As origens psicológicas da escolhas politicas
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As origens psicológicas da escolhas politicas

Bruno Garschagen
2 min
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Existe relação entre as origens evolucionárias do homem, seus sentimentos inatos, seu raciocínio moral e suas escolhas ideológicas? Sim, existe, e é demonstrada por estudos de psicologia social, psicologia moral e de comportamento político. Esses estudos sugerem um vínculo entre as origens evolucionárias do homem, seus sentimentos inatos, seu raciocínio moral e suas escolhas ideológicas, que não seriam baseadas em escolhas racionais, mas instintivas. Isso ajuda a explicar as paixões políticas e os vínculos irracionais que muitos têm com diferentes tipos de ideologia.

As ideologias são, muitas vezes, o combustível ou a justificativa para tais atos, não a sua causa. Muitos indivíduos se tornam militantes ideológicos motivados pela intuição moral, termo utilizado pelo psicólogo Jonathan Haidt no livro A Mente Moralista. É essa intuição, despertada pela indignação, ressentimento, senso de justiça diante de problemas concretos ou abstratos que irá aproximá-los de correntes políticas mais alinhadas aos seus sentimentos inatos.

Haidt mostra que só ideias não transformam um cidadão pacífico, por exemplo, num revolucionário que usa a violência como método político. E aqui reside um aspecto interessante: ninguém se transforma num demônio apenas porque leu um livro ou porque estabeleceu um pacto satânico com uma ideologia política. O demônio que essa pessoa traz dentro de si é, às vezes, despertado pelo envolvimento com a ideologia e com o grupo político com o qual se identifica e que o acolheu.

Esse sentido de pertencimento, de identidade tribal, de abrigo social, é elemento poderoso no direcionamento de comportamentos. As ideias políticas têm a função de organizar e legitimar os atos. E quanto mais dura e violenta for a realidade individual da pessoa, mais profundo será o compromisso ideológico, o radicalismo, a violência.

Por essa razão, debater com esse tipo de revolucionário é perda de tempo se o objetivo for convencê-lo de algo. Se for necessário o debate, que se faça pensando em alertar a audiência sobre os perigos da ideologia e da ação política do adversário. Caso contrário, você, provavelmente, cairá na armadilha e dela não escapará incólume.