Aos 17 anos de idade, um garoto tomou uma decisão que mudou sua vida.
Aos 17 anos de idade, um garoto tomou uma decisão que mudou sua vida. |
Sem saber o que esperava, o embarque no Aeroporto de Guarulhos. |
Primeira viagem de avião na vida. |
Destino: Tóquio, Japão. Aeroporto de Narita. Com um "stop over" em Nova York. (Quem diria aos 17 anos, este foi aos Estados Unidos pela primeira vez) |
Um em avião da Varig, que talvez ninguém hoje iria querer viajar, 9 horas de trecho sem entretenimento de bordo, apenas um fone de ouvido que não funcionava. |
Eu e meu medo de voar. |
Este medo esteve comigo durante pelo menos 15 anos. (Como eu perdi tantas oportunidades na vida por causa dele...) |
Após esta primeira horrível experiência, lá estava eu nos Estados Unidos. |
A primeira impressão foi horrível. No imenso aeroporto JFK, um transfer que levou 4 horas e como não sabia praticamente uma vírgula de inglês, estávamos vulneráveis a apenas um tradutor que tinha de cuidar de umas 20 pessoas que tinham o mesmo destino. |
Pessoas estressadas, mal educadas e que nos olhavam de forma diferente. Pelo simples fato de ser estrangeiro. |
Hoje, eu sei que tudo isso era por culpa de nós mesmos que não damos valor a aprender a se comunicar. |
E com isso, criamos preconceitos e julgamentos injustos pois ambos não dão oportunidade e paciência para conhecer outras pessoas melhor. |
No avião de NYC para Narita, o primeiro choque de realidade. |
Um baita avião da ANA (Air Nippon Airways), uma das maiores aérea do Japão até hoje, já dando com os dois pés na porta do que iria conhecer no meu futuro. |
Chegando em um início de uma chuvosa noite no Japão, mais umas 2 horas de carro para um alojamento. |
Com alguns dólares no bolso, sem emprego ainda, apenas com uma promessa de um trabalho, sem saber falar japonês ou inglês, sem meus familiares, a promessa de um trabalho em uma dos trabalhos mais pesados do país em Shizuoka. |
Este que vos escreve, foi parar em um estado vizinho da região atingida pelo Tsunami e violento terremoto de 2011, em uma cidade no meio do nada, escondida entre as montanhas com menos de 5 mil habitantes. |
Quem dera ter a experiência de 18 anos de vida neste país. Mas a vida não é assim. |
E os desafios eram inúmeros. |
Desde fazer uma compra no supermercado até conseguir entrar em contato com a família para dizer que chegou bem. |
Quem dera se informar sobre as notícias no mundo e no país que amamos. |
Em um tempo onde não havia smartphone e a internet estava começando a engatinhar, a solução era gastar 150, 170 reais por 29 minutos de conversa em um telefone público para dizer a sua mãe, sua irmã que mesmo longe, estava bem e que a amava. |
A cada duas semanas, um caminhão com produtos do Brasil aparecia na cidade e através de um jornal que existia aqui na época, alguma notícia do seu país, quem sabe me informar se meu Coringão estava bem no campeonato. |
Em 2003, eu comecei a trabalhar em uma fábrica de celulares, ganhando cerca de 100 dólares por dia de trabalho precisando produzir 12000 peças diariamente. |
O que eu não sabia é que aquela região é uma das mais afetadas no planeta em terremotos. |
Em uma casa morando com outras 7 pessoas, cheia de rachaduras, tive a maravilhosa experiência de pegar um terremoto de 5 graus enquanto tomava banho para trabalhar. |
Esta é apenas uma das experiências que vivi aqui. |
Com o tempo, quem sabe, possa vir compartilhar se você tiver interesse de saber... |
Muita coisa mudou de lá para cá. |
Mas a única certeza que tenho é que o aprendizado que carrego, nenhum dinheiro, fama ou qualquer outra coisa consegue adquirir. |