É a moeda, o banco e o próprio meio de pagamento. Uma disrupção financeira difícil de assimilar de primeira.
Cadu Moreira
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Em 01 de novembro de 2008, Satoshi Nakamoto, um sujeito que ninguém sabe quem é, mas que pouco importa (assim como ele deseja, sabiamente), lançou em uma lista de e-mails específica o projeto em que estava trabalhando: Um novo sistema eletrônico de dinheiro, direto de uma pessoa para a outra, sem nenhum intermediário.
"Calma, como assim? Uma pessoa chega, do nada, e quer propor um novo dinheiro pro mundo? e a galera tem aceitado isso? e pior, nem sabe quem ele é?"
Bem, sim e não. Diferente do que já tinham tentado anteriormente (não era o primeiro a propor isso) ele juntou peças, inovou e transformou fragilidades de projetos passados em pontos que fortalecem cada dia mais o ecossistema.
Primeiro, sua identidade ficou irrastreável. Assim, não existiria a quem associar, culpar ou prender. "O sistema é foda!" e o sistema facilmente buscaria isso. Segundo, propôs algo decentralizado (Somos todos Satoshi), no qual outras pessoas poderiam e deveriam entrar e participar da rede: verificando, processando as transações, usando e, melhor ainda, propondo mudanças no sistema. Isso funcionando deixaria o Bitcoin seguro, totalmente incapaz de ter um ponto de falha, e, de quebra, excluiria qualquer tentativa de censura governamental ou de virar presa fácil para um bom hacker.
Vamos explicar em partes, então, como isso foi possível.
Blockchain: A tão falada blockchain é a base da rede, onde todas as transações são registradas. Block + Chain é uma cadeia de blocos, conectados em ordem cronológica, contendo os registros de cada transação de toda a história. A cada 10 minutos um novo bloco é integrado a rede com novas transações e conectado ao bloco anterior com uma espécie de "carimbo" criptografado. Isso torna os registros altamente imutáveis, pela forma que estão conectados.
Descentralização: A rede conta com uma estrutura de vários computadores que se interagem para manter a rede funcionando 24h.
Essa estrutura conta primeiro com os Nós: Responsáveis por propagar transações e blocos pela rede. Qualquer pessoa pode instalar o software em seu computador e ajudar a verificar se tudo está rodando como deveria, seguindo as regras do protocolo e salvando uma cópia nova da rede em cada lugar, sendo um "nó" na rede.
Mineradores: Computadores mais potentes (já foi um simples notebook) que garantem a proteção do sistema e que as transações ocorram. Para isso eles precisam competir desempenhando uma força computacional elevada para "minerar" um bloco. Quem ganha a competição, isso é, quem acha a formula certa para ligar o último bloco com o novo recém chegado, é agraciado com pequenas taxas de cada transação e também NOVOS bitcoins.
Ps: Teremos no máx 21 milhões de unidades. Cada um totalmente divisível em até 8 casas decimais. Todos serão minerados até por volta do ano de 2140.
Desenvolvedores: De código aberto, um desenvolvedor pode achar melhorias e propô-las a todos. Fazendo sentido, elas serão analisadas e atualizadas pela maioria da rede.
Usuários: Quem usa a tecnologia. Todos que enxergam utilidade, aceitam e enviam pagamentos com o bitcoin. Normalmente guardam as chaves de seus bitcoins em carterias digitais.
Temos, claro, outros atores importantes nesse belo ecossistema, como corretoras, provedores de carteira entre vários. Mas a relação acima é a base crucial para toda a infraestrutura parar de pé.
Para os mais curiosos e intrigados, vale entrar no link abaixo e navegar pela primeira aparição de Satoshi ao mundo. A divulgação do White Paper do Bitcoin. O lançamento da ideia, que se firmou na origem, no nascimento do sistema revolucionário que conhecemos hoje.