Ele voltou!
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Ele voltou!

Voltei!

Vinícius Borges
7 min
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Voltei!

Voltei com o periódico e com três aprendizados que abrirão seus olhos para um assunto delicado e encoberto.

— Mas voltou de onde, Vini? Onde você estava?

Bem… eu estava em um ringue, sendo esbofeteado por um oponente cem vezes mais forte que eu, em uma luta sem regras e tempo para acabar.

                                            Eu estava lutando contra a ansiedade

— Você ansioso? Parece tão controlado nos stories…

Eu imagino, meu querido leitor… imagino que algumas perguntas estejam começando a surgir na sua cabeça… que você esteja, de alguma forma, tentando entender como isso aconteceu e também, o que eu tirei de aprendizado com essa situação.

Antes de avançar para o que aprendi, preciso dividir o que eu vivi. Um arco precisa ser feito para que você entenda porque eu levo esses e-mails tão a sério. Porque eu envio eles a você.

Quando eu tinha 20 ou 21 anos, uma série de acontecimentos desencadearam minha primeira crise de ansiedade.

Na época, não sabia em detalhes do que se tratava, só sabia que, por alguns minutos, meus pensamentos eram inundados por sucessivas ondas de terror, meu coração batia freneticamente, minhas mãos congelavam e uma inquietação tomava conta do meu corpo inteiro.

Pedi ajuda e fui socorrido. Oração, medicação e terapia formavam a corda que me arrancara do fundo do poço. Minha família e meus amigos, foram os responsáveis por puxá-la até que eu saísse completamente.

Depois de um ano de ordem e calmaria, retirei o medicamento, abandonei a terapia e vivi uma “vida normal”...

…Até o mês passado.

Agora eu preciso muito da sua atenção. É aqui que eu começo, aos poucos, a parar de falar de mim, e falo de você. Fique comigo até o final.

Eu não sei o quanto você me acompanha no instagram, mas algumas semanas atrás eu postei algo nos stories falando que estava me cansando muito rapidamente nos treinos.

Disse inclusive, que a respiração acelerada, poderia ser a falta de exercícios aeróbicos.

Sabe o que é curioso? Não era nada disso. Eram indícios de que meu maior fantasma, estava se aproximando.

A falta de ar era só um sinal. Só um alerta de um ano carregado de responsabilidades; de um ano onde abri mão da saúde para construir e aperfeiçoar uma empresa em pouquíssimo tempo.

                           O preço era caro e estava na hora de pagar a conta.

Uma semana. Duas crises.

Não vou detalhá-las para você. Conheço o poder das palavras e não quero, de forma alguma, lhe aproximar do que eu tive. Que fique no seu imaginário o que eu vivi. O fardo é meu, não seu.

Nesse tempo, decidi retornar à psicóloga e ficar uma semana de “repouso”, em um ritmo bem mais tranquilo de trabalho.

Uma semana dormindo antes da meia noite, acordando junto com o sol e a voz da Ana Maria Braga — na televisão, calma...

Sete dias que me distanciaram das crises e me trouxeram ao meu estado normal novamente.

E foi nesse período que aprendi algumas coisas. A primeira delas é o alicerce que te levará para a segunda.

1)Ser produtivo é diferente de ser ocupado.

Mover-se com máxima intensidade não significa que você está sendo inteligente. Muitas vezes, é um sinal de que você está empregando um esforço que, talvez, possa ser melhor aproveitado.

Nessa jornada, colecionei noites mal dormidas que poderiam ser resolvidas se, em um simples dia, eu resolvesse regular meu sono.

Tudo seria mais fácil se, em um simples dia, eu começasse minhas atividades antes para poder descansar à noite — e dormir tranquilo, sem uma enxurrada de ideias que costumavam bagunçar meus pensamentos e distrair meu sono.

Essas foram as primeiras mudanças que fiz na minha rotina:

·         Acordar mais cedo;

·         Começar o dia pelas tarefas mais difíceis;

·         Desligar-me do trabalho horas antes de dormir.

Agora sim, podemos avançar para o segundo aprendizado:

2) Descansar é preciso, mas não abuse.

Como aqui não tem filtros, posso ser franco com você: Eu não teria faturado mais de 100 mil reais no primeiro ano da escola, se estivesse maratonando séries na netflix ou jogando videogame todos dias da semana.

Você precisa ter muito autoconhecimento para não tropeçar na linha tênue que separa a necessidade da preguiça.

Conheço dezenas de pessoas que abraçam constantemente a ideia de “ir devagar” e, em algum momento da vida, se acostumam com esse ritmo… o coração que se incendiava para novas ideias e crescimento, fica morno e preguiçoso.

Isso gera casais “confortáveis” na relação, filhos que não conversam mais com os pais porque estão ocupados deslizando seus dedos sujos de maionese na tela do celular, e homens e mulheres que, em busca do prazer e conforto, traem a própria família porque antes, já traíram a si mesmos, desistindo de tudo que exige esforço e manutenção.

A preguiça gera a destruição. Começa pelo próprio indivíduo e termina nas relações. Nada de extraordinário acontece quando você vira um mesquinha economizador da própria energia.

Preste atenção nisso aqui:

Temos 7h de sono por dia. Um cálculo do IBGE estima que até os 72 anos, acumularemos 23 anos, 9 meses e 7 dias na cama.

Acredite, se você dormir bem, já terá um ótimo descanso. Basta adicionar algumas horas de lazer ao seu dia e encontrar seu ponto de equilíbrio.

Descanse. Dê pausas. Fuja um pouco do trabalho. Mas saiba voltar. Você precisa voltar.

E o terceiro aprendizado é, talvez, o mais importante…

3) Assuma seu fardo.

·         Aonde você quer chegar?

·         Em quanto tempo você quer chegar?

·         Você está disposto a pagar o preço?

Vai lá... um minutinho para você responder.

[...]

Eu considero essas três perguntas essenciais para a vida de qualquer pessoa. Elas servem como âncora no dia mau.

Lembro de estar deitado no sofá em posição fetal, ao final da segunda crise e a única coisa que eu pensava era:

“Vai passar.”

Eu sabia que iria passar, e vou além, eu sabia que era a conta chegando… noites mal dormidas, 13 horas de trabalho em alguns dias, um empilhamento de responsabilidades, mudança de casa… não adianta fugir, uma hora a conta chega.

Mas e aí? O que eu vou falar? Que me arrependo? Que faria diferente?

Posso ser sincero? Eu não me arrependo porque foram essas escolhas que me fizeram pagar uma das melhores psicólogas da cidade sem olhar o preço.

Foram essas escolhas que me permitiram ver uma luz e não depender somente da boa vontade das pessoas que me amam.

Está certo? Não sei. O que é certo para você? Para mim, é assumir as responsabilidades e o peso das próprias escolhas.

Por isso eu lhe digo: tenha clareza de onde você quer chegar. Cole seu objetivo na parede, no papel de parede do celular, notebook… sei lá! Torne as coisas palpáveis!

Na minha frente, tem um post-it verde colado na parede. Nele está escrito: “Meu primeiro milhão”.

Eu caminho pra isso, constantemente pra isso.

Nesse ano precisei de uma intensidade maior e paguei o preço. No próximo, já conseguirei terceirizar muitas tarefas que me consumiam. Talvez o fardo fique mais leve, talvez fique mais pesado…

Entende como não temos todas as respostas? Você entende que essa é uma carta real e eu só estou tentando trazer reflexões para você?

Eu não trago as respostas, eu as provoco. Elas estão aí.

O que eu espero, de verdade, é que ao final desse texto você perceba que cada um terá suas respostas.

Alguns estão dispostos a sacrificar alguns anos de lazer para ter uma maior segurança e conforto no futuro; outros buscarão o equilíbrio com a consciência das limitações que o mesmo traz.

Espero que você encontre uma boa forma de seguir essa jornada.

As respostas estão aí.

Um forte abraço,

Vinícius Borges.