Toda Ditadura é de Esquerda?
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Toda Ditadura é de Esquerda?

Bruno Garschagen
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Vou aproveitar os 233 anos da Queda da Bastilha, evento que é considerado por historiadores como marco inicial da revolução francesa, a mesma revolução que é o berço do nascimento dos termos esquerda e direita, para esclarecer um equívoco que volta e meia ressurge com muita força e pouco conhecimento.

Primeiro, a resposta mais direta e correta à pergunta da imagem é: não. E a resposta é negativa porque houve ditaduras de “esquerda”, mas também ditaduras de “direita”.

E nem é preciso muito esforço para constatar que a afirmação segundo a qual só existe ditadura de “esquerda” é um equívoco (ou mentira).

E não é necessário ir longe para essa verificação. Esses são alguns dos vários exemplos concretos de ditaduras e regimes autoritários de “direita” na América Latina: ditadura Vargas (1930-1945) e regime militar (1964-1985) no Brasil e regimes militar no Paraguai (1954-1989), Argentina (1976-1983), Uruguai (1973-1984), Chile (1973-1990), Colômbia (1953-1957); ditadura com Alberto Fujimori no Peru (1992-2000), ditadura com Fulgêncio Batista em Cuba (1952-1959) e a lista segue.

Além disso, existem, claro, vários exemplos de ditaduras de “esquerda”mundo afora, como a da Coréia do Norte, e, na América Latina, a de Cuba que começou em 1959 e resiste até hoje.

É, portanto um erro (ou mentira) afirmar que toda ditadura é de “esquerda” assim como é um equívoco (ou falsidade) dizer que toda ditadura é de “direita”. Aquele que afirma que só existe ditadura de “esquerda” está, provavelmente, reduzindo a “direita” a uma corrente política específica que defenderia liberdades e seria contra o intervencionismo estatal e, claro, contra ditaduras. Mas a “direita” não é só isso, posto que é um termo que tenta abarcar todas as correntes políticas que não são de “esquerda”.

E aqui volto a chamar a atenção para a confusão provocada pelo uso dos termos “direita” e “esquerda”, cujos conceitos são precários e insuficientes para resolver as divergências internas entre tantas correntes distintas e contraditórias entre si.

Sem uma unidade interna que permita estabelecer um conceito adequado, o mais correto é chamar cada corrente política e seus regimes por seus próprios nomes.