HORA DA LEITURA - FILOSOFIA VERDE (CAPÍTULO 1) - 12/01
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HORA DA LEITURA - FILOSOFIA VERDE (CAPÍTULO 1) - 12/01

Como comentado na postagem anterior, apresentamos uma novidade no canal. A partir de agora, teremos este espaço para compartilhar as leituras de livros que estão sendo feitas no momento. Começaremos esta seção com uma obra do filósofo britâni...

natacam
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Como comentado na postagem anterior, apresentamos uma novidade no canal. A partir de agora, teremos este espaço para compartilhar as leituras de livros que estão sendo feitas no momento. Começaremos esta seção com uma obra do filósofo britânico Roger Scruton, cujo falecimento completou um ano hoje. A leitura de estreia é o livro “Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta”, que apresenta a questão ambiental a partir de uma perspectiva diferente da usualmente adotada quando se trata da temática. Faremos aqui a leitura, apresentada capítulo por capítulo:

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Em termos de questão ambiental, tendemos a ver a “esquerda” como o lado defensor das matas, dos animais e dos pobres contra a ganância dos capitalistas. Já a “direita” é vista como o lado destruidor da natureza que, se pudesse, transformaria a floresta num estacionamento para ganhar dinheiro cobrando diária dos carros ali estacionados. Então, para resolver os problemas ambientais que nos afligem, a única saída é pela esquerda, com a implantação de algum tipo de socialismo, baseado em políticas elaboradas por instituições globais e na atuação de grandes ONGs de caráter transnacional? Não para Roger Scruton. O filósofo defende que o conservadorismo é a abordagem mais adequada para a questão ambiental, ao oferecer uma abordagem local para resolução dos problemas ambientais, diferenciando-se do socialismo e do liberalismo, cujos objetivos são globais.

Scruton também foca na manutenção da “ecologia social”: conservação das leis, costumes, instituições, tradições, meio ambiente e economia livre. Mas como atender as demandas conflitantes da ecologia ambiental e da ecologia social? Com um elemento que incentive as pessoas a defenderem a proteção ambiental: o território, cuja principal expressão política segue sendo o Estado-nação. Chauvinismos à parte, apenas as nações conseguem tomar as medidas necessárias sem desfavorecer as lealdades e os costumes locais.

Iniciativas ambientais locais apresentam larga vantagem frente a propostas de soluções globais porque são fundamentadas por um sentimento de amor conjunto por um lugar compartilhado, legado por nossos ancestrais e que devemos assegurar aos nossos descendentes: a oikophilia, amor ao lar, tema que o filósofo desenvolve ao longo do livro.

As atuações de associações civis locais e de grandes ONGs ativistas explicitam duas visões diferentes de política. Grandes ONGs, assim como revolucionários, socialistas e “neoliberais”, veem a política como mobilização social para implantação de uma agenda que criará uma “nova sociedade”. Já associações civis, assim como conservadores e liberais clássicos, veem a política como um arranjo para mediação e resolução de conflitos e reconciliação de interesses. Visão esta defendida pelo autor, voltada à manutenção e ao reparo de sistemas homeostáticos que se ajustam perante as mudanças.

Por hoje é isso, a leitura do próximo capítulo de Filosofia Verde segue amanhã.

REFERÊNCIA:  SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016.