Papa Francisco consagra Rússia e Ucrânia: e agora?
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Papa Francisco consagra Rússia e Ucrânia: e agora?

Em 25 de Março de 2022, o Papa Francisco realizou, em união com os demais bispos católicos do mundo inteiro, a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. A cerimônia ocorreu na Basílica de São Pedro e foi, sem dúvida, um dos acontec...

Carlos Alencar
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Observação prévia: o contéudo que segue supõe que você tenha conhecimento sobre as aparições de Nossa Senhora de Fátima e sobre os segredos contados por Maria à Irmã Lúcia. Se você conhece nada ou pouco sobre este assunto, tirará pouco proveito e será melhor que volte aqui somente depois de estudar sobre o tema. Sigamos...

Em 25 de Março de 2022, o Papa Francisco realizou, em união com os demais bispos católicos do mundo inteiro, a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. A cerimônia ocorreu na Basílica de São Pedro e foi, sem dúvida, um dos acontecimentos mais relevantes da história do catolicismo recente, gerando intensos debates dentro da Igreja e até fora dela, com veículos de informação secular fazendo a cobertura do evento.

Esta consagração é realizada em um momento de gravíssima crise mundial. Como é sabido, em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, dando origem ao maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, um conflito que colocou a Rússia não apenas em guerra com aquele país do leste europeu, mas deteriorou a sua relação com quase todos os países da Europa e também com os Estados Unidos, a ponto de muito se ter falado, ao longo do último mês, até mesmo em risco real da ocorrência de uma nova guerra de consequências globais.

Por isto mesmo, o Papa Francisco convocou, em caráter de urgência, todos os Bispos do mundo participarem de uma consagração solene do mundo, e especialmente da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria. Mas o que exatamente podemos esperar desta Consagração realizada pelo Papa Francisco? Que consequências práticas ela terá?

Muito se tem dito a este respeito, inclusive não faltaram aqueles que disseram que a Consagração de nada adiantou, porque Nossa Senhora teria pedido a consagração da Rússia, e não a consagração da Rússia e da Ucrânia, ou porque os bispos não estiveram presentes fisicamente, ou porque não deram suficiente importância ao pedido do Papa, entre outros argumentos.

Mas o que é preciso deixar claro desde o início é que, independente de esta ter sido, ou não, a consagração pedida por Nossa Senhora, nenhum ato de consagração realizado pelo Papa pode ser infrutífero. Ainda que se afirme que a consagração do Papa Francisco, ou as consagrações realizadas por seus antecessores, não foram exatamente do jeito que Nossa Senhora pediu, é inegável que, olhando para a história, o céu nunca deixou de responder positivamente a estas consagrações.

Olhando para a história, podemos enumerar, juntamente com esta consagração realizada agora pelo Papa Francisco, outras duas consagrações principais: uma realizada por Pio 12 em dois atos, em 1942, e uma realizada por São João Paulo segundo, em 1984. E logo após as duas consagrações temos inegavelmente, a ocorrência histórica de elementos decisivos para que o mundo caminhe na direção da paz. Vejamos mais detalhadamente.

Inicialmente, Pio 12 realizou a consagração, não da Rússia expressamente, mas do mundo, ao Imaculado Coração de Maria, em 31 de outubro de 1942 e renovou-a em 8 de dezembro do mesmo ano. E quando analisamos os meses entre estas consagrações e os meses que se seguiram após, vemos que aquele foi exatamente o período em que a guerra virou a favor dos Aliados, ou seja, dos países que estavam combatendo a Alemanha Nazista e seus parceiros no conflito.

Da mesma forma, em 25 de março de 1984 São João Paulo segundo realizou outra consagração do mundo inteiro ao Coração de Maria. Para muitos, esta foi uma consagração válida, e para muitos, não foi. Porém, o fato é que, em 13 de maio, menos de 2 meses depois da consagração realizada por São João Paulo segundo, e no mesmo dia em que a Igreja comemora as aparições de Nossa Senhora de Fátima, ocorreu um grave acidente em uma base Naval da União Soviética que, na prática, impediu o que poderia ter sido o início da terceira Guerra Mundial. Vale a pena explicar.

Este evento é conhecido como “O Desastre de Severomorsk”, porque ocorreu na Base Naval de Severomorsk, local onde ficavam sediados muitos navios da União Soviética, e onde eram armazenados muitas das munições desses mesmos navios. No dia 13 de Maio, um incêndio começou no depósito de munições da base e se estendeu até o dia 17 daquele mesmo mês, gerando diversas explosões de grande parte.

Ao longo dos 5 dias de incêndios e explosões, entre duzentas e trezentas pessoas morreram tentando controlas as chamas, e cerca de dois terços das munições navais que estavam armazenadas na base foram destruídas, gerando a perda de grande parte da capacidade ofensiva da Marinha soviética naquele momento, o que foi, segundo algumas fontes, decisivo para evitar uma possível Terceira Guerra Mundial, pois supostamente a União Soviética estaria, naquele momento, estudando um possível ataque contra a Europa Ocidental.

Portanto, analisando a História das Consagrações realizadas por Pio Doze e por São João Paulo segundo, é inegável que, coincidentemente ou não, estes atos sempre foram acompanhados de relevantes acontecimentos que contribuíram para o fim ou para a não ocorrência de guerras mundiais, de modo que, a se manter este padrão, podemos esperar, sim, para os próximos meses, que ocorrerá um ou mais eventos decisivos para a obtenção da paz.

E não somente isso, porque pela primeira vez um Papa citou, de maneira expressa, dentro de um ato de consagração solene e em união com os bispos do mundo inteiro, a Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Assim consta no texto que foi lido pelo Papa:

“Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo”...

 Mesmo que alguém possa ainda realizar alguma crítica, inegavelmente foi a consagração que pelo menos chegou mais perto de cumprir integralmente o que foi pedido por Nossa Senhora. Portanto, certamente é aquela da qual podemos esperar os maiores frutos, não somente para a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia, mas também, segundo muitos, a conversão da própria Rússia, ou seja, o seu retorno para a fé católica.

Naturalmente, seria ingênuo esperar que as coisas acontecessem de maneira instantânea. A graça não é mágica, mas nem por isso é menos eficaz. Certamente, após a consagração, Deus já colocou em ação o seu plano. Agora, o que podemos fazer é continuar rezando e esperar, sempre atentos aos sinais dos tempos. Louvado seja o coração de Jesus, para sempre no coração de Maria.