Não seja o reflexo do que você diz combater
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Não seja o reflexo do que você diz combater

Conservadores não podem aceitar jogar o jogo dos adversários porque não devem se submeter às suas regras, ética e conduta. Quem aceita e mimetiza o comportamento do oponente, deixa de ser o que é para se transformar no outro que pretendia...

Bruno Garschagen
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Conservadores não podem aceitar jogar o jogo dos adversários porque não devem se submeter às suas regras, ética e conduta. Quem aceita e mimetiza o comportamento do oponente, deixa de ser o que é para se transformar no outro que pretendia combater.

Há três ensinamentos que devem ser observados.

O primeiro está nesse trecho do catecismo da Igreja Católica:

“II. O ato moralmente bom pressupõe, em simultâneo, a bondade do objeto, da finalidade e das circunstâncias. Um fim mau corrompe a ação, mesmo que o seu objeto seja bom em si (Catecismo 1755).”

O segundo está na Bíblia:

“Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem” (Romanos 12:21).

O terceiro está no livro Além do Bem e do Mal, de Friedrich Nietzsche, que não era nada religioso:

“Quem deve enfrentar monstros deve permanecer atento para não se tornar também um monstro. Se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti”.

Esses excertos são alertas importantes para os conservadores não se deixarem enganar por quem sugere infindáveis justificativas para usar a estratégia do oponente contra ele (“luta assimétrica”, etc.). Ao fazê-lo, o conservador terá abandonado o conservadorismo para converter-se na imagem degenerada do adversário. E o que eu tenho visto há anos é o fracasso miserável de todos os que defendem esse tipo de conduta ineficiente.

O que deve fazer o conservador? Adotar padrões elevados, definir objetivos e caminhos, lutar com vigor, coragem, inteligência, equilíbrio, estratégia eficiente para conquistar seus objetivos por meio de instrumentos intelectuais, políticos, econômicos adequados ao pensamento conservador e assim encontrar soluções e resolver os problemas.

É, sim, possível defender o que se acredita, proteger o que se ama e valoriza, construir algo positivo, combater o que deve ser combatido, mas, fazê-lo sob uma perspectiva conservadora, exige labor, inteligência, coragem, equilíbrio, não atitudes intemperadas, imprudentes, irresponsáveis e ineficazes que corrompem, degeneram as virtudes que fundamentam o conservadorismo e destroem a possibilidade de construção de um pensamento e movimento conservadores virtuosos e eficazes.