Viciar com UX? Descubra a ciência por trás dos produtos viciantes
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Viciar com UX? Descubra a ciência por trás dos produtos viciantes

As empresas estão cada vez mais atentas em como fazer os produtos se tornarem viciantes para nós consumidores. As marcas trabalham continuamente para atingir o objetivo de se tornarem hábitos em nossas vidas e acelerarem o nosso Purchasing Po...

Ygor Canazar
5 min
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As empresas estão cada vez mais atentas em como fazer os produtos se tornarem viciantes para nós consumidores. As marcas trabalham continuamente para atingir o objetivo de se tornarem hábitos em nossas vidas e acelerarem o nosso Purchasing Power.

Uma pesquisa realizada pela Microsoft sugere que o tempo de atenção dos seres humanos já é mais curto que o de um "peixe dourado". 

Isso mesmo, um peixinho dourado.

A pesquisa foi feita no Canadá e envolveu 2 mil pessoas que responderam a algumas perguntas e participaram de jogos online para avaliar sua capacidade de concentração.

No ano 2000, a capacidade de atenção humana era, em média, de 12 segundos. Em 2013, esta capacidade caiu para oito segundos!

A capacidade de concentração dos humanos está sendo reduzida pelo impacto das mídias digitais e seus produtos. Existem produtos que geram impacto e prendem a nossa atenção, talvez por já estarem tão presentes na sua vida, você não tenha percebido.

Você já percebeu que muitas pessoas, geralmente, usam o Facebook ou o Instagram quando se sentem entediado? Ou até mesmo, leva o celular enquanto está usando o banheiro? Talvez você esteja lendo esse texto com um dispositivo móvel deitado na sua cama ou sentado no seu sofá. 

Esses são hábitos que incorporamos no nosso dia a dia e nem percebemos que fazemos. Só que antes de eu seguir falando sobre a ciência que está por trás desses produtos viciantes, vamos voltar ao início. 

Vamos conversar sobre o que é hábito em uma visão "digitalizada".

O hábito é quando qualquer pessoa age de acordo com um determinado comportamento com pouco, ou nenhum pensamento consciente. Vou dar um exemplo bem comum e popular hoje em dia. Provavelmente, ao levantar pela manhã, uma das primeiras coisas que você faz é pegar o seu celular.

Não estou falando que isso é uma coisa ruim, mas o celular virou uma extensão do nosso corpo. Dessa forma, ou seja, inconscientemente, pegamos o celular para fazer qualquer outra coisa.

Isso é um hábito e, com certeza, você, assim como eu, temos outros hábitos. 

Então, os produtos criados atualmente são orquestrados para que as pessoas criem hábitos ao usá-los. Só que o objetivo não é tornar você um usuário viciado de forma negativa (por mais que as vezes isso atrapalhe). Como eu disse, o foco é trazer mais benefícios para as pessoas. 

Me aprofundando no assunto encontrei o especialista Nir Eyal.

Nir escreveu o livro "Hooked – How to build habit forming products".
Nir escreveu o livro "Hooked – How to build habit forming products".

E como funciona?

Nir Eyal explica em seu livro que a ciência por trás dos produtos altamente viciantes tem relação direta com a psicologia. Além disso, ela trabalha com 3 pilares básicos:

  • A emoção
  • O recurso
  • E o incentivo

Esses gatilhos são rotulados de externos ou internos. Os gatilhos externos têm como base justamente as informações externas. 

É só você pensar nas notificações ou nas setas que te lembram para rolar a tela.

E existem os gatilhos internos que são considerados mais importantes, pois são eles que nos levam a agir. Esses gatilhos funcionam muito melhor quando há uma emoção negativa que é persistente.

Lembra que eu citei que olhamos o Instagram quando estamos entediados?

Então, esse é um gatilho interno ligado a uma emoção, que virou um "vício" que mal se percebe!

Então pensando no pilar da emoção, as empresas pensam qual o gatilho interno o produto está indicando. Depois, vem o recurso, onde é pensado em qual gatilho externo que leva o usuário ao produto. Por fim, tem o incentivo, que é pensar em qual comportamento antecipa a uma reação.

Veja, você usa o Youtube porque está entediado e aperta o play em qualquer vídeo que desperta o seu interesse. Nesses poucos minutos você teve uma recompensa porque o seu tédio foi embora por alguns minutos.

Essa é uma ação simples que está vinculada a uma recompensa imediata.

E é assim que os produtos giram atualmente. E por isso, que se tornam tão imperceptivelmente viciantes. Hooked Model na prática...

O modelo criado por Nir, as empresas podem seguir um passo a passo para aplicação desse método em seus produtos. Através do Hooked Model é possível ter um direcionamento para aplicar toda essa estratégia, são 4 períodos:

  • Trigger;
  • Action;
  • Reward;
  • Investment.

Trigger: É aquele momento do impulso. Por exemplo, é o que te faz abrir um ou não, a página no Instagram.

Esse gatilho pode ser incentivado de forma externa, quando vem de um incentivo da própria marca. Pode ser através de um e-mail marketing, por exemplo. Já se for de forma interna acontece através das emoções do usuário, como tédio ou angústia.

Action: Etapa da solução dos gatilhos. Quando o usuário abre a página do Instagram para se atualizar.

Reward: Etapa que vem depois da ação, e o que o produto/marca pode oferecer ao usuário como recompensa. Aqui não estou falando propriamente de dinheiro, mas uma recompensa de outra forma. Como por exemplo, descontos e cashback.

Investiment: É esta fase que vai garantir que o usuário opte por voltar a escolher a marca. É aqui que o hábito já está formado, pois o usuário já se acostumou com o produto e com a sua recompensa.

Faz parte do papel da empresa “alimentar” esse usuário, de forma que ele não migre para outra solução. Alguns produtos que orquestram hábitos em usuários...

  • UberEats;
  • Twitter;
  • WhatsApp;
  • Tinder;
  • Entre outros.

Como eu já disse e vale reforçar, o foco é que esses hábitos se tornem bons hábitos. Ou seja, que proporcionem benefícios para os usuários. Como por exemplo o Youtube, que oferece entretenimento para os seus usuários, o Facebook/Instagram, que antes era visto somente como uma rede social. Agora, as pessoas adentram grupos, compartilham conhecimento e virou uma ferramenta de marketing. 

Enquanto as pessoas buscam uma recompensa rápida, mais tempo elas passam consumindo o produto, as Big Techs amplificam o seu alcance e novos negócios surgem acalorando a economia global e formando novos hábitos de consumo.

É isso! Curtiu o assunto?

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