Você já percebeu que, mesmo com telas mais capazes e com mais resolução, os elementos visuais em celulares, sites e conteúdos digitais estão ficando cada vez mais simples?
Isso não é só uma impressão e faz muito sentido para nosso dia a dia. Neste artigo, quero te mostrar um pouco do flat design: o que é, por que ele foi abraçado comercialmente e como esse estilo é aplicado. Vamos lá?
O que é flat design
Definir o flat design é até bem simples. Então, vamos começar por aqui: é uma filosofia de design que abre mão de todos os elementos de profundidade (tridimensionalidade), iluminação e fotorrealismo para criar elementos visuais econômicos e diretos.
A ideia é gerar símbolos e signos que sejam interpretados imediatamente, ao mesmo tempo em que criam uma distinção clara de cada parte dentro de uma interface como um todo.
Sim, o flat design de hoje foi pensado como um estilo de interface gráfica, conhecida como UI ou GUI. O uso inteligente de cores e uma síntese bem clara do significado de cada ícone dá mais navegabilidade. Assim, o usuário pode gastar menos tempo interpretando cada um dos ícones da tela.
De onde surgiu e por que o flat design importa
Hoje, o flat design é usado amplamente em interfaces, mas de onde veio esse estilo? Se analisarmos o uso de cores como signos importantes para comunicação e principalmente o foco em função sobre a forma, a ideia da UI minimalista não é nova.
Dois movimentos de design muito importantes para a modernidade começaram aí: Bauhaus e Swiss Design. Os dois estilos colocavam a comunicação como foco de peças visuais. Um equilíbrio entre precisão, intenção e beleza.
Mas faça daí uma pesquisa sobre as interfaces de computadores e outros dispositivos nos anos 1990 e 2000. Você vai ver como elas passavam longe dessa ideia minimalista.
Para popularizar os computadores e facilitar a transição de pessoas que nunca haviam utilizado esse tipo de equipamento na vida, toda a ideia de interface neles foi baseada em um realismo de temas e visuais.
Pastas, arquivos, lixeira: todos esses elementos nos PCs vieram para tentar emular virtualmente um ambiente de escritório. A mesma coisa acontecia com seus ícones, que tentavam ao máximo ser fiéis ao que estávamos acostumados fora da tela.
Contudo, o ser humano é muito bom em criar padrões e relações abstratas. Por que muitos programas ainda usam um ícone de disquete para salvar um arquivo, se ninguém utiliza mais esse item há pelo menos 15 anos?
A resposta é simples: porque, com o tempo, nós pulamos o intermediário e criamos uma associação de que o desenho de disquete é igual a salvar um documento. Foi essa nossa relação com interfaces que mudou um estilo para sempre.
O flat design hoje
O que as empresas de tecnologia começaram a entender com o tempo é que desapegar do fotorrealismo traria uma série de benefícios para as interfaces de computadores e, principalmente, de celulares.
O primeiro pé nessa proposta veio da Microsoft e seu Metro — estilo adotado no Windows 8. No entanto, talvez a principal ruptura tenha vindo de Jony Ive, chefe de design da Apple que apresentou a reformulação completa para o flat design no iOS7.
Com a consolidação dos smartphones em nossas vidas, o estilo casou perfeitamente com as telas pequenas, a interação por toque e a necessidade de ações rápidas e claras pelo usuário. Outro exemplo é o Material Design do Google, que segue muitos dos mesmos conceitos.
Muita gente subestima o impacto desse movimento, achando que foi só uma questão de ficar “bonito” e moderno. Na real, foi uma reviravolta estratégica: menos distrações visuais significam menos ruído cognitivo. E isso, sem rodeios, facilita aquela tarefa básica de todo mundo hoje — mexer em apps sem perder a paciência ou se confundir entre trocentos botões.
Falando nisso, basta reparar na concorrência: quase nenhum grande aplicativo se arrisca hoje a adotar um visual pesadão, cheio de texturas. A resposta do público foi clara. É até curioso ver como marcas inteiras aceleraram sua identidade visual para não parecerem “presas no passado”. Claro, há quem ache uma ou outra solução plana meio sem graça, mas não dá para negar o quanto a clareza e o foco contam muito nessa era dos excessos.
Contudo, ser simples não significa ser fácil. Pelo contrário, criar ícones e outros elementos que comuniquem rápido com pouco exige muito estudo e testes.
Quando bem-feito, é a tendência perfeita para uma era digital. O equilíbrio entre cores vibrantes e formas simples cria uma unidade agradável aos olhos, ao mesmo tempo em que tem alta usabilidade.
Estudar o estilo e praticar renderá frutos para designers por muito tempo, até que esse paradigma evolua novamente.
Como o flat design é utilizado atualmente
Vou pegar esse gancho para falar mais de prática. Afinal, como você pode aplicar o flat design em seu trabalho? A verdade é que mostrei muito as filosofias de sistemas operacionais, mas o conceito hoje se espalhou para toda a comunicação digital.
Pense no que é preciso em um conteúdo atraente e útil para o público:
- elementos visuais que chamem a atenção;
- comunicação rápida e bem-feita;
- uso de signos como orientação para o consumo de um conteúdo;
- facilidade de uso e fixação de uma experiência nas nossas mentes.
Tem sucesso no mundo digital quem chama a atenção rápido, informa, guia e converte. É por isso que você vai encontrar o flat design atualmente em:
- sites empresariais;
- e-commerces;
- marcas e logotipos;
- infográficos;
- manuais digitais;
- jogos eletrônicos;
- aplicativos para os mais diversos usos;
- redes sociais.
Pensando em mercado, o profissional que trabalha com flat design hoje é muito valorizado e tem bastante demanda de clientes. Não só para garantir uma grande usabilidade em seus produtos, mas para usar os próprios ícones como a base de suas identidades visuais.
Além disso, saiba que o flat design é muito mais sobre conceito e precisão do que sobre grandes efeitos de renderização, por isso, exige mais criatividade e estudo do que ferramentas caras. Ou seja, é uma grande porta de entrada para quem quer trabalhar na área.
Quando não usar o flat design
É claro que você não vai sair achatando o mundo inteiro. O flat design tem sua utilização mais enraizada nas interfaces, mas em alguns momentos não é a escolha mais adequada.
Imagens que precisam gerar mais empatia e se destacar por si só geralmente precisam de profundidade, diferenciação de materiais e jogos de luz e sombra.
Alguns exemplos são mascotes, embalagens de produtos, capas e pôsteres de conteúdo digital, sites com um foco mais artístico, entre outras situações.
No entanto, com o tempo e a experiência, você vai aparar suas habilidades e sua visão sobre esses pontos. Como eu disse, design é muito mais sobre conceitos e intenções do que grandes habilidades de ilustração. É comunicar com elementos visuais. Nesse sentido, o flat design é perfeito para a forma como interagimos hoje.