I - Introdução
I - Introdução | ||
Saudações a todos. Vamos abordar o tema do surgimento do Moderno Estado de Israel. A princípio, nos limitaremos a tratar sobre os fatores que deram origem à Israel, sem abordarmos o surgimento do Estado em si. Posteriormente, poderemos avançar mais. | ||
II - O Contexto Histórico-Social | ||
Durante o século XIX, a Europa viu florescer um movimento político e cultural conhecido como nacionalismo. O nacionalismo não é um fenômeno surgido no século XIX, mas se acentuou neste período da história devido ao avanço da industrialização e das revoluções sociais na Europa e nos Estados Unidos, que acirraram as disputas entre os países pelo acesso a matérias-primas e mercados consumidores necessários ao seu crescimento econômico, acentuando antigas e criando novas rivalidades, num processo que terminou por causar a Primeira Guerra Mundial. | ||
Neste período, surgiu entre diversos povos europeus um renovado desejo de despontarem como os mais poderosos, os mais ricos e os mais avançados, levando à promoção de mitos a respeito de si mesmos, em especial o da supremacia racial, com cada grande grupo étnico europeu procurando se afirmar e se destacar frente aos demais. | ||
Ao lado da ideia de supremacia racial, fortaleceu-se também a ideia de purificação étnica da pátria, ou seja, a ideia de que o território de uma nação deveria ser habitado apenas pelos povos que a constituem, excluindo, ou ao menos segregando, os membros de outras etnias, ainda que residentes no país há gerações. | ||
Este movimento colocou em risco a existência de várias comunidades judaicas por toda a Europa, já que, por não serem originários de nenhum daqueles países, eram enxergados como estrangeiros por todos no continente, e passaram a enfrentar hostilidades e pressões, as quais por vezes descambavam para agressões verbais e mesmo físicas. | ||
Este fenômeno foi particularmente percebido na Alemanha e na Itália, nações que se unificaram apenas na segunda metade do século XIX, e cujas populações estavam especialmente preocupadas em se afirmarem no cenário geopolítico europeu, tanto contra inimigos externos quanto internos, ainda que tais inimigos tivessem de ser inventados ou que sua própria classificação como tais se devesse apenas à ideologia dominante. | ||
| ||
Nesse contexto, e animados pelas ideias políticas em circulação no período, muitos judeus passaram a defender a ideia de que havia chegado o momento de possuírem o próprio espaço soberano, onde também pudessem afirmar a si mesmos enquanto nação, e ao mesmo tempo onde pudessem se refugiar para ficarem a salvo das hostilidades sofridas na Europa, as quais se acirraram neste período e culminariam, décadas mais tarde, com a perseguição nazista. | ||
III - O Sionismo | ||
O movimento organizado que surgiu neste período ficou conhecido como "sionismo", e foi o principal responsável pela criação do atual Estado de Israel. Não é que o sionismo, o desejo disperso de retorno à "Sião", ao monte santo, não fosse uma tônica do pensamento judeu desde séculos antes, mas somente nesta época adquiriu feições políticas organizadas e claras, pelas mãos de um jornalista e escritor judeu habitante do Império Austro-Húngaro, de nome Theodor Herzl. | ||
Observando o cenário que se desenvolvia ao redor, e temeroso pelo futuro que poderia aguardar os judeus na Europa, Theodor aglutinou judaísmo e nacionalismo para defender a teoria de que os judeus deveriam, eles também, terem o direito a serem um povo “forte” e a terem o seu próprio Estado. Theodor chegou mesmo a escrever um livro, “O Estado Judeu”, onde expunha de maneira clara o seu plano e conclamava seu povo a se unir em torno deste ideal. Herzl escreveu um livro e fundou um movimento inteiro para discutir a criação de Estado Judeu moderno e baseado nos princípios de igualdade, liberdade e fraternidade popularizados na Europa a partir da Revolução Francesa e do Iluminismo. | ||
| ||
O problema foi que Theodor identificou como local mais adequado para o futuro Estado Judeu exatamente a terra da Palestina, que as escrituras sagradas dos judeus, no seu entender, garantiam ao povo judeu. Tal região fazia parte do Império Otomano, uma monarquia islâmica, e ainda por cima aquela região já era habitada por cerca de 500 mil palestinos, que certamente não concordariam com a ideia da existência de um Estado judeu nas terras em que suas famílias já habitavam há gerações. | ||
Mesmo assim, Theodor não desistiu. Buscou a ajuda de colaboradores para o financiamento da chamada “Organização Sionista Mundial", que em 1897 realizou seu primeiro congresso na cidade de Basileia, na Suíça. Posteriormente outras reuniões foram realizadas, mas desde o início a ideia do movimento era clara: reunir as condições políticas e materiais para a criação de um Estado Judeu na Palestina. | ||
Herzl dedicou os últimos anos de sua vida a buscar apoio para a causa sionista frente a diversos líderes mundiais, inclusive diante do Papa São Pio X, o que será melhor tratado em outro vídeo. Hertz não era o único defensor da ideia de um Estado Judeu na Palestina nessa época, mas certamente foi o que mais se destacou por essa causa. | ||
Assim, já no fim do século XIX, o movimento começou a adquirir terras na Palestina. Inicialmente as aquisições foram realizadas a um ritmo mais lento, entretanto, desde o início, havia uma regra a ser seguida: para assegurar a posse das terras a Israel, uma terra comprada de um não-judeu só poderia ser negociada, a partir daquele momento, entre os próprios judeus. | ||
Theodor morreu em 1904, deixando o movimento a cabo de seus sucessores, que continuaram pressionando os líderes mundiais em busca de apoio para a sua causa. Entretanto, foi somente em 1917 que o movimento sionista ganhou novo folego, durante a Primeira Guerra Mundial, por meio da chamada Declaração Balfour, por meio da qual a Inglaterra manifestava à comunidade judaica de seu pais a intenção de criar um Estado Judeu na Palestina caso aquele país conseguisse tomar a região do Império Otomano, que era seu inimigo no conflito. | ||
Entre 1915 e 1918, os britânicos e os otomanos travaram uma série de batalhas pelo controle da Palestina e da Síria. Jerusalém foi tomada pela Inglaterra em dezembro de 1917, a qual contou com a ajuda dos árabes da região, aos quais foi prometida independência no pós-guerra. Em 30 de Outubro de 1918, o Império Otomano se rendeu aos Aliados, e foi posteriormente dissolvido. Seus antigos territórios foram repartidos entre as potências vencedoras, inclusive a Palestina. | ||
IV - Do Mandato Britânico ao Fim da II Guerra Mundial | ||
Foi criado então o chamado Mandato Britânico para a Palestina, uma entidade burocrática do Império Britânico cuja responsabilidade seria a de governar aquela região temporariamente, enquanto se decidia o destino definitivo daquelas terras. | ||
| ||
A partir daquele momento, o movimento sionista ingressa em sua fase decisiva, com a imigração em massa de judeus para a Palestina ocorrendo entre as décadas de 20 e 40 do século XX. | ||
Tal imigração foi motivada não somente pela promessa britânica, mas também pelo crescente temor dos judeus ante o crescente antissemitismo que tomou conta principalmente da Europa Central nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial. Durante aquela guerra, os nazistas, aproveitando-se do seu domínio sob grande parte do continente, aprisionaram e obrigaram milhões de judeus a trabalhos forçados em campos de concentração, dos quais normalmente não se saía mais com vida. | ||
Milhões de judeus foram mortos no chamado Holocausto, que só não vitimou mais judeus, mas também membros de outros povos, como ciganos e até clérigos e religiosos católicos contrários ao nazismo, por conta da vitória final dos Aliados naquele conflito. | ||
A publicidade dada aos horrores dos campos de concentração causou grande comoção em todo o mundo, levando a que a recém-fundada ONU estabelecesse, entre as suas prioridades, a Criação, no curso prazo, de um Estado Judeu na Palestina. Mas isto não quer dizer que tenha sido um processo pacífico, nem que a decisão, bem como a forma como foi concretizada não tenha sido alvo de críticas que persistem até hoje. Para mais informações sobre o tema, recomendo o vídeo que publiquei a respeito no Youtube: | ||
Eu sou Carlos Alencar. Louvado seja o coração de Jesus: para sempre no coração de Maria. |