A roupa que vestimos mostra o respeito – ou a falta de – que temos por nós mesmos e pelos outros.
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A roupa que vestimos mostra o respeito – ou a falta de – que temos por nós mesmos e pelos outros.

A roupa que vestimos mostra o respeito – ou a falta de – que temos por nós mesmos e pelos outros. É um símbolo de certas virtudes materializado na maneira como nos apresentamos em privado e publicamente. Um homem mal vestido, desleixado, que ...

Bruno Garschagen
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A roupa que vestimos mostra o respeito – ou a falta de – que temos por nós mesmos e pelos outros. É um símbolo de certas virtudes materializado na maneira como nos apresentamos em privado e publicamente. Um homem mal vestido, desleixado, que considera o vestuário um supérfluo, que pretere a sua própria dignidade em nome do conforto, pode ser letrado e polido, mas jamais será um homem civilizado, um cavalheiro e, para usar uma expressão esquecida, um gentil-homem.Uma roupa é apenas uma roupa nesses tempos hodiernos e ordinários. A roupa do lazer serve para visitas sociais e até missa.

Os bárbaros ignoram, por exemplo, que ir de bermuda à igreja é tão herético quanto dizer que Leonardo Boff é católico. Vivemos numa época em que o conforto do jeans, camiseta e tênis sobrepõe-se a qualquer preocupação com o ambiente frequentado.O sentido de adequação dos trajes ao local é raridade.

Tornou-se comum indivíduos irem a eventos formais como se estivessem indo à praia ou ao bar.Uma roupa não tem a função de exibir a situação econômica de quem a veste. Quem o faz corrompe a simbologia virtuosa que um traje evoca. E será tão menos virtuoso quem gasta fortunas comprando roupas de grife como atestado público de sua conta bancária.Não será menos responsável por seu infortúnio aquele que investe alto num costume de marca famosa e permite que o traje apresente-se como inimigo do próprio corpo.

Além disso, tornou-se comum pais que se vestem como os próprios filhos porque estacionaram no processo de maturidade. Em certos ambientes, hoje é difícil distinguir pelo vestuário certos avôs de 50 anos de seus netos de 15.Na média, nós, homens brasileiros, nos vestimos mal. A roupa é destinada ao conforto ou a, simplesmente, cobrir o corpo. Carecemos, independentemente da classe social, de um sentido estético. A roupa é a evidência mais pública dessa nossa ausência de acuidade. Não há nem sentido estético nem a compreensão de que as vestes também transmitem dignidade, grandeza, valores, respeito.