Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton:
Seguiremos com a leitura do livro “Filosofia verde”, de Roger Scruton: | ||
Além do “salvacionismo”, outro elemento problemático nos debates sobre proteção ambiental é, para Roger Scruton, o Princípio da Precaução. Muito utilizado como fundamento das regulações ambientais, originalmente deveria servir para tomada de medidas de precaução frente a atividades potencialmente danosas. No entanto, tal princípio, na prática, acabou servindo para burocratas e grupos de pressão, inclusive as grandes corporações, imporem seu ponto de vista e utilizarem a precaução como arma política. Além disso, regulações muito restritivas estimulam a mentalidade do “é proibido, mas, se você pagar, pode”. | ||
Ao focar em um problema, a precaução tende a trata-lo e a regulá-lo isoladamente, ignorando a relação deste com os demais, bem como os efeitos colaterais e os custos decorrentes da intervenção. Scruton lembra que tal princípio é decorrente de uma cultura de aversão ao risco, alertando que esse comportamento torna uma sociedade incapaz de lidar com situações onde correr riscos é a diferença entre a vida e a morte. Aversão essa cujos resultados estão sendo perniciosos, principalmente para as crianças de hoje. | ||
Logicamente que não há como descartar as ansiedades associadas ao Princípio da Precaução, mas é possível identificá-las e avaliar se a regulamentação proposta é a melhor resposta. Visto que é inviável a postura de proibir e extinguir os riscos, a solução envolve uma avaliação entre custos e benefícios, fazendo-se uma espécie de cálculo de quanto é possível de assumir, equilibrar e gerenciar riscos e responsabilidades. Em outras palavras, uma postura de resiliência, caminho que sistemas homeostáticos usam para lidar com adversidades e restaurar o equilíbrio. | ||
Por hoje é isso! A leitura segue no próximo Hora da Leitura. | ||
REFERÊNCIA:SCRUTON, Roger. Filosofia verde: como pensar seriamente o planeta. Tradução de Maurício G. Righi. São Paulo: É Realizações, 2016. |