Essas são algumas observações sobre os resultados de ontem da eleição 2022:
Essas são algumas observações sobre os resultados de ontem da eleição 2022: | ||
1- A ampla diferença entre Lula e Bolsonaro nas pesquisas não pode ser explicada por voto útil transferido de Ciro para Bolsonaro. Esse raciocínio tenta negar a força eleitoral de Bolsonaro para justificar o erro. | ||
2- As pesquisas não tiveram grande influência sobre a escolha do votante. Se fosse isso, os resultados da eleição para presidente, governo estadual e Congresso em vários estados teria sido muito diferente. | ||
3- As pesquisas também erraram porque a metodologia está descolada da realidade brasileira. | ||
4- O eleitor médio não é racional e, portanto, não define seus votos por coerência ideológica, mas por outras razões. Ele pode eleger Zema como governador e Nikolas Ferreira como deputado federal mais votado da história e mesmo assim dar maioria de votos para Lula. Aliás, é um erro tratar Minas como sendo uma coisa só, pois existe uma clara divisão eleitoral em regiões diferentes do estado. | ||
5- O descolamento entre a escolha para presidente e para outros cargos não é novidade na política brasileira, pelo contrário. Além do eleitor não ser racional, o contexto local ou regional são, muitas vezes, determinantes. Por isso, historicamente, alianças locais não seguem coligações nacionais. | ||
6- Se a estupidez é tanta que há quem deprecie os nordestinos e defenda a separação do nordeste do resto do país por causa da votação expressiva de Lula na região, terá que, obrigatoriamente, também defender estupidamente a separação da cidade de São Paulo pela expressiva votação do candidato do PT na capital e por eleger Guilherme Boulos, do PSOL, como deputado federal mais votado. | ||
7- Talvez o maior vitorioso da eleição até agora seja Valdemar Costa Neto, dono do PL, o partido de Bolsonaro que elegeu a maior bancada na Câmara, com 99 deputados federais (de um total de 513), e a maior bancada no Senado, com 14 senadores (de um total de 81). O centrão terá mais força do que nunca para continuar dando as cartas na política brasileira, independentemente de quem for eleito presidente. | ||
8- O segundo turno será, provavelmente, uma nova eleição como nunca se viu na história política recente do Brasil. |