Fazer um projeto de UI Design é um desafio empolgante e dinâmico para designer freelancer. Envolve a estruturação da informação, planejamento de experiências e mecanismos de interação que atraiam e encantem todos os usuários.
Mas, por contar com tantas questões importantes, um ponto primordial do design, muitas vezes, fica de fora: o trabalho bem-feito com uma paleta de cores adequada.
Você sabia que é possível trabalhar com cores de uma maneira objetiva e inteligente, sem apelar para chutes e testes de tentativa e erro?
Neste artigo, vou mostrar para você práticas que possibilitam a escolha da paleta certa para suas interfaces com planejamento, conhecimento e estratégia. Acompanhe as dicas!
Pense no objetivo da interface
Atualmente, o UI Design é multifuncional. Interfaces podem ser uma demanda de projetos de software, games, apps, sites e até conteúdo interativo.
Portanto, o primeiro passo para escolher a paleta certa é dominar o briefing de cada projeto. Entender seu objetivo e o papel das cores para atingi-lo.
Um exemplo disso é a otimização de SEO e jornada de conversão em sites corporativos. O uso certo de cores e contrastes ajuda a destacar CTAs e guiar o usuário por links que sejam mais vantajosos para o cliente.
Com uma boa harmonia, é possível dirigir o olhar da pessoa para links internos, formulários, informações mais relevantes. Além de melhorar a experiência em geral, você, como designer, pode até ajudar comercialmente a empresa com a qual trabalha.
Leve em conta a identidade do cliente
Se a marca do seu cliente é verde, não é estranho ter uma interface de um app toda azul? Parece óbvio, mas muitos designers têm dificuldade de adaptar uma paleta atraente de cores com a identidade visual com a qual está trabalhando.
O ideal é que a cor primária da marca seja também a sua cor primária, da qual você extrai as combinações mais adequadas que combinem tanto com o cliente quanto com a proposta da interface.
Escolha seu esquema de cores
Ter a cor da marca do cliente (ou desse projeto específico do cliente) como primária facilita muito na hora de decidir pelo seu esquema de cores. Mesmo assim, é neste momento que muitos designers se perdem.
Não dá para fingir que todo projeto vai seguir uma receita pronta — aliás, quem trabalha com criação sabe o quanto cada detalhe depende de contexto. Às vezes o cliente pede mais ousadia, outras vezes a segurança do feijão com arroz. Uma conversa aberta nessa fase, mostrando esboços, testando esquemas com feedback rápido, costuma evitar muitos tropeços lá na frente.
Inclusive, software de prototipagem, como Figma ou Adobe XD, pode ajudar demais nesse processo. Dá para criar variações, bater o olho, pedir uns pitacos e ajustar tudo sem grandes dramas. No fundo, errar agora é quase uma vantagem — sai bem mais barato do que rever tudo depois da interface já publicada.
Existem diversos métodos de criação de paletas dentro da teoria das cores, como:
- análogo;
- complementar;
- monocromático;
- tríade;
- quadrado.
Cada modelo desses oferece uma disposição de tons específica dentro da roda de cores. E cada um gera uma sensação diferente para destaques e pareamento de elementos.
Por exemplo, uma paleta análoga traz tons vizinhos como vermelho e laranja, ou azul e roxo — permitem uma visual mais harmônico e fluído.
Já as paletas complementares pareiam cores opostas no espectro, como vermelho e verde, azul e amarelo. Com esse modelo, você consegue interfaces mais energéticas e destacadas.
Tudo vai depender do briefing e do seu olhar para o que cada projeto demanda. Felizmente, a teoria das cores é quase matemática e existem ferramentas que podem ajudar você a montar o esquema perfeito — como o Adobe Colors e o Coolors.
Busque o equilíbrio na composição
Depois das cores escolhidas, você ainda tem um trabalho muito importante na composição delas dentro da interface. Dependendo da forma como estão dispostas elas podem encantar e guiar o usuário ou incomodar e dificultar a experiência.
Talvez aqui caiba um teste rápido: mostre para alguém de fora da área, veja se o olhar deles se perde ou se navegam de um ponto a outro sem pensar muito. Às vezes, você percebe um problema de contraste que não pulou aos olhos no meio dos mockups. Outra coisa, considerar diferentes iluminação de telas — aquele monitor velhinho nem sempre exibe tudo como no seu notebook novinho, e aí a cor que parecia vibrante vira algo meio sem graça.
Nem tudo é imediatamente perceptível. Adaptar-se ao inesperado faz parte. Às vezes, um toque de intuição salva o projeto mais do que horas de revisão metódica.
Com o tempo, designers começam a internalizar esse equilíbrio e fazê-lo de forma rápida e eficiente. Mas, se você está começando ou não tem tanto prazo disponível, é sempre seguro ir na composição conhecida como 60-30-10.
Nesse modelo, você usa a cor primária em 60% dos elementos, a secundária em 30% e a terciária em 10%, apenas em destaques e CTAs.
Claro, essa proporção é mais subjetiva que matemática, mas dá uma noção bem clara sobre uma maneira de usar a paleta de UI Design sem medo de errar.
Considere o uso da psicologia das cores
Além da harmonia visual das interfaces, o designer sempre deve considerar o que cada cor representa psicologicamente para as pessoas. Existem diversos estudos que apontam para uma percepção inconsciente de sentimentos e intenções baseadas nas cores utilizadas.
Exemplos clássicos são cores quentes para experiências energéticas e as frias para experiências tranquilas. Ou até usos mais específicos: a combinação de amarelo e vermelho para fome, de azul e roxo para relaxar etc.
Estude mais sobre a psicologia das cores e compare sempre esses efeitos com os objetivos do briefing do cliente para reforçar a mensagem que ele quer passar.
Considere as diferenças culturais
Um adendo ao tópico anterior: é importante notar que essas cores nem sempre são percebidas de maneira similar dependendo das culturas. Um exemplo muito usado disso é como o roxo é considerado uma cor de luto em alguns países asiáticos, enquanto no Brasil usamos o preto.
Mas essas diferenças podem estar até dentro do mercado interno, ainda mais em um país tão vasto e diverso como o nosso. Portanto, pesquise o que as cores significam em cada região para ter certeza que todas tenham a mesma percepção sobre a mensagem.
Conheça algumas simbologias padrões de mercado
Dependendo do setor em que seu cliente atua, existe a expectativa do uso de certos tons na paleta. Alguns exemplos disso são o azul para áreas de tecnologia e o verde para saúde e sustentabilidade.
Você não precisa se ater a clichês sempre, mas, muitas vezes, verá a necessidade de ir nesses lugares comuns para passar o mais rápido possível a comunicação exigida pelo cliente. Mesmo que sejam apenas alguns toques, esses tons são atalhos para a interpretação de uma interface.
Trabalhe com design para a inclusão
Para terminar, queremos lembrar que nem sempre as cores serão visualizadas da mesma maneira dependendo dos perfis de usuários em potencial para a UI.
O ideal é ter combinações alternativas para essas pessoas. Vários tipos de daltonismo, por exemplo, exigem a escolha de tons que permitam a diferenciação das cores de acordo com os espectros existentes.
Outro ponto a ser analisado é a opção de alto-contraste, que utiliza de tons complementares duros para que se tornem funcionais na interpretação de formas e informação.
Nesse caso, a paleta provavelmente não ficará da maneira como você pensou como ideal, mas é necessária para incluir todos os usuários em uma experiência satisfatória.
Afinal, o trabalho de UI Design é um trabalho de comunicação por meio da interação. É uma maneira de dar às pessoas poder sobre a navegação e direcioná-la para os objetivos do cliente.
Nesse sentido, a paleta de cores que você escolher é fundamental. É ela a responsável por atrair, passar uma mensagem coerente e guiar a experiência do usuário.