Eu tinha antecipado um desacordo substancial com a equipe de política externa do presidente Joe Biden, quando assumiu o cargo. Afinal, tínhamos diferenças tão profundas sobre o acordo nuclear com o Irã, os riscos apresentados pelo Partido C...
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Eu tinha antecipado um desacordo substancial com a equipe de política externa do presidente Joe Biden, quando assumiu o cargo. Afinal, tínhamos diferenças tão profundas sobre o acordo nuclear com o Irã, os riscos apresentados pelo Partido Comunista Chinês, o conflito israelense-palestino, a ameaça russa e outras questões importantes. | ||
Agora, um ano depois, acho que há poucas políticas coerentes que mereçam uma resposta séria. Muito pior do que promover políticas ruins, o governo Biden está agindo com uma incompetência de tirar o fôlego de uma maneira que infectou toda a diplomacia dos Estados Unidos. | ||
Após 20 anos no Afeganistão, no verão passado, o presidente Biden fez com que os EUA se rendessem aos terroristas – traindo nossos aliados, nossos parceiros e até nossos próprios cidadãos. Só isso talvez tenha sido suficiente para nos desqualificar de qualquer credibilidade no cenário mundial. De fato, a imagem de afegãos desesperados agarrados às rodas de aeronaves militares americanas que partem foi gravada na psique de bilhões de pessoas, a maioria se perguntando se os EUA podem ser confiáveis novamente. | ||
Mas as coisas ficaram ainda piores. Previsivelmente, sob a liderança de enviados mais conhecidos por seu apaziguamento anterior ao Irã, nos aproximamos daquele regime, de chapéu na mão, e imploramos que voltassem ao acordo nuclear, também conhecido como Plano de Ação Abrangente Conjunto (JCPOA). Eles pediram alívio das sanções; nós dissemos: “Claro”. Pedimos ao Irã que parasse de enriquecer urânio; eles disseram: “De jeito nenhum”. Mesmo enquanto as nações estão se reunindo em Viena para negociar, a liderança iraniana prometeu vingança contra os Estados Unidos e Israel por eliminar o arqui-terrorista Qasem Soleimani, e os houthis, apoiados pelo Irã atacaram os Emirados Árabes Unidos. A América não desafiou o Irã em resposta a nenhuma das provocações. | ||
Todos querem um acordo pelo qual o Irã encerre com certeza seu programa nuclear, juntamente com o desenvolvimento de mísseis balísticos e seu apoio a organizações terroristas. Com base em seu desempenho até o momento, o governo Biden não tem chance de chegar lá. Se fizer um “acordo”, provavelmente será ainda pior do que o desastroso JCPOA. E para aqueles que pensam que o Irã não é uma ameaça para a América, o Irã está ocupado armando a Venezuela com drones de ataque que podem facilmente chegar à nossa costa. | ||
O ditador da Rússia, Vladimir Putin, adora o que está vendo – uma América fraca, em casa e no exterior. Ele vê um país profundamente dividido, atormentado por uma inflação e um vírus descontrolado, e um presidente que a maioria dos americanos acredita não ter poder cognitivo suficiente para lidar com as questões complexas em questão. Putin acumulou mais de 100.000 soldados na fronteira ucraniana e aprecia muito o compromisso dos Estados Unidos de não se envolver ou ajudar militarmente em sua nova aventura. Nada de bom vai acontecer lá. | ||
Enquanto isso, o Partido Comunista Chinês continua a roubar tecnologia ocidental, manter um milhão de uigures muçulmanos em campos de concentração, investir em infraestrutura estratégica em todo o mundo e desenvolver mísseis hipersônicos que parecem desafiar significativamente nossos sistemas de defesa. Pelo menos aqui o governo Biden ofereceu uma resposta clara e inequívoca: nossos diplomatas (mas não nossos atletas) não participarão dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim no próximo mês. Como se alguém se importasse. | ||
Em Israel e na região circundante, Biden não fez nada para escalar a oportunidade de ouro apresentada pelos Acordos de Abraão. Não me lembro dele ter mencionado esses acordos históricos. Em vez disso, o governo Biden restaurou fundos maciços para a corrupta Autoridade Palestina e a antissemita Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras (UNRWA) sob o pretexto de se tornar mais “imparcial” no conflito. Mas nenhuma exigência foi feita à liderança palestina para parar de pagar aos terroristas. Dada a fungibilidade do dinheiro, isso significa que os Estados Unidos voltaram a compensar os terroristas palestinos e seus sobreviventes. A história confirma que este é um retrocesso trágico no caminho da paz. | ||
Por que o governo Biden está fazendo as coisas tão espetacularmente erradas (como previstopelo ex-secretário de Defesa Robert Gates)? Minha sensação é que uma das principais razões é sua fixação no passado e sua necessidade de desfazer tudo de Trump. Em vez de uma abordagem coerente e voltada para o futuro dos problemas do mundo, Biden vê os desafios do mundo apenas como um meio de criticar o Partido Republicano e sua liderança. Mas os problemas nunca são resolvidos culpando outra pessoa. | ||
Quando estávamos no poder, discordamos de nossos antecessores no governo Obama. Mas nosso objetivo de política externa era tornar o futuro melhor, não fazer o passado parecer pior. | ||
Como resolvemos um problema? O que podemos oferecer? O que nossos colegas precisam? Como podemos empregar nossa força para promover nossos valores? Essas foram as perguntas que fizemos. Nunca, “Como podemos desacreditar Obama?” | ||
Nem o Congresso democrata nem a grande mídia insistem muito nos fracassos da política externa de Biden. Eles estão apostando que ninguém se importa agora com a política externa, devido aos nossos desafios assustadores em casa. Essa é uma aposta arriscada: ninguém se importa com política externa até que seja necessário; mas quando é preciso, eles se importam muito. | ||
E quando esse momento chegar, Deus me livre, haverá uma série de perguntas para as quais o presidente Biden não terá respostas. | ||
David M. Friedman foi o embaixador dos Estados Unidos em Israel de 2017 a 2021. Ele presidiu a abertura da embaixada dos EUA em Jerusalém, Israel. | ||
Tradução e adaptação: Sagran Carvalho. | ||
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