Parem de falar em Esquerda e Direita
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Parem de falar em Esquerda e Direita

Falar em esquerda e direita é a forma mais simples e errada de definir uma ou mais posições políticas e ideológicas.

Bruno Garschagen
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Falar em esquerda e direita é a forma mais simples e errada de definir uma ou mais posições políticas e ideológicas.

Explico: ambos os termos (esquerda e direita) são imprecisos, inexatos e, portanto, inadequados para definir as distintas e inconciliáveis correntes políticas que são arbitrariamente colocadas em cada um dos grupos. Por essa razão, não existe uma identidade comum que permita estabelecer uma definição de esquerda e outra de direita.

Todas as tentativas que eu li nesse sentido fracassaram no seu intento, desde estudos mais conhecidos, como o do Norberto Bobbio, até importantes manuais de teoria política até artigos acadêmicos.

O que todos os autores tentam fazer é, por meio de elementos aparentemente comuns, propor um núcleo que ateste uma identidade e, portanto, um conceito. Por essa perspectiva, a direita estaria primordialmente vinculada à ideia de liberdade e a esquerda à ideia de igualdade. Mas um simples exame comparativo mostra que cada corrente política à direita e à esquerda defende liberdade assim como igualdade, mas com significados, perspectivas e ênfases diferentes. E é assim com outros temas.

Reduzir um conjunto heterogêneo de correntes políticas a um único princípio, valor, agenda, faz parecer que não existem divergências profundas ou que estas podem ser conciliadas. Não podem. É o tipo de equívoco que confunde em vez de esclarecer e que vincula posições que não podem ser confundidas. Conservadorismo não é liberalismo; marxismo-leninismo não é social-democracia europeia.

Quando leio ou ouço alguém se qualificar como sendo “de direita”, eu não faço ideia qual posição política ela defende por causa da pluralidade de posições reunidas sob um mesmo rótulo.

Por isso, não mais utilizo os termos esquerda e direita. E venho insistindo para que vocês também não o façam e que chamem cada corrente política por seus próprios nomes: conservadorismo, liberalismo, socialismo marxista, socialismo não marxista etc.

Dessa forma, vocês evitam imprecisões, equívocos, confusões e associações indesejáveis entre posições políticas que defendem e as que rejeitam.