Criadora de "Friends" doa US$ 4 Milhões após assumir erro por falta de diversidade na série

Marta Kauffman poderia apenas dizer que, analisando a série Friends com os seus olhos de hoje, poderia ter incluído atores que representassem as várias cores, biotipos, culturas, nacionalidades que constituem parcela dos americanos, mas não, isso seria insuficiente para quem acha que encontrou a luz depois de décadas vivendo nas trevas.

Ela poderia, inclusive, dizer que está pensando numa nova série que tenha o perfil que ela lamenta não ter havido no passado. Poderia ter conduzido a discussão de forma positiva e com seriedade, mas o desejo de se mostrar superior foi maior do que a vontade sincera de compreender o problema e propor sugestões que estimulassem a união de esforços. O que ela disse provoca o efeito contrário e irrita todos aqueles que, como eu, gostam de Friends.

(Lembro que achei a série uma merda quando assisti alguns episódios pela primeira vez por sugestão do meu amigo @fabiodanesi. Anos depois, eu, claro, me desculpei com ele).

Esse tipo de expiação pública protagonizada por Marta Kauffman jamais me parece sincera. Sempre vejo manifestações similares como uma forma de justificar-se perante os seus pares nos ambientes onde reside, trabalha, circula e seduzir aquela parte da audiência cujo ressentimento é o motor da própria existência e da ação política.

Os novos trabalhos de Marta Kauffman terão, assim, a chancela dos “progressistas”, dos “justiceiros sociais”, dos manda-chuvas, diretores, roteiristas, atores, enfim, da maior parte da classe artística sem a qual suas novas séries não existirão.

Por fim, destaco o seguinte: ao fazer a doação de US$ 4 milhões de dólares para o Departamento de Estudos Africanos e Afro-Americanos da Brandeis University, onde ela estudou, Marta Kauffman está sendo seletiva e injusta ao não contemplar todos os demais que não são negros, como os descendentes de mexicanos. Faltou na sua doação justamente a diversidade e representatividade que ela lamentou não ter existido na série Friends.

Será que, no futuro, Marta Kauffman vai justificar-se novamente pela falta de diversidade e representatividade no departamento que ela financiou?