O que nos dizem os resultados da eleição?
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O que nos dizem os resultados da eleição?

Essas são algumas observações sobre os resultados de ontem da eleição 2022:

Bruno Garschagen
2 min
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Essas são algumas observações sobre os resultados de ontem da eleição 2022:

1- A ampla diferença entre Lula e Bolsonaro nas pesquisas não pode ser explicada por voto útil transferido de Ciro para Bolsonaro. Esse raciocínio tenta negar a força eleitoral de Bolsonaro para justificar o erro.

2- As pesquisas não tiveram grande influência sobre a escolha do votante. Se fosse isso, os resultados da eleição para presidente, governo estadual e Congresso em vários estados teria sido muito diferente.

3- As pesquisas também erraram porque a metodologia está descolada da realidade brasileira.

4- O eleitor médio não é racional e, portanto, não define seus votos por coerência ideológica, mas por outras razões. Ele pode eleger Zema como governador e Nikolas Ferreira como deputado federal mais votado da história e mesmo assim dar maioria de votos para Lula. Aliás, é um erro tratar Minas como sendo uma coisa só, pois existe uma clara divisão eleitoral em regiões diferentes do estado.

5- O descolamento entre a escolha para presidente e para outros cargos não é novidade na política brasileira, pelo contrário. Além do eleitor não ser racional, o contexto local ou regional são, muitas vezes, determinantes. Por isso, historicamente, alianças locais não seguem coligações nacionais.

6- Se a estupidez é tanta que há quem deprecie os nordestinos e defenda a separação do nordeste do resto do país por causa da votação expressiva de Lula na região, terá que, obrigatoriamente, também defender estupidamente a separação da cidade de São Paulo pela expressiva votação do candidato do PT na capital e por eleger Guilherme Boulos, do PSOL, como deputado federal mais votado.

7- Talvez o maior vitorioso da eleição até agora seja Valdemar Costa Neto, dono do PL, o partido de Bolsonaro que elegeu a maior bancada na Câmara, com 99 deputados federais (de um total de 513), e a maior bancada no Senado, com 14 senadores (de um total de 81). O centrão terá mais força do que nunca para continuar dando as cartas na política brasileira, independentemente de quem for eleito presidente.

8- O segundo turno será, provavelmente, uma nova eleição como nunca se viu na história política recente do Brasil.