Azul e vermelho piscando, pode ser sinal de perigo
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Azul e vermelho piscando, pode ser sinal de perigo

O grupo de Rap, Racionais Mc’s, assim como outras galeras, já denunciavam as ações violentas das polícias, na periferia. Seja no Rio de Janeiro, nas comunidades de São Paulo ou no interior de Sergipe, uma coisa se ver sendo comum aos agentes ...

Carlito Neto
4 min
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Créditos: Correio do Brasil
Créditos: Correio do Brasil

O grupo de Rap, Racionais Mc’s, assim como outras galeras, já denunciavam as ações violentas das polícias, na periferia. Seja no Rio de Janeiro, nas comunidades de São Paulo ou no interior de Sergipe, uma coisa se ver sendo comum aos agentes de segurança, a agressividade contra a população preta, pobre e marginalizada.

Os recentes casos das chacinas no jacarezinho, na vila cruzeiro, no estado do Rio, bem como a morte violenta em câmara de gás de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba, Sergipe, trazem a toma mais uma vez a triste e lamentável discussão sobre a violência policial. Segundo informações divulgadas pela anistia internacional em 2015, a polícia brasileira é a que mais mata. Em contrapartida é também a que mais morre, ou seja, o policial violento se torna vítima do que produz. Claro que as forças de segurança não são compostas apenas de maus policiais, no entanto não se pode negar, que existe uma instrumentalização da opressão por parte dos sujeitos que segundo seu lema, deveriam “SERVIR E PROTEGER”, mas que acabam por se tornar máquina de ódio e um rolo compressor da violência contra populações especificas.

A atitude da guarnição que vai a Alphaville e é atacada, ofendida, desafiada por moradores do bairro nobre de São Paulo e sai de lá calada, não é a mesma que mata, invade casas e humilha moradores no Capão, na Brasilândia e que para um cidadão pobre no interior de Sergipe. A polícia usa seu lema: “SERVIR E PROTEGER”, em Alphaville, e usa o “BATER E OPRIMIR” nas comunidades.

O caso recente do Genivaldo de Jesus, morto em Sergipe pela Polícia Rodoviária Federal, só expõe os traços sanguinários que nossa polícia sempre teve, porém, agora não tem mais vergonha de expor. Bolsonaro e seu ódio, tem aparelhado o Estado e suas instituições, dando cada vez mais destaque à opressão e agressividade policial. O grande problema é a instrumentalização cada vez mais ampla da violência. A população policial ou ligada a segurança pública precisa se enxergar como máquina de opressão do Estado.

Sempre que um agente público, ou grupo de policiais são pegos em atos infracionais/criminosos, o Estado que os manda, bater, matar, oprimir, assassinar, emite notas publica de repúdio as suas condutas e em diversos casos, os membros da corporação acabam sendo abandonado pelo governo que lhes deu a carta branca para a violência. O caso recente de São Paulo é uma boa alegoria, para mostrar que com as ferramentas certas, tanto a população quanto a polícia é protegida por técnicas bem aplicadas. Mesmo sob protestos, câmeras foram instaladas no fardamento dos policiais. Os dados mostram uma redução das mortes causadas por policiais, bem como a redução da morte de agentes de segurança pública, ou seja, as ações dentro do padrão legal, trazem segurança tanto para a população quanto para a polícia, mas apesar destes bons números a opressão policial no Estado de São Paulo está longe de ser eliminada.

Se a polícia quer ser respeitada na comunidade, ela precisa respeitar, a população, pobre e periférica, não pode ser normal em uma sociedade as pessoas temerem mais a polícia aos bandidos, pois o dever legal da autoridade pública não é criar estereótipos e os julgá-lo, seu dever e fazer a segurança pública, independente da condição social, do bairro em que estão atuando, mas o que vemos na verdade é a polícia passando por cima destas pessoas como se elas fossem monstros. Um famoso cantor de Reggae nordestino em uma de suas músicas descreve como a polícia age com a população negra dizendo o seguinte: “Quando a polícia cai em cima de mim, até parece que sou fera”, outro grupo lembra que “Azul e vermelho, piscando, pode ser sinal de perigo”. Essa é a polícia do Brasil hoje, que apesar da formação para a proteção, usa sua farda para a opressão. Então sim, a polícia no Brasil é um rolo compressor, esmagador de pessoas com características especificas, quem vivem em bairros específicos e que tem uma cor específica. “O SERVIR E PROTEGER”, não se aplica a todos.