Kremlin intensifica sua guerra de propaganda

Por Ian Birrell em Poltava, Ucrânia

O Kremlin está espalhando desinformação informando que tropas da Otan estão na Ucrânia  preparando-se para atacar aliados e instalações russas.

  Alega que soldados britânicos estão envolvidos na luta contra os separatistas apoiados por Moscou na longa guerra na região de Donbas. Especialistas em segurança alertam que a enxurrada de notícias falsas, projetadas para endurecer a opinião em casa e espalhar confusão no exterior, excede até os níveis em 2014, antes de Moscou tomar a Crimeia e promover insurgências no Donbas.  

Maria Avdeeva disse que a propaganda – muitas vezes começando no serviço de mensagens Telegram – mostrou a gravidade da ameaça russa.

  "Todos os dias, os canais do Telegram apresentam novas 'evidências' destinadas a mostrar como as forças ucranianas sozinhas, ou com a ajuda de aliados como EUA, Canadá e Grã-Bretanha, estão preparando diferentes tipos de provocações", acrescentou a analista.“Depois disso, as mensagens migram para a grande mídia russa.  

  'A propaganda do Kremlin cria a Ucrânia como um inimigo, um agressor preparando um ataque ao povo russo. Ao mesmo tempo, a campanha de desinformação cria bases para uma possível invasão militar em grande escala.'  

Blogueiros pró-Kremlin afirmaram na terça-feira que 150 soldados das forças especiais do Reino Unido chegaram a Kramatorsk, uma cidade perto da fronteira com a república separatista de Donetsk. 

  "Especialistas britânicos chegaram ao aeroporto militar há cerca de uma semana, os moradores locais costumam vê-los na cidade, os britânicos não escondem sua filiação", escreveu Semyon Pegov. O notório blogueiro tem 179.000 seguidores no canal do Telegram WarGonzo.  

  A mesma fonte levou a um item publicado pela RT, a emissora estatal russa, que alegava: “Recebemos relatórios de inteligência de que a Ucrânia está treinando grupos especiais. Há seis deles. Os britânicos estão diretamente envolvidos com como instrutores.  

Pegov foi citado dizendo que as equipes estavam planejando ataques de sabotagem a 'instalações sociais', juntamente com ataques terroristas a fábricas de produtos químicos nas zonas separatistas.

  A RT afirmou que as unidades – disfarçadas de forças especiais russas e milícia pró-Moscou – filmariam os ataques e, em seguida, um falso desertor ucraniano diria à mídia ocidental que “as provocações foram feitas pela Rússia”. Outras fontes, muitas consideradas fachadas para os serviços de segurança russos, espalharam histórias incendiárias sobre 'grupos de sabotagem' ligados ao Ocidente se preparando para atacar a Rússia e seus patetas que administram Donbas.  

  Um citou uma figura proeminente na República Popular de Donetsk dizendo que militantes ligados às forças especiais ocidentais "chegaram à linha de frente".A Red Spring, uma agência de 'informação' sediada na Rússia, relatou que 'a guerra em Donbas está sendo travada não apenas pelo exército regular de Donbas, mas também pelo SAS britânico e especialistas turcos'.

Tom Tugendhat, presidente conservador do comitê de relações exteriores do Commons, disse: "Mentiras sobre tropas estrangeiras, ou ataques transfronteiriços, não são apenas ditas para serem acreditadas, mas para fornecer desculpa suficiente para aqueles que querem ficar do lado de Moscou e da agressão de Putin para que seu ataque à Ucrânia seja justificado.'

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