Meio Bi em investimentos...me preocupo sim!

Caipirada Alvinegra,

Em 50 anos de vida, atleticano desde sempre, viúvo, pai de família e pequeno empreendedor, já vi e vivi muitas experiências nesta curta jornada até aqui. Ganhei algumas, perdi muitas e desde cedo aprendi uma daquelas verdades irrefutáveis da vida: NÃO HÁ ALMOÇO GRÁTIS.

Antes que me acusem de opositor ao mecenato, e por consequência, ao que os 4 R's vem fazendo pelo clube desde o ano passado, quero deixar claro que, para quem presenciou as dificuldades financeiras atleticanas e as desastrosas gestões que as causaram, é alvissareiro vermos o clube hoje como  protagonista de fato no futebol sul-americano, com planejamento de médio prazo ( 5 anos ), construção da Arena MRV, gestão profissional e substituição de dívidas caras por outras menos onerosas.

Ou seja, tudo indica que o Atlético passa por um momento positivo e de mudança de paradigmas, deixando uma expectativa que,  desta vez, o projeto de um Galo saudável, protagonista, profissional e viável é possível.

O problema é a pulga, aquela pulga atrás da orelha, que nós, mais experientes sempre temos quando a esmola é grande demais.

E que fique claro, não há julgamento de valor algum aqui sobre os 4 R's.

O último balanço apontou em 1,2 bi de Reais o tamanho do passivo atleticano. Algo monstruoso, que chegou à esse tamanho graças ao aporte feito pelos investidores no ano passado.

Em várias entrevistas, que fique claro, os Menins deixam claro que não haverá cobrança de juros nem há uma data de vencimento dos empréstimos tomados pelo clube. É sabido também que a atual gestão, junto com os investidores, faz da reestruturação do passivo e quitação das dívidas mais caras e de curto prazo sua ação inicial. Uma dúvida que tenho quanto à quitação destes passivos é se realmente estão sendo efetuados pelo clube, ou há apenas uma substituição dos credores. Para ficar mais claro, estas pendências estão sendo pagas com recursos do Atlético ou com dinheiro dos investidores? Isto é algo que não está, ao menos para este, muito claro. 

Seguimos...

Há que se mencionar que além da construção da Arena, a diretoria busca investir em novas fontes de renda, com a provável alienação e construção de um supermercado no estacionamento da Vila Olímpica às margens da Pedro I, além dos projetos para venda do restante do Diamond e da mudança da sede administrativa para a Arena, abrindo espaço para a construção de uma torre onde hoje fica o prédio da sede de Lourdes. Se  todas estas ações levarem à quitação das dívidas e servirem de base para a estabilidade financeira do clube, será de enorme valia!

Seria a certeza de que o Atlético aproveitou o momento para se reestruturar e construir uma base sólida para seu futuro, algo parecido com o que ocorreu no Palmeiras durante a gestão Paulo Nobre, que também fez investimentos no clube que deram o alívio para o saneamento da entidade. Este seria o mundo perfeito...

Porém, lembremos que por aqui, apesar de hoje, o Galo parecer pacificado politicamente, sempre há a possibilidade de que tudo mude, e para que os interesses do clube se sobreponham à interesses pessoais e de curto prazo, medidas devem ser tomadas pela gestão atual:

Uma reforma estatutária se faz urgente para que a reestruturação seja eficaz, protegendo os interesses da instituição, além é claro, de haver a decisão para se transformar em clube-empresa de acordo com a nova legislação aprovada pelo Congresso, ou não. Eu pessoalmente, acredito que o clube-empresa seja vital para a manutenção do futebol profissional, e que os clubes que não o fizerem ficarão para trás. Aqui no Brasil, não há outra saída para que se evite a falência da maioria absoluta dos clubes. Ou faz-se, ou morre...

Agora, se tudo que está sendo feito se resumir a um vôo de galinha e a reestruturação não for levada a sério, o futuro passa a ser incerto, e, o rival do outro lado da lagoa dá bem a medida do fracasso de gestão.

Nos anos 90 o Atlético e sua torcida penavam, e os rivais reinavam...eram tempos de times ruins, poucas conquistas e até taças penhoradas. 

As coisas hoje viraram. 

Mas a lição está aí...bastam apenas uma ou duas péssimas gestões para destruir um trabalho de construção lento e de anos.

E certo é, que em algum momento, quem investiu buscará o retorno do seu investimento, ainda que sem juros ou data de pagamento. Isto é certo. O  Atlético tem que estar pronto para suportar suas responsabilidades, mantendo a competitividade e o protagonismo com responsabilidade financeira e recursos próprios.

Fora disto, é desastre certo!

Saudações Alvinegras.

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