A SEMANA NA HISTÓRIA – XIX (23 a 29 de agosto)
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A SEMANA NA HISTÓRIA – XIX (23 a 29 de agosto)

No último 24 de agosto, completou-se 373 anos do falecimento do militar e líder indígena Filipe Camarão. Pertencente à tribo potiguara, recebeu ao nascer o nome Poti, ou Potiguaçu, nomes tupis que significam respectivamente “camarão” e “camar...

natacam
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No último 24 de agosto, completou-se 373 anos do falecimento do militar e líder indígena Filipe Camarão. Pertencente à tribo potiguara, recebeu ao nascer o nome Poti, ou Potiguaçu, nomes tupis que significam respectivamente “camarão” e “camarão grande”. A data e o local de nascimento são incertos, estima-se que tenha nascido entre 1580 e 1601 no Rio Grande do Norte ou em Pernambuco – Ceará e Paraíba também disputam sua naturalidade. Viveu numa missão jesuítica, sendo batizado e convertido ao catolicismo em 1614, adotando o nome de Antônio Filipe Camarão – homenagem a Santo Antônio, homenagem ao então rei da Espanha e Portugal Filipe II e tradução do nome indígena. Com os jesuítas, também aprendeu a ler e a escrever, sendo considerado por um cronista da época como um sujeito "mui cortesão em suas palavras e mui grave e pontual, que se quer mui respeitado".

À época, o atual território brasileiro fazia parte da União Ibérica, quando Portugal, que ficou sem rei, passou a ser governado pelo rei da Espanha. Com as relações conflituosas entre a Espanha e os Países Baixos, a relação destes com Portugal também ficou estremecida, levando os holandeses a invadirem a Bahia em 1625 e Pernambuco em 1630, estabelecendo-se por ali. No mesmo ano, iniciou-se a reorganização da defesa luso-espanhola, liderada por Matias de Albuquerque.

Ambos os lados da guerra contaram com o estabelecimento de alianças com os povos nativos, o que era fundamental para o bom sucesso dos beligerantes. Parte dos potiguaras, a exemplo de Pedro Poti, aliou-se aos holandeses. Já Filipe Camarão lutou ao lado dos luso-espanhóis, liderando tropas de guerreiros indígenas, de sua tribo e de outras, cuja atuação foi crucial no processo de reconquista. Destacou-se nas batalhas de São Lourenço, Porto Calvo e Mata Redonda, sempre acompanhado de sua esposa, Clara Filipa Camarão, tão guerreira quanto ele – contaremos mais sobre ela em outra oportunidade.

Após um tempo asilado na Bahia, Camarão voltou para participar da Insurreição Pernambucana a partir de 1645. Atuou com distinção na Primeira Batalha dos Guararapes, em 1648. Reconhecido como herói pela Coroa Portuguesa (restaurada em 1640), foi condecorado pelo rei Dom João IV com o título de “dom”, nomeado “Cavaleiro da Ordem de Cristo” e agraciado com o título de “Capitão-Mor de Todos os Índios do Brasil”. Entretanto, não teve tempo de usufruir dessas mercês, tampouco presenciou a vitória final portuguesa em 1654, pois faleceu cerca de quatro meses após Guararapes, em razão dos ferimentos recebidos na batalha, sendo sucedido por seu sobrinho, Diogo Pinheiro Camarão.

Por hoje é isso! Até o próximo A Semana na História!