usando comidas, esportes ou novelas. Às vezes funcionava, noutras ficava forçado, quase uma caricatura. Isso não é ruim, só mostra que criar boas analogias exige certa malícia, uma sensibilidade para perceber onde o leitor pode se perder ou rir sem querer.

Por outro lado, quando usada de maneira direta e sucinta, com o objetivo de simplificar o ponto de vista do autor, o texto pode ser bastante assertivo e eficaz.

Essa relação de aproximação por semelhança não acontece apenas na literatura (ou na escrita). O termo analogia também é usado com frequência nas áreas do direito, da matemática e da biologia.

No primeiro, a analogia é quando uma lei se estende a um caso não compreendido nela, por identidade de razão. No segundo, está ligada à proporções numéricas, além de ser um método da lógica. Já no terceiro, é quando há semelhança de função ou de posição entre as partes de diferentes organismos.

Até mesmo na área dos estudos da linguagem, a analogia é usada de maneiras diferentes em cada área — sintaxe, morfologia, fonética, semântica. Isso mostra que, por mais que seja aplicada em várias situações distintas, o sentido análogo é sempre o mesmo. Aristóteles, filósofo grego, afirmou que todas as coisas são iguais por analogia, pois tudo se relaciona entre si, dependendo do ponto de vista.

Como falamos por aqui, existem outras figuras de linguagem que têm como foco a semelhança, como a símile e a metáfora, por exemplo. Confira a diferença entra elas aqui e entenda as melhores situações para usar cada uma delas.

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