“Ideal Conservador de Sociedade”

Quando insisto que para alguém se qualificar como conservador é preciso saber o que é conservadorismo, o mesmo raciocínio se aplica a quem pretende criticá-lo ou satirizá-lo.

O brasileiro que modificou o desenho original feito pelo @_ottaviocantdraw, que criticou de forma tola a recente decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre o aborto, consegue errar em todos os aspectos.

Comecemos pelo título: não existe “ideal conservador de sociedade” porque o conservador não é um idealista e, portanto, não elabora nem prescreve uma sociedade ideal a ser alcançada, tal como os utópicos e revolucionários.

Uma pirâmide formada por velhos ricos no topo, bebês armados no meio e trabalhadores na base é uma fantasia grotesca. Sem os bebês, a pirâmide com velhos ricos fumando charuto e sustentados pelos trabalhadores é a imagem exata da Cuba socialista com Fidel Castro e sua corriola no poder.

E o que significam os bebês em formação portando armas e atirando? Sob uma perspectiva conservadora, proteger os bebês no ventre das mães contra o assassinato legalizado e clandestino é justamente o reconhecimento de que eles não conseguem se defender sozinhos porque estão desarmados e vulneráveis.

A respeito da base da pirâmide formada em sua maioria por trabalhadores (com uma parcela possivelmente formada por conservadores), isso é um dado da realidade, mas não da forma ideológica como o desenho mostra a partir da contraposição entre o “opressor conservador” e o “proletário oprimido”.

Na maioria dos países, e no Brasil em particular, quem está no topo da pirâmide e é sustentado obrigatoriamente pelos trabalhadores são os políticos, membros do judiciário, todos os servidores estatais que recebem por meio dos tributos cobrados e empresários corruptos que enriquecem por meio de esquemas com políticos e servidores.

Em resumo, não há nada de conservadorismo na imagem, nas representações, nos símbolos, na mensagem. O desenho é a prova de que se uma imagem vale mesmo mais do que mil palavras o seu autor ignora profundamente todas elas para atacar algo (o conservadorismo) que ele desconhece completamente.