O Paredão da SUPERCOPA
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O Paredão da SUPERCOPA

Gosto da ideia da Supercopa. Jogo único, na maioria das vezes entre dois dos melhores times do país e em campo neutro.

Claudio Campos
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Gosto da ideia da Supercopa. Jogo único, na maioria das vezes entre dois dos melhores times do país e em campo neutro.

Por aqui, o retorno do torneio foi uma ótima ideia. Ainda mais pelo fato dele acontecer no início do ano, quando as rastejantes primeiras fases dos estaduais estão acontecendo. O jogo se torna o evento principal de um calendário pouco atraente no seu início.

Um evento principal e também perigoso. Ainda mais para os treinadores

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Turco Mohamed e Paulo Souza não completaram nem três meses no cargo e já recebem avaliações desde o momento em que foram especulados. 

No primeiro jogo de cada um deles era fácil encontrar vídeos com nomes que já davam a entender que havia naquele jogo uma "cara do técnico", mesmo ele tendo menos de dez dias para comandar o time.

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As análises, na maioria delas exageradas, seguiram a cada jogo durante as semanas que antecederam o confronto de amanhã e, aliado com a briga entre as diretorias sobra o local onde a Supercopa aconteceria, criou um clima acima do tom esperado para um jogo no início da temporada.

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Este clima afeta diretamente os treinadores, que com pouquíssimo tempo de trabalho terão que encarar um jogo que poderia ser um ótimo teste como um jogo que pode definir o caminho deles durante a temporada.

Para Mohamed nem tanto. Cautelosamente o técnico argentino vem aos poucos adicionando teus pensamentos no time do Galo, mas inteligentemente, manteve uma estrutura que deu muito certo no ano anterior. Teve o privilégio de receber um time que, gostamos ou não do sistema de jogo, tinha isso bem claro e estruturado.

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Isso não aconteceu com Paulo Souza, que recebeu um elenco que viu três treinadores diferentes passarem pelo clube num curto espaço de tempo e o último deles com conceitos bem conservadores, para não chamarmos de limitados.

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O técnico português é um estudioso do jogo. Na sua carreira como jogador teve o privilégio de ter sido treinado por grandes mestres e formou-se na sua terra natal, que nas últimas décadas é disparada a região que melhor forma treinadores no planeta.

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Todo o seu conhecimento, detalhes e formas de implementar o trabalho exigem mais tempo para serem aplicados. Além disso, precisa de suporte de todo departamento e claro, de aceitação dos jogadores, que  em sua maioria viram algo semelhante - e aqui me refiro na forma estudiosa e detalhista de ver o jogo, não de pensamentos táticos - durante a passagem de  Jorge Jesus.

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Pelo jeito dentro do clube existe o suporte. Paulo Sousa tem feito diversos testes, rodando o elenco e mesmo com algumas atuações ruins, o clima de "deixa o homem trabalhar" parece rondar os lados da Gávea.

Parece...

Uma derrota no domingo pode ser algo que fique rondando a cabeça do treinador do Flamengo nos próximos meses, ainda mais se fizer escolhas que desagradam a maioria da torcida ou da imprensa, como por exemplo, a de Diego no meio-campo.

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Por mais que ele deixe claro em todas as suas entrevistas que ainda falta muito para que o time apresente o que ele imagina ser o ideal, o tal do quarta e domingo é o que servirá de termômetro para saber se ele fica ou se ele continua. 

Não há ideologia de jogo que suporte derrotas pesadas. E ele sabe bem disso.

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Portanto, quando a bola rolar na Arena Pantanal, Paulo Sousa terá uma pressão sobre ele como talvez nunca tenha tido em sua carreira e uma derrota pode causar um desvio na rota que ele talvez não consiga corrigir nos próximos meses, pois o resultado ficará rondando a sua rotina e todas as suas escolhas.

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O jogo que tinha tudo para ser um teste, pode virar prova de eliminação graças ao sensacionalismo e imediatismo que que permeia a cultura do futebol do nosso país.

Perdemos todos.