Voltei!
Voltei! |
Voltei com o periódico e com três aprendizados que abrirão seus olhos para um assunto delicado e encoberto. |
— Mas voltou de onde, Vini? Onde você estava? |
Bem… eu estava em um ringue, sendo esbofeteado por um oponente cem vezes mais forte que eu, em uma luta sem regras e tempo para acabar. |
Eu estava lutando contra a ansiedade |
— Você ansioso? Parece tão controlado nos stories… |
Eu imagino, meu querido leitor… imagino que algumas perguntas estejam começando a surgir na sua cabeça… que você esteja, de alguma forma, tentando entender como isso aconteceu e também, o que eu tirei de aprendizado com essa situação. |
Antes de avançar para o que aprendi, preciso dividir o que eu vivi. Um arco precisa ser feito para que você entenda porque eu levo esses e-mails tão a sério. Porque eu envio eles a você. |
Quando eu tinha 20 ou 21 anos, uma série de acontecimentos desencadearam minha primeira crise de ansiedade. |
Na época, não sabia em detalhes do que se tratava, só sabia que, por alguns minutos, meus pensamentos eram inundados por sucessivas ondas de terror, meu coração batia freneticamente, minhas mãos congelavam e uma inquietação tomava conta do meu corpo inteiro. |
Pedi ajuda e fui socorrido. Oração, medicação e terapia formavam a corda que me arrancara do fundo do poço. Minha família e meus amigos, foram os responsáveis por puxá-la até que eu saísse completamente. |
Depois de um ano de ordem e calmaria, retirei o medicamento, abandonei a terapia e vivi uma “vida normal”... |
…Até o mês passado. |
Agora eu preciso muito da sua atenção. É aqui que eu começo, aos poucos, a parar de falar de mim, e falo de você. Fique comigo até o final. |
Eu não sei o quanto você me acompanha no instagram, mas algumas semanas atrás eu postei algo nos stories falando que estava me cansando muito rapidamente nos treinos. |
Disse inclusive, que a respiração acelerada, poderia ser a falta de exercícios aeróbicos. |
Sabe o que é curioso? Não era nada disso. Eram indícios de que meu maior fantasma, estava se aproximando. |
A falta de ar era só um sinal. Só um alerta de um ano carregado de responsabilidades; de um ano onde abri mão da saúde para construir e aperfeiçoar uma empresa em pouquíssimo tempo. |
O preço era caro e estava na hora de pagar a conta. |
Uma semana. Duas crises. |
Não vou detalhá-las para você. Conheço o poder das palavras e não quero, de forma alguma, lhe aproximar do que eu tive. Que fique no seu imaginário o que eu vivi. O fardo é meu, não seu. |
Nesse tempo, decidi retornar à psicóloga e ficar uma semana de “repouso”, em um ritmo bem mais tranquilo de trabalho. |
Uma semana dormindo antes da meia noite, acordando junto com o sol e a voz da Ana Maria Braga — na televisão, calma... |
Sete dias que me distanciaram das crises e me trouxeram ao meu estado normal novamente. |
E foi nesse período que aprendi algumas coisas. A primeira delas é o alicerce que te levará para a segunda. |
1)Ser produtivo é diferente de ser ocupado. |
Mover-se com máxima intensidade não significa que você está sendo inteligente. Muitas vezes, é um sinal de que você está empregando um esforço que, talvez, possa ser melhor aproveitado. |
Nessa jornada, colecionei noites mal dormidas que poderiam ser resolvidas se, em um simples dia, eu resolvesse regular meu sono. |
Tudo seria mais fácil se, em um simples dia, eu começasse minhas atividades antes para poder descansar à noite — e dormir tranquilo, sem uma enxurrada de ideias que costumavam bagunçar meus pensamentos e distrair meu sono. |
Essas foram as primeiras mudanças que fiz na minha rotina: |
· Acordar mais cedo; |
· Começar o dia pelas tarefas mais difíceis; |
· Desligar-me do trabalho horas antes de dormir. |
Agora sim, podemos avançar para o segundo aprendizado: |
2) Descansar é preciso, mas não abuse. |
Como aqui não tem filtros, posso ser franco com você: Eu não teria faturado mais de 100 mil reais no primeiro ano da escola, se estivesse maratonando séries na netflix ou jogando videogame todos dias da semana. |
Você precisa ter muito autoconhecimento para não tropeçar na linha tênue que separa a necessidade da preguiça. |
Conheço dezenas de pessoas que abraçam constantemente a ideia de “ir devagar” e, em algum momento da vida, se acostumam com esse ritmo… o coração que se incendiava para novas ideias e crescimento, fica morno e preguiçoso. |
Isso gera casais “confortáveis” na relação, filhos que não conversam mais com os pais porque estão ocupados deslizando seus dedos sujos de maionese na tela do celular, e homens e mulheres que, em busca do prazer e conforto, traem a própria família porque antes, já traíram a si mesmos, desistindo de tudo que exige esforço e manutenção. |
A preguiça gera a destruição. Começa pelo próprio indivíduo e termina nas relações. Nada de extraordinário acontece quando você vira um mesquinha economizador da própria energia. |
Preste atenção nisso aqui: |
Temos 7h de sono por dia. Um cálculo do IBGE estima que até os 72 anos, acumularemos 23 anos, 9 meses e 7 dias na cama. |
Acredite, se você dormir bem, já terá um ótimo descanso. Basta adicionar algumas horas de lazer ao seu dia e encontrar seu ponto de equilíbrio. |
Descanse. Dê pausas. Fuja um pouco do trabalho. Mas saiba voltar. Você precisa voltar. |
E o terceiro aprendizado é, talvez, o mais importante… |
3) Assuma seu fardo. |
· Aonde você quer chegar? |
· Em quanto tempo você quer chegar? |
· Você está disposto a pagar o preço? |
Vai lá... um minutinho para você responder. |
[...] |
Eu considero essas três perguntas essenciais para a vida de qualquer pessoa. Elas servem como âncora no dia mau. |
Lembro de estar deitado no sofá em posição fetal, ao final da segunda crise e a única coisa que eu pensava era: |
“Vai passar.” |
Eu sabia que iria passar, e vou além, eu sabia que era a conta chegando… noites mal dormidas, 13 horas de trabalho em alguns dias, um empilhamento de responsabilidades, mudança de casa… não adianta fugir, uma hora a conta chega. |
Mas e aí? O que eu vou falar? Que me arrependo? Que faria diferente? |
Posso ser sincero? Eu não me arrependo porque foram essas escolhas que me fizeram pagar uma das melhores psicólogas da cidade sem olhar o preço. |
Foram essas escolhas que me permitiram ver uma luz e não depender somente da boa vontade das pessoas que me amam. |
Está certo? Não sei. O que é certo para você? Para mim, é assumir as responsabilidades e o peso das próprias escolhas. |
Por isso eu lhe digo: tenha clareza de onde você quer chegar. Cole seu objetivo na parede, no papel de parede do celular, notebook… sei lá! Torne as coisas palpáveis! |
Na minha frente, tem um post-it verde colado na parede. Nele está escrito: “Meu primeiro milhão”. |
Eu caminho pra isso, constantemente pra isso. |
Nesse ano precisei de uma intensidade maior e paguei o preço. No próximo, já conseguirei terceirizar muitas tarefas que me consumiam. Talvez o fardo fique mais leve, talvez fique mais pesado… |
Entende como não temos todas as respostas? Você entende que essa é uma carta real e eu só estou tentando trazer reflexões para você? |
Eu não trago as respostas, eu as provoco. Elas estão aí. |
O que eu espero, de verdade, é que ao final desse texto você perceba que cada um terá suas respostas. |
Alguns estão dispostos a sacrificar alguns anos de lazer para ter uma maior segurança e conforto no futuro; outros buscarão o equilíbrio com a consciência das limitações que o mesmo traz. |
Espero que você encontre uma boa forma de seguir essa jornada. |
As respostas estão aí. |
Um forte abraço, |
Vinícius Borges. |