A Militância Anticonservadora

Qual resposta você marcaria se tivesse feito ontem a prova para residência em Serviço Social na rede pública de saúde do Distrito Federal?

Aliás, por que raios uma pergunta equivocada sobre conservadorismo numa prova de residência em Serviço Social?

Essa questão, que recebi hoje de um candidato, é um horror do início ao fim. É inacreditavelmente mal formulada e a resposta depende única e exclusivamente da equivocada definição difusa de conservadorismo apresentada por quem a formulou. E o que ele entende por “conservadorismo” é de uma ignorância monumental: uma posição reacionária, defensora da “família tradicional, monogâmica e cristã” e que “ataca os direitos das pessoas negras, das mulheres e da população LGBTQIA+”.

Reunidos, esses elementos não definem absolutamente nada que se pareça com a mentalidade e com o pensamento conservador. Essas características, juntas, estão tão próximas do conservadorismo quanto Farfarout do Sistema Solar.

A cada vez que eu leio questões como essa percebo o quão árduo será o trabalho de detox ideológico do ensino, das provas, dos concursos no Brasil. E quando eu falo detox ideológico, que fique claro, não é trocar perguntas de uma posição política adversária por perguntas e respostas de orientação conservadora. E, se for o caso de haver a necessidade de questões sobre política, que haja uma pluralidade de visões sem um viés para um lado ou para o outro. Mas o que vemos é o contrário disso.

E aí vem a indagação: o que o candidato deve fazer ao se deparar com uma questão como essa? O que eu sugiro é simples: escolha a resposta errada, passe na prova, comece a estudar/trabalhar, ocupe posições, ajude a mudar “por dentro” o que está errado. Ou você age assim ou estará fora e fará exatamente o que os militantes querem: deixar o caminho livre para que eles atuem sem ninguém para atrapalhar.

Sabem quais eram as respostas “corretas” da questão?

As mais óbvias: 92 e 93.

Inacreditável.