RAZÕES DAS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS
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RAZÕES DAS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS

Primeiro, devemos ser bastantes criteriosos ao analisar o número de votos que ex-presiente Lula teve nesse segundo turno. Engana-se quem acha que ele teve o apoio da maioria.

Paulo Vaidoc
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Primeiro, devemos ser bastantes criteriosos ao analisar o número de votos que ex-presidente Lula teve nesse segundo turno. Engana-se quem acha que ele teve o apoio da maioria.

O Lula teve 60 milhões de votos em um país que tem 240 milhões de pessoas. Isso corresponde a mais ou menos 1/4 da população brasileira. Se você colocar isso em número de eleitores aptos a votar, isso se aproxima de 38% dos votos.

Quando olhamos para os números frios da eleição, temos a falsa percepção de que ele teve o apoio da maioria da população brasileira. Olhando as manifestações na rua, vemos que esses números colhidos friamente das urnas é ilusório.

Ao ir para a rua mostrar o descontentamento com o resultado das eleições, o povo o faz de forma ampla e com frentes diversas de trabalhadores, adultos, crianças, famílias e demais desgostosos em ver um político que estava preso por corrupção ser solto, sem ser absolvido, para concorrer à eleição e ganhar.

Nesse contexto, essas manifestações nem sempre tem um ponto focal, não contam com um organizador central que comanda os atos, define qual vai ser a bandeira a ser levantada e as demandas reclamadas. Então, nem sempre há um consenso sobre que as pessoas querem. E é isso que faz dele um grande ato democrático.

Ora, existe um parlamento que, em tese, seus representantes, geralmente qualificados e eleitos pelo povo, deveria discutir ideias vindas dos seus representados e que daí surgissem soluções para as demandas populares. E é isso que vemos nas ruas hoje. Demandas!

Como dito, não há um consenso no que as pessoas querem. O único consenso que temos é que o povo está revoltado.

Revoltado com a tentativa de colocar goela abaixo de grande maioria da população de que as eleições no país forma justas. Ora, isso á absolutamente indefensável. Ao menos por aqueles que ainda tem cérebro para analisar fatos.

Um sujeito não pode defender eleições limpas ao mesmo em que emissoras de TV eram censuradas no seu direito à livre manifestação. Canais jornalísticos tiveram publicações impedidas de serem veiculadas antes mesmo de irem ao ar. Não me venham com essa de que era só até a eleição passar. Ou, era só até achatar a curva. Esse filme já vimos.

Uma ministra dizer que a censura no país é inadmissível, mas ao mesmo tempo dizer que vê como correta a proibição de veiculação de um conteúdo jornalístico até o término da eleição, beira a loucura institucionalizada. Sou contra a censura, mas vou permitir um pouquinho aqui até a eleição passar.

São duas coisas absolutamente incompatíveis. E é com isso que o povo está revoltado. As instituições e mídia porca dizendo que a eleição foi justa, ao mesmo tempo que todos vemos a censura contra certas que foram ditas em relação a um candidato.

Um monte de inquéritos inconstitucionais, ao arrepio da lei que atinge apoiadores do presidente, ao passo que serve como instrumento de ameaça a um grupo político do presidente. Ai você vem me dizer que a população deve aceitar que as eleições foram justas? É impossível.

Essa revolta popular é legítima. O condutor do processo eleitoral age como Rei só visto em regimes absolutistas ou em filme de Hollywood. Esse processo eleitoral daria um bom roteiro para Xerxes.

Os homens não devem atentar contra um governo estabelecido. Mas a tirania governamental jamais deve ser tolerada, ao ponto que é dever do povo estabelecer um novo governo quando as tiranias do antigo governo se tornarem insuportáveis.