O acento tônico é aquele que, na linguística, denota em qual sílaba uma palavra tem ênfase quando pronunciada. Há idiomas que tem acentos fixos e aqueles que têm acentos livres e na língua portuguesa convivemos com três tipos diferentes de sílabas tônicas, que dividem as palavras nas classificações de oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas. Tudo isso você provavelmente aprendeu na escola, mas há grandes chances de que não tenha aprendido as curiosidades a seguir a respeito das oxítonas.

Essas palavras, também conhecidas como “agudas”, têm como principal característica serem acentuadas na última sílaba tônica. E isso pode acontecer na presença ou ausência de um diacrítico, como o acento agudo, o circunflexo e, no caso de alguns estrangeirismos, a crase.

Portanto, são oxítonas palavras como:

  • você;
  • cafè (quando na grafia francesa, referindo-se ao local) ou café (em bom português, referindo-se a bebida);
  • acarajé;
  • igarapé;
  • jiló;
  • alguém;
  • ninguém;
  • porém;
  • anzol;
  • farol;
  • ruim.

Para que uma palavra seja oxítona, de fato, a maioria dos estudiosos considera que ela precisa possuir mais de uma sílaba. As que contém somente uma (como má, vá e fé) são tidas na categoria de monossílabos tônicos, que só podem ser diferenciado dos átonos na companhia de outras palavras.

Uma regra muito utilizada pelos professores de português para ajudar-nos a identificar a sílaba tônica de uma palavra (e consequentemente categorizá-la como oxítona, proparoxítona e paroxítona) é usá-la como vocativo. Durante essa ação você simula que chama alguém a uma distância e o seu nome é a palavra que pretende ser identificada. Assim é fácil perceber que “mu-LHEER” tem ênfase na sua última sílaba e portanto é oxítona.

Em situações do dia a dia, não é raro ouvir as pessoas se enrolando ao usar uma palavra mais comprida ou pouco familiar, tropeçando justamente na sílaba tônica. Às vezes é só insegurança, mas em outros momentos, a mistura de regionalismos e manias pessoais cria algumas pronúncias bem inesperadas. Basicamente, se você parar para prestar atenção em uma conversa informal, vai perceber que até nativos derrapam feio nesse detalhe, sobretudo quando estão falando rápido ou querendo parecer mais sofisticados do que realmente são (adoro quando isso acontece, aliás).

Claro que nem sempre dá para culpar exclusivamente a falta de atenção; em certos contextos, o ambiente faz diferença. Por exemplo, uma palavra repetida várias vezes de formas diferentes pode acabar confundindo até quem domina bem a gramática. Não é raro um professor ou locutor corrigir alguém no ar, como quem não quer nada, só para poupar a plateia dos erros de prosódia que se espalham feito cópia malfeita de uma receita de bolo. O lado engraçado é perceber como, mesmo com ensino formal, a força do uso corrente às vezes fala mais alto.

Mas há uma série de outros recursos que você pode utilizar para garantir que está fazendo a aplicação correta das oxítonas. Confira-os nos tópicos a seguir.

1. Regras fundamentais de acentuação

Como vimos acima, as oxítonas não necessariamente precisam ser acentuadas. Há situações em que o uso dessas palavras já presume a ênfase na última sílaba sem que um diacrítico se faça necessário.

Existe, porém, uma regra muito simples para você descobrir se uma oxítona precisa de acentuação ou não. Essa regra não foi alterada pelo Novo Acordo Ortográfico, ou seja, continua valendo.

São oxítonas obrigatoriamente acentuadas todas as palavras que terminam com as letras: a, o, e e em. Elas exigem algum tipo de acentuação quer sejam seguidas ou não da letra s, que geralmente compõe os plurais. Temos como resultado as palavras exemplificadas a seguir:

Acentuadas em “a”

  • carajás;
  • cajá;
  • chá;
  • crachá;
  • sabiá;
  • gás;
  • está;
  • aguarrás;
  • atrás.

Acentuadas em “o”

  • jiló;
  • coió;
  • dominó;
  • avó;
  • avô;
  • paletó.

Acentuadas em “e”

  • até;
  • café;
  • mané;
  • invés;
  • revés;
  • olé;
  • português.

Acentuadas em “em”

  • parabéns;
  • porém;
  • alguém;
  • outrém;
  • armazém.

2. Ortoépia e prosódia

Chamamos de ortoépia a correta pronúncia de todos os grupos fônicos da língua portuguesa. Ela está relacionada, por exemplo, com a articulação das consoantes.

Quando cometemos erros com relação a ortoépia eles são conhecidos como cacoepias. Uma das cacoepias mais comuns é pronunciar a crase.

Na mesma categoria em que temos a ortoépia há a prosódia. Essa diz respeito especificamente a acentuação tônica das palavras. Com relação as oxítonas, um erro muito comum é não enunciar corretamente a última sílaba tônica.

Em palavras como:

  • cateter;
  • condor;
  • hangar;
  • mister;
  • Nobel;
  • recém;
  • refém;
  • ruim;
  • ureter; e
  • sutil.

Um erro de prosódia seria pronunciá-las dando ênfase não a última sílaba e sim a primeira. Representamos isso aqui movendo o acento agudo para forçar essa pronuncia equivocada. Leia as palavras seguintes em voz alta:

  • cáteter;
  • cóndor;
  • hángar;
  • míster;
  • Nóbel;
  • récem;
  • réfem;
  • rúim;
  • úreter; e
  • sútil.

É mais difícil errar em exemplos como os terminados em “em”, pois eles exigem obrigatoriamente a acentuação. Entretanto, nos demais é tão comum cometer erros de prosódia que você pode observá-los até no refrão de uma canção do Oswaldo Montenegro.

3. Ditongos abertos

Na língua portuguesa, temos o conceito de ditongo, que é a emissão simultânea de dois fonemas vocálicos em apenas uma sílaba. Ele pode ser composto de vogal e vogal, vogal e semivogal ou vice-versa.

Alguns ditongos são necessariamente sinônimos de uma palavra oxítona. Então quando você encontrar por aí termos que são finalizados em ói, éu ou éi pode automaticamente classificar essas palavras como oxítonas.

Veja alguns exemplos:

  • chapéu;
  • herói;
  • troféu;
  • véu;
  • fiéis;
  • papéis.

4. Oxítonas e pronomes enclíticos

Quando fazemos uma composição entre uma palavra e um pronome, ela é denotada pelo hífen + pronome. Pense em termos como “chamá-lo” ou “buscá-lo” para entender isso com mais facilidade.

Você já deve ter notado que há situações nas quais a palavra precisa de acentuação e outras em que não. Mas como saber exatamente quando aplicá-la?

Conhecendo as regras de tonicidade! Na língua portuguesa são acentuadas graficamente (e obrigatoriamente) todas as formas verbais oxítonas que terminam com as letras a, e e o, sempre que estas são ligadas às formas pronominais -la, -lo, -las, -los.

Por isso temos como resultado:

  • chamá-lo;
  • buscá-lo;
  • conservá-lo;
  • vendê-lo;
  • fazê-lo;
  • repô-lo;
  • dispô-lo.

Todavia, quando as palavras são terminadas em i, só devem ser acentuadas se a vogal i estiver compondo um hiato na palavra original. Como em:

  • substituí-lo ou
  • atraí-lo.

5. Identificando palavras oxítonas

Se todas as regras citadas até aqui não forem o suficiente para que você identifique uma palavra oxítona, vale seguir essa última orientação. Ela diz respeito a todas as palavras que são naturalmente oxítonas ainda que não possuam nenhum tipo de sinalização gráfica.

Quando terminadas em i, u, im, um, om, r, l, z ou x você pode ter certeza que uma palavra é oxítona. Como nos exemplos abaixo:

  • melhor;
  • amor;
  • anzol;
  • anel;
  • talvez;
  • arroz;
  • botox;
  • xerox;
  • ali;
  • saci;
  • abacaxi;
  • guru;
  • urubu;
  • ruim;
  • capim;
  • atum;
  • jejum;
  • crepom;
  • marrom.

Entender qual é a sílaba tônica de uma palavra vai ajudá-lo a escrever melhor, pois ajudará você a lidar com dúvidas como a aplicação dos pronomes enclíticos. Também fará com que você tenha uma pronuncia mais eficaz do português e seja entendido com mais facilidade.

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