São muitas as diferenças entre empresas tradicionais e startups, mas uma coisa as duas têm em comum: ambas precisam resolver problemas. E, em algum nível, todas têm dificuldade em fazer isso.
São muitas as diferenças entre empresas tradicionais e startups, mas uma coisa as duas têm em comum: ambas precisam resolver problemas. E, em algum nível, todas têm dificuldade em fazer isso. | ||
Antes de continuar, talvez seja importante conceituar o que é um problema. Vicente Falconi costuma dizer que problema é a diferença entre a situação atual e uma situação desejada. Podemos considerar, então, que existem dois tipos de problema: problemas "ruins" e problemas "bons". | ||
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Esses dois tipos de problemas estão presentes em qualquer negócio o tempo todo. Porém, os contextos e as formas de lidar podem ser bem diferentes. | ||
Na maioria dos casos, uma startup não tem o mesmo tempo, os mesmos recursos e nem a mesma quantidade de informações que uma empresa tradicional tem para resolver problemas. Em uma startup, tudo é mais urgente, mais escasso e mais incerto. Por isso, existem diferenças significativas que vão desde a escolha de quais problemas resolver até como esses problemas serão resolvidos. | ||
Priorizando os problemas | ||
Em primeiro lugar, uma startup está constantemente buscando resolver um problema antes de qualquer outro: como crescer mais rápido. Cada peça da engrenagem está funcionando para fazer isso acontecer: | ||
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Qualquer coisa que desvie a startup desse objetivo máximo, ou mesmo que não contribua com ele, não é prioridade. | ||
Sendo assim, a escolha de quais problemas resolver está naturalmente condicionada a isso, e desde as decisões mais conscientes até as mais automáticas, em último caso, sucumbem a essa premissa. Em outras palavras, sempre que uma startup tiver que escolher entre crescer ou se tornar mais eficiente em algum processo, ela irá escolher crescer - a menos que a maior eficiência neste processo lhe ajude a crescer mais rápido. | ||
"Compreender o crescimento é do que consiste iniciar uma startup. O que você realmente está fazendo [...] quando começa uma startup é se comprometendo a resolver um tipo de problema mais difícil do que negócios tradicionais se comprometem a resolver. Você está se comprometendo a procurar por uma das raras ideias que geram crescimento acelerado." | ||
Tomando decisões | ||
Outra grande diferença está no volume de informações e no tempo disponíveis para tomar as decisões. Em um negócio tradicional, diante de um problema, idealmente veremos um grupo de pessoas envolvidas com a situação se reunindo para rodar um ciclo PDCA (ou pelo menos alguma versão simplificada disso). | ||
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Daqui que o problema seja observado e estratificado, suas causas sejam analisadas e validadas, seja criado e executado um plano de ação e isso venha a gerar resultados, facilmente um trimestre já se passou. E tudo bem, isso pode até ser um tempo razoável para uma empresa tradicional resolver um problema. | ||
Em uma startup, por outro lado, muitas vezes não existem dados suficientes para estratificar o problema e analisar as causas. As informações disponíveis são limitadas e não permitem tomar uma decisão "perfeita". E a urgência para resolver os problemas não permite perder dias ou até semanas para colher as informações e encontrar o caminho ideal. | ||
Trata-se de um cenário de maior nível de incerteza, e a melhor coisa a se fazer diante da incerteza é assumir o desconhecido e ser ágil em gerar aprendizado. O processo que uma startup segue para resolver um problema é muito mais próximo do Build-Measure-Learn, de Eric Ries, do que de um PDCA. Apesar de os dois processos terem fundamentos similares, o Build-Measure-Learn é um ciclo mais rápido e cujo objetivo é gerar aprendizado validado em um contexto de incerteza. | ||
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Para isso, o que a startup costuma fazer é: | ||
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Consolidando os aprendizados | ||
Por fim, um dos aspectos mais críticos de um processo de solução de problemas, e no qual uma boa parte das startups falha, é o de consolidar os aprendizados. Consolidar os aprendizados significa criar um mecanismo para que os novos conhecimentos adquiridos não sejam perdidos e sejam incorporados às práticas do negócio. Isso é o que dará consistência de resultados ao longo do tempo, de modo que um mesmo problema não esteja sempre ocorrendo. | ||
Seja por conta da velocidade com que as coisas acontecem (logo que um problema acabou de ser resolvido, já tem dezenas de outros para resolver!) ou seja por um nível incipiente de padronização e organização, é comum que a startup deixe de lado esta etapa de consolidar os aprendizados e já pule para o próximo problema. Porém, mesmo sabendo que uma startup não terá o mesmo nível de "processualização" de um negócio tradicional (e nem deve ter), fazer a gestão do conhecimento e ter algum modo de consolidar os aprendizados é essencial para um tipo de negócio que está em um ambiente de constantes mudanças e precisa progressivamente reduzir suas incertezas. | ||
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